sábado, 30 de janeiro de 2010

798 - Catástrofes na navegação caiense


O vapor Lageado, visto aqui no cais de Montenegro, foi um dos barcos usados regularmente nas linhas que ligavam os portos do Caí e Montenegro ao de Porto Alegre (clique sobre a foto para ver melhor).

Na época de ouro da navegação no rio Caí, aconteceram várias afundamentos de vapores. E os mais graves foram os acidentes em que ocorreu a explosão da caldeira da embarcação. O caso mais famoso é o do vapor Horizonte, ocorrido em 1923 (ver postagem 794).
Outro acidente de grandes proporções aconteceu em 9 de fevereiro de 1890, quando explodiu a caldeira do vapor Maratá, que pertencia a Carlos Guilherme Schilling. A embarcação foi completamente destruída.

797 - A época de ouro da navegação

Foto: Museu Histórico Vale do Cahy
A maior parte da produção do Vale do Caí e da região serrana era escoada pelo porto caiense

Com a conclusão das obras da Barragem Rio Branco, em 1906, o movimento no porto de São Sebastião do Caí (e na cidade toda) tornou-se intenso.
Alceu Masson descreve assim este momento no qual o Caí figurava como uma das mais importantes cidades do estado.
"... o movimento comercial da cidade tomou extraordinário incremento.
Entravam na sede e saíam, centenas de carretas por dia. Já então eram carretas puxadas a mulas, e bem maiores que a primeira, que viera de Caxias arrastada por três juntas de bois ferrados, e fleumaticamente conduzida pelo inaugurador do primitivo sistema rodoviário deste município.
Detinham-se as carretas em extensa fila nas proximidades do porto, ocupando às vezes mais de uma quadra da rua onde estavam localizados os armazéns. Toda vez que a carreta da frente se descarregava, movia-se a longa série de veículos, e parava em seguida, para que se descarregasse a carreta imediata. E assim continuava o serviço metódico de descarga até o anoitecer.
São Sebastião do Caí tornou-se então uma localidade cheia de vida.
Quatro vapores movidos a roda, rebocando lanchas e lanchões, faziam regularmente o transporte de carga e passageiros para a capital do estado, e de Porto Alegre para a sede do município, tocando nos outros portos que ficavam pelo caminho."
O cais do porto de São Sebastião do Caí foi construído em 1888 e aumentado mais tarde, durante a gestão do prefeito Alberto Barbosa (de 1920 a 1924). A progressiva melhoria nas condições das estradas que ligavam o Caí a Caxias do Sul, Feliz, Nova Petrópolis e Hortêncio também contribuiram muito para o desenvolvimento do comércio no Caí. A produção de toda esta vasta região era canalizada para o porto, assim como a de localidades como Harmonia e Tupandi.
Foi muito importante, também, a construção da ponte metálica sobre o rio Caí, junto à atual cidade de Feliz, que ocorreu em 1900.
Alceu Masson informa que "A construção da ponte foi iniciada em 1899. Encarregaram-se da obra os concessionários Agnelo Correia, João Correia e a firma Correia & Cia. que, para o financiamento da contrução, organizaram uma sociedade por ações.
Cobrou-se pedágio até o ano de 1925. As carretas grandes pagavam 2 mil réis, os passageiros a cavalo 400 réis, os pedrestes 100 réis.

796 - 1906 foi o grande ano da navegação






Foi somente no ano de 1906 que as obras da barragem Rio Branco e demais melhoramentos feitos no rio Caí ficaram prontos. Antes disto, os vapores (que eram barcos grandes) só chegavam ao porto de São Sebastião do Caí quando o rio estava cheio. Contava-se antigamente que numa ocasião de grande enchente um vapor que fazia a linha Caí-Porto Alegre conseguiu navegar até a localidade de Feliz. Se isto aconteceu, comenta Alceu Masson, foi uma única vez.
Antes de 1906, em períodos de pouca água, os vapores não deixavam de fazer a linha ligando o Caí à capital. Mas o ponto final da linha era no porto Maratá, situado próximo à foz do arroio de mesmo nome. Este local fica no atual município de Pareci Novo. A alguns quilômetros, rio a baixo, da sede do município.
Nestas ocasiões, no percurso entre o Porto Maratá e o Caí, os passageiros eram conduzidos em pequenas lanchas que também eram movidas a vapor.
Com a conclusão da barragem, o porto de São Sebastião do Caí viveu o seu auge. Mas este período áureo durou pouco tempo, pois cinco anos depois, em 1911, foi concluída a ligação ferroviária entre Porto Alegre e Caxias do Sul (passando por Montenegro). Iniciou-se, então, a fase de decadência da navegação no rio Caí.


795 - A Barragem Rio Branco

Foto recuperada por Vagner Bueno Nunes, no Gogle Earth

A Barragem Rio Branco foi a primeira construída na América do Sul com uma eclusa para permitir a navegação

A eclusa da barragem Rio Branco, primeiro mecanismo deste tipo construído no Brasil e, provavelmente, na América do Sul, tinham as seguintes medidas: 43 metros de comprimento de porta a porta, 8,6 metros de largura e 2,6 metros de altura na entrada.
Construída a alguns quilômetros, rio abaixo, da atual cidade de Pareci Novo, a obra foi complementada com mais algumas providências que vieram a possibilitar a navegação constante, mesmo em épocas de estiagem, até o porto de São Sebastião do Caí. Nestas épocas, até então, a navegação só era possível até o porto Maratá, junto à foz do arroio de mesmo nome.
As obras que permitiram a navegação até o porto de São Sebastião do Caí não se limitaram à construção da represa com eclusa. Elas foram realizadas em diversos pontos do rio, numa extensão de 18 quilômetros.
Conforme informa Alceu Masson, na sua monografia Caí, "As obras da barragem foram assentadas num trecho de 18 quilômetros, mais ou menos, entre São Sebastião do Caí e Montenegro, e consistem em espigões transversais oblíquos, barragens submersas, diques e uma barragem fixa com eclusa."
"Para a construção da barragem, o dr Costa Gama fundou a Companhia Melhoramentos do Caí". Em 1889 a assembléia provincial deu a concessão necessária para que se começassem os trabalhos, que no entanto só foram iniciados em 1895. Motivou este atraso a transformação política por que passou o o país com a proclamação da república. Terminaram as obras em 1906."
Outra obra importante no rio Caí, foi realizada pelo engenheiro José da Costa Gama "entre o porto de São Sebastião do Caí e a barra do Cadeia, pouco abaixo do lugar denominado Tira-Saco. Desviou ele o curso do rio, além de cortar uma volta de ângulo muito fechado, que tornava perigosíssima a passagem de embarcações por aquele trecho. Deu o doutor Costa Gama ao canal de desvio o nome de Carrapicho. Os embarcadiços, porém, costumam designá-lo com o nome do construtor."
Atualmente, o local é conhecido como Rego do Gama.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

794 - Sobre o vapor Horizonte

No seu livro Pareci Novo, o padre Bruno Metzen dedicou um capítulo à navegação fluvial. Ele conta que, antigamente navegavam vapores pelo rio Caí e que estes eram embarcações com uma repartição reservada para passageiros. Eles levavam, também, muita carga. Mas esta era levada em chatas, que eram rebocadas pelos vapores. Um destes barcos chamava-se Horizonte.
"Em 1922, a Companhia Navegação Fluvial, de propriedade de Jacó Michaelsen, foi vendida a Carlos Emílio Kayser e Pedro Erig. Pertenciam ao patrimônio da companhia os vapores Caxias, Oto e Horizonte. O Horizonte era o maior e o mais luxuoso. Transportavam passageiros e a produção colonial a Porto Alegre. Partiam do cais de São Sebastião do Caí às 18:30 horas. Viajavam a noite toda para chegar a Porto Alegre de manhã.
No dia 6 de junho, o Horizonte partiu de São Sebastião do Caí com grande carga e regular número de passageiros. Até Montenegro, tudo correu normalmente. Depois da partida de Montenegro, passados uns quinze minutos, pelas três horas da madrugada, explodiu violentamente a caldeira do vapor. A embarcação submergiu logo, ficando apenas a ponta do mastro à flor da água. Houve vítimas fatais, cerca de 11 pessoas. Entre os passageiros desaparecidos estava o senhor Luís Carlos Weber, negociante em Pareci, e um menino de 10 anos, Mário, filho de Cristina Kinzel.
Qual teria sido a causa da explosão? Por descuido, faltou água na caldeira. O Horizonte era o mais antigo dos vapores. Fora construído em Charqueadas, São Jerônimo. Media 27,35 metros de comprimento, 4,15 de boca e 1,40 de proa. A máquina tinha a potência de 24 cavalos. O vapor transportava cerca de 500 sacos de farinha de mandioca, 150 sacos de amendoim. Trazia as 'chatas' Capivara e Alphe, ambas carregadas com 1.000 fardos de alfafa em prensada. Os donos foram obrigados a indenizar as vítimas. Quase faliram."

793 - Floricultura no Pareci Novo

Muitas dezenas de floriculturas já estão instaladas junto à rodovia que liga Montenegro ao Caí

Conforme narra o padre Bruno Metzen, a vocação de Pareci Novo para o cultivo de flores surgiu do velho hábito dos colonos alemães, que plantavam muitas flores em torno de sua casa. De fato, muitas donas de casa - na zona colonial alemã - cultivam verdadeiros jardins botânicos em torno da casa, pelo puro prazer de enfeitar o lar da sua família.
Mas a vocação se fortaleceu quando, em 1924 Antônio José Campani, que era caixeiro viajante, importava sementes da Alemanha e as vendia pelo estado. Na década de 1940, os pioneiros Gabriel Stein e Fridolino Selbach iniciaram, em pequena escala, a produção de camélias, azaléias e outras flores. Por volta de 1957, o irmão Teobaldo Braun, do seminário jesuíta de Pareci Novo, cultivava orquídeas raras e as trocava com outros orquidófilos. Com o tempo, passou a vender as orquídeas e passou a produzir outras espécies. Alguns irmãos da ordem, que trabalharam com o padre Teobaldo nesta atividade, deixaram a ordem e se estabeleceram como floricultores no Pareci Novo. Com a emancipação, o estímulo da administração municipal fomentou o surgimento de mais floriculturas e no seu aprimoramento. O asfaltamento da RS-124 tende a formar um polo comercial de flores nas suas margens. Já se planeja a criação, ali, de um roteiro turístico que poderá se chamar Rota das Flores.

792 - Onze irmãos Colling

O pai, treinador, e seus onze filhos homens formaram um ótimo time de futebol

Clique sobre a foto para ampliar e, depois, clique mais uma vez para ampliar ainda mais

Júlio José Colling, que era irmão do arcebispo Dom Cláudio Colling, foi proprietário de uma ferraria na localidade de Várzea do Pareci, no Pareci Novo.
Casado com Regina Otília Marx, ele foi pai de 17 filhos, dos quais onze eram homens. A diferença de idade entre o filho mais velho e o mais novo era de quase 30 anos. Como era comum naquela época, boa parte dos rapazes deixaram a sua terra natal buscando melhores oportunidades na vida.
Em ocasiões especiais, eles voltavam ao Pareci para visitar os pais e, por iniciativa do pai, formaram um time de futebol do qual seu Júlio era o treinador. O time ficou conhecido como 11 Irmãos Colling.
Na foto acima, estão de pé o treinador Júlio e os atletas Egídio, Donato, Canísio, Círio, Edgar e Roque. Agachados: Atanásio, Ignácio, Anselmo, Lauro e Affonso.

O time ficou famoso, merecendo reportagens em jornais e revistas do pais e até do exterior.
O pai do time, Júlio José Colling foi um líder comunitário que, já pela década de 1940 defendia o asfaltamento da estrada entre Montenegro e o Caí (sonho que só veio a concretizar-se em 2010.
Curiosamente, no dia do seu falecimento, 23 de agosto de 1960, Júlio José Colling teve a honra do comparecimento do vice-presidente da república João Golular ao seu velório. Jango que era, então, vice-presidente no governo de Jucelino Kubichek, passava pela estrada de Montenegro ao Caí, em campanha pela sua reeleição, e parou para reverenciar o líder local.
Roque Colling, um dos 11 irmãos, teve importante participação na campanha pelo asfaltamento da estrada. Trabalhou para isso por mais de uma década e viu o seu sonho (e do seu pai) realizado no ano de 2010.
Rafael Colling, filho de Roque, chegou a jogar no time da família. Foi ótimo jogador. Formado em jornalismo, ele trabalha na Rádio Gaúcha, sendo apresentador do Correspondente Ipiranga.

791 - Padre Bruno Metzen, SJ

Nascido no Pareci Velho, em 15 de setembro de 1916, o padre Bruno Metzen ingressou na Companhia de Jesus (a ordem religiosa dos padres jesuítas) em 28 de fevereiro de 1937. Os jesuítas estudam muito até se tornarem sacerdotes. E assim foi com ele, que foi ordenado padre em 7 de dezembro de 1950, com 34 anos. Foi pároco em São Leopoldo, Maringá e em Curitiba. Foi empossado vigário de Pareci Novo em 16 de dezembro de 1985.
Logo ao chegar, encabeçou um movimento pela construção de uma ponte ligando os dois parecis: o Pareci Novo, que era então um distrito de Montenegro; e o Pareci Velho, localidade pertencente ao município do Caí (como ainda é hoje).
Ele escreveu o livro Pareci Novo - Canteiro de plantas, frutas e flores, editado em 1997.




terça-feira, 26 de janeiro de 2010

790 - As gasolinas eram movidas a querosene

Depois dos vapores, foram as gasolinas que dominaram as águas do rio Caí: 
a da foto pertencia a Amando Dietrich


O padre Bruno Metzen, no seu livro Pareci Novo, nos dá uma informação importante sobre a navegação no rio Caí. A de que os barcos conhecidos como gasolinas, apesar do nome, tinham motor movido a querosene. Eram embarcações menores do que os vapores e representaram um grande avanço na navegação no rio Caí.A razão do nome gasolina foi o fato de que na época do seu surgimento surgiu o combustível chamado gasolina. Como a novidade foi bastante comentada (estava na boca do povo), os barcos motorizados que começavam a singrar as águas do rio Caí foram chamadas de gasolina. Apesar de seus motores serem movidos a querosene.
A primeira gasolina no rio Caí pertenceu a Henrique Kinzel e tinha o nome de Tupi.A gasolina, a querosene e o óleo diesel são combustíveis extraídos do petróleo.
Mesmo sendo menores do que os vapores e destinadas principalmente ao transporte de cargas, as gasolinas contavam com cozinha e dormitório. Nos dias em que eram forçados a pousar em Porto Alegre, os marinheiros (como eram mais conhecidos os navegantes da época) não podiam gastar dinheiro com hotel.
A principal mercadoria transportada pelo rio nos tempos da gasolina foi a laranja, como se pode ver na foto acima. Amando Dietrich, proprietário da gasolina Santa Cruz, seguiu o mesmo caminho da maioria dos proprietários dessas embarcações, ele trocou o barco pelo caminhão, que conseguia chegar até a propriedade do colono para coletar a mercadoria. Antes do caminhão, o colono levava suas laranjas em carreta de boi até o embarcadouro no rio Caí. Essa mudança ocorreu no início da década de 1950, quando foi concluido o asfalto entre São Sebastião do Caí e Porto Alegre. Haviam vários embarcadouros ao longo do rio. Acima de Montenegro, os principais atracadouros eram o Porto  Pereira, Porto Maratá, Pareci e Caí, que foram perdendo o seu movimento com o tempo. Até a década de 1960, gasolinas ainda chegavam até o porto do Caí.


789 - Mecanismos de busca

Recursos que facilitam a pesquisa neste blog

O blog Histórias do Vale do Caí vai acumulando cada vez mais informações sobre a história do Vale do Caí. Com quase oitocentos textos postados, torna-se difícil percorrer todo o acervo quando se procura uma informação específica.
Felizmente o blog conta com um eficiente mecanismo de busca que nos permite encontrar o assunto desejado com grande facilidade.
Para usar o mecanismo basta escrever a palavra que nos interessa na tarja branca que existe no canto superior esquerdo da página inicial do blog. Esta tarja é acompanhada do desenho de uma lupa.
Exemplo: se quisermos procurar os textos referentes a Matiel, escrevendo esta palavra na tarja branca e apertando a tecla enter no teclado do computador, serão colocados ao nosso dispor - imediatamente - todos os textos que contêm esta palavra.

Se o assunto que procuramos for melhor caracterizado por uma palavra composta (por exemplo, Pareci Novo) devemos escrever pareci novo entre aspas. Assim: "pareci novo".

Outro recurso importante é o control g.
Depois de termos chamado o texto à tela do computador usando o mecanismo de busca acima descrito, podemos usar ainda o control g para localizar a palavra desejada dentro deste texto.
Basta para isto teclar as teclas control e g simultaneamente. Com isto aparece uma tarja branca no canto superior direito da tela. Teclando ali a palavra procurada, ficará assinalado o ponto (ou os pontos) do texto em que esta palavra é mencionada.

Usando tais recursos, fica muito mais fácil e rápido realizar uma pesquisa no blog.


segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

788 - O asfalto chegou ao Caí em 1959

O asfaltamento da RS-122, na década de 1950, tornou mais rápido e fácil o acesso rodoviário a Porto Alegre

João Ignácio Pinheiro foi um simples agricultor e operário caiense. Ele veio morar no Caí quando tinha dois anos de idade e faleceu no dia 20 de janeiro de 2010, feriado de São Sebastião, ao 88 anos de idade.
Ele foi sempre um homem sério e trabalhador. Não foi muito destacado, mas foi um cidadão útil e respeitado, além de um bom chefe de família.
Juntamente com a esposa Tereza Odete Flores, criou os seis filhos do casal: Valdeci, Valdeli, Valdir, Joel, Roseli e Ivandel. Na juventude, ele foi zagueiro do União, tradicional equipe do futebol caiense. E, em 1942, prestou serviço militar no Tiro de Guerra, que funcionou no prédio onde hoje se encontra a loja Lebes. Entre este prédio e o Morro do Martim, só havia campo e era ali que ele e seus colegas faziam exercícios de tiro.
Sem nunca largar da agricultura, seu João Ignácio também trabalhou em empresas, por períodos curtos. Principalmente na Brasília Guaíba e outras empresas que construíam estradas na região.
Os registros feitos na sua carteira de trabalho mostram em que data a RS-122 (antiga estrada Júlio de Castilhos) foi asfaltada até o Caí.
Foi em 1959 que a obra foi concluída, até o bairro Vila Rica. Esta data representa um divisor de águas na história caiense. O fim da era da navegação fluvial (na qual o Caí foi uma cidade estratégicamente situada) e a predominância do transporte rodoviário, no qual o Caí passou a ser apenas uma entre tantos outras cidades.

787 - Obras que modificaram o Caí

O asfaltamento da RS-122 chegou a esse ponto (no cruzamento com a avenida Osvaldo Aranha) em 1959. Em frente ao antigo armazém de Arlindo Laux (prédio que estava sendo demolido quando foi feita esta foto)

Em 1948, João Ignácio Teixeira trabalhou na construção da ponte sobre o arroio Cadeia (a mesma que até hoje é usada na RS-122). Nos anos de 1950, 1956, 1957, 1958 e 1959 trabalhou na construção e no asfaltamento da RS-122 no trecho que terminava no bairro Vila Rica (no entroncamento com a estrada para Hortêncio, atual avenida Osvaldo Aranha).
Estas datas, anotadas na carteira de trabalho do velho operário, servem para precisar as datas de construção da ponte sobre o arroio Cadeia e a conclusão do asfaltamento da RS-122. Obras que tiveram grande importância para o desenvolvimento da região. Na ocasião elas foram decisivas, também, para a extinção da navegação comercial até o porto da cidade.
Em 1961 e 1962, seu João Ignácio trabalhou na construção da Hidráulica da CORSAN. Além disto trabalhou também na construção da estrada Júlio de Castilhos (no trecho da localidade de Vigia, trecho construído no fim da década de 1930). Trabalhou também em obras fora do município, como o acesso a Estância Velha e até mesmo a ponte do Guaíba.
Desta forma, ele ajudou a realizar várias das mais importantes obras já realizadas no município.

sábado, 16 de janeiro de 2010

786 - A Câmara Municipal




Conforme pode ser constatado na postagem 314 deste blog, o primeiro prefeito caiese foi o Coronel Paulino Inácio Teixeira, que assumiu suas funções em 1891.
Mas o município de São Sebastião do Caí existia desde 1875. Quem, então, governou o município antes do Coronel Paulino?
Naquela época, ainda no tempo do império, os municípios eram governados pela Câmara de Vereadores.
A primeira câmara eleita no município era composta pelos vereadores Pedro Ely Filho, José Maria de Alencastro, João Jacó Schmidt, Agostinho de Souza Loureiro e João Weissheimer. A posse desta primeira câmara (e primeiro governo) caiense ocorreu em 25 de novembro de 1876. A posse desta primeira câmara municipal ocorreu em 25 de novembro de 1876. Mas, em 25 de janeiro de 1877, o presidente da província suspendeu o seu funcionamento. O motivo da decisão foi a anulação da eleição realizada em São Sebastião do Caí.
Conforme declara Alceu Masson na sua monografia, só três meses depois a câmara voltou a funcionar, com outros vereadores. A nova composição era a seguinte: Felipe Carlos Trein, João Jacó Schmidt, Antônio José da Rocha Junior, João Weissheimer, Agostinho de Souza Loureiro, Justino Antônio da Silva e Antônio Pires Cerveira.
A terceira câmara municipal assumiu no dia 7 de janeiro de 1881 e era composta por Paulino Inácio Teixeira, Cesar José Centeno, Tomé Pires Cerveira, Pedro Franzen Filho, Tristão Rodrigues da Silva e João Jacó Schmidt.
A quarta câmara municipal caiense, que assumiu em 7 de janerio de 1883, era constituída por Paulino Inácio Teixeira, Cesar José Centeno, Carlos Berto óes Círio, Augusto José Fernandes, Cesar Augusto Góes Pinto, João Diehl Jr e Antônio Pires Cerveira.
A quinta câmara municipal assumiu em 12 de julho de 1886, sendo constituída por João Diehl Jr, Carlos Berto Círio, Henrique Ritter Filho, Pedro de Alencastro Guimarães, Ernesto Warmann e Carlos Guilherme Schilling.
Com a proclamação da república, no dia 15 de novembro de 1889, o governador do Rio Grande do Sul, Visconde de Pelotas, dissolveu a câmara municipal de São Sebastião do Caí e nomeou uma comissão formada por Paulino Inácio Teixeira, João Diehl e Lourenço Dexheimer para governar o município. Tendo tomado posse no dia 5 de fevereiro de 1890. Paulino Teixeira foi o presidente da comissão. Depois foi realizada uma eleição, a primeira no regime republicano, na qual foi eleito o intendente (prefeito) do município. E o eleito foi Paulino Inácio Teixeira.


sábado, 9 de janeiro de 2010

785 - Por onde os italianos chegavam a Caxias

Foto: by Jakza, divulgada no Google Earth
Moinho colonial, construção típica das antigas colônias alemãs na região serrana

Foi em 1874, ainda nos tempos do imperador Dom Pedro II, que os primeiros colonos italianos chegaram ao Rio Grande do Sul. Eles vinham da região italiana do Vêneto (cuja capital é Veneza). Chegavam a Porto Alegre e depois, de barco, pelo rio Caí, iam para São Sebastião do Caí. Então um vilarejo perntencente ao município de São Leopoldo. Dali para diante seguiam até a região da serra gaúcha, onde o governo imperial brasileiro lhe reservara terrenos.
Seguiam por uma estrada que margeava o rio Cai. Certamente, muito precária naquela época, mas que lhes permitia chegar, caminhando ou em carretas. Passando por Feliz e Vale Real, os imigrantes chegavam até as imediações de Vila Cristina. Localidade que hoje pertence ao município de Caxias do Sul. Antes um pouco de se chegar a Vila Cristina, encontra-se a barra do arroio Pinhal no rio Caí. Ali, antigamente, a estrada Rio Branco subia a serra, chegando ao antigo Campo dos Bugres, local onde hoje se encontra a cidade de Caxias do Sul. A distância entre a Barra do Arroio Pinhal e Caxias do Sul, em linha reta, não chega a 15 quilômetros. Mas, naquela época, não havia estrada para fazer este trajeto. O que existia era apenas uma picada, um caminho estreito no meio do mato, pelo qual só se passava a pé.
Os primeiros colonos italianos foram acentados ainda no Vale do Caí, em Vila Cristina. Agrimensores e engenheiros trabalharam, em seguida na medição de novos lotes (áreas de terra) que foram entregues aos colonos imigrantes, e na melhoria de condições do caminho, que aos poucos foi sendo transformado numa estrada. Um prolongamento da Estrada Rio Branco.
Junto à estrada foram se instalando novos colonos que iam chegando. E formaram-se, assim, três localidades que receberam os nomes de Primeira Légua, Segunda Légua e Terceira Légua. A légua, medida de distância utilizada na época, equivalia a 4,83 quilômetros. Depois disto, já com a estrada em condições de ser percorrida por mulas cargueiras (que levavam até 120 quilos de carga) os colonos foram se estabelecendo na região da atual cidade de Caxias.
A subida da serra pela Estrada Rio Branco era muito íngreme. Por isto, posteriormente, foi construída a BR-116, cuja inauguração ocorreu em 9 de novembro de 1941. Depois disto, a estrada Rio Branco, no trecho de subida da serra, foi abandonada, chegando a ser tomada pelo mato. Mais recentemente foi reaberta, sendo conhecida hoje como Estrada dos Imigrantes.
Em 1875, quando os primeiros colonos italianos a percorreram, a estrada só permitia a passagem de pessoas a pé e de mulas com carga. Em 1877 já era possível passar com comboios (ou tropas) de mulas cargueiras. Era comum um tropeiro conduzir dez mulas que, ao todo, levavam mais de 1.000 quilos de carga. Somente a partir de 1890 a estrada, já melhorada, passou a permitir a passagem de carretas.
Em 1875 o governo provincial apressou a criação do município de São Sebastião do Caí, para que ali fosse instalada a administração da colônia italiana na sua fase inicial. Neste período, o Caí foi a cidade mais próxima e sede municipal da região colonial próxima ao Campo dos Bugres (Caxias do Sul). No Caí havia funcionavam, além da prefeitura, órgãos públicos como a delegacia e o fórum, aos quais os colonos italianos podiam recorrer.
Mais detalhadamente, pode se dizer que do porto do rio Caí, em São Sebastião do Caí, os colonos seguiam pelo atual centro da cidade, tomavam a estrada que hoje corresponde à avenida Osvaldo Aranha, seguindo depois pelas localidades de Várzea da Vila Rica, Rio Branco, Caí Velho, Bela Vista e Vigia, chegando até Feliz. Não havia ainda a ponte de ferro, construída em 1900, e os imigrantes atravessavam o rio Caí pelo Passo da Boa Esperança, situado junto ao centro da atual cidade de Feliz (junto à ponte). Depois os imigrantes seguiam do atual centro da cidade de Feliz para o bairro Vila Rica, chegando à atual cidade de Vale Real. O professor Pedro Christ, grande conhecedor da história da região, conhece o traçado de uma estrada que existia antigamente pelo lado esquerdo do rio (considerando-se o sentido em que correm as águas do rio), que também poderia ter sido usado pelos antigos imigrantes. Depois do Vale Real, vem a localidade de Arroio do Ouro (ou a de Linha Temerária, se o caminho for pela margem esquerda do rio Caí). E, adiante, a de Linha Cristina. Um pouco antes do centro de Vila Cristina, dobra-se à esquerda, no local onde existe uma ponte sobre o arroio Pinhal e, próximo, um hotel e uma grande floricultura. Logo antes da ponte, começa a Estrada dos Imigrantes, dobrando-se à esquerda. Ela acompanha o curso do arroio, aproveitando seu vale para subir a serra até Caxias do Sul.


domingo, 3 de janeiro de 2010

784 - Passo do Matiel

Foto tirada sobre a barca que era usada na travessia do rio, no Caí, no ano de 1949 - aparecem na foto, da esquerda para a direita, Henrique Martini, Luis Padilha, Ronaldo Scheffer, Nelson Metz, Henrique Hoerlle e Pifi Bastos
Entre 1827 e o início da década seguinte, muitas centenas de famílias de imigrantes alemães se estabeleceram em São José do Hortêncio. Cada casal de colonos tinha muitos filhos e, na medida que eles iam crescendo, casando e constituindo suas próprias famílias, necessitavam de novas terras para cultivar. A solução para os novos casais era adquirir terras em colônias novas, onde elas ainda eram abundantes e baratas.
Já pela década de 1840 e 1850, muitas famílias mudaram-se de Hortêncio (e outras colônias velhas) para as novas colônias que surgiram na Feliz e em Bom Princípio. Na década de 60 a migração foi intensa para o Caí, Pareci Novo e Harmonia e, logo mais, a migração dos colonos seguia na sua marcha para o oeste, ocupando os territórios dos atuais municípios de São José do Sul, Maratá, Brochier Poço das Antas e outros.
A mudança era feita em carroças puxadas a boi.
As estradas eram precaríssimas e a viagem de mudança era muito difícil. Um trecho que hoje pode ser feito em uma hora por estrada asfaltada, naquela época levava dias para ser vencido.
Ir de Hortêncio até o Caí já representava uma longa jornada. Mas depois as dificuldades eram ainda maiores. A primeira delas era a travessia do rio Caí. Como fazer isto com uma carreta de bois?
Havia, junto à atual cidade de São Sebatião do Caí um passo (lugar onde era mais fácil atravessar o rio). Chamava-se Passo do Caí ou Passo do Matiel. Matiel é, até hoje, o nome da localidade existente no lado oposto do rio, de frente para a cidade de São Sebastião do Caí.
No século XX, como aconteceu em outros passos, foi instalada ali uma barca que levava automóveis, carroças e carretas de uma margem à outra do rio. Esta barca funcionou na continuação da rua Pinheiro Machado (a que passa junto ao prédio da prefeitura). Mas, neste local, o rio é profundo e, certamente, não era ali que as carretas dos colonos atravessavam o rio.
Moradores antigos da localidade hoje conhecida como Morro Peixoto (situada no município de Harmonia, perto do atual Balneário das Taquareiras) lembram de um antigo passo, pelo qual as pessoas passavam o rio a pé. Ele fica cerca de cem metros rio abaixo do Balneário das Taquareiras. Ainda havia, até algumas décadas atrás, uma estradinha que dava acesso a este local e era costume os proprietários de caminhões (comerciantes de frutas) levarem seus veículos até o local, que chamavam de Passo, para lavar estes veículos.
Do outro lado do rio situa-se a localidade hoje denominada Várzea da Vila Rica, nos arrabaldes de São Sebastião do Caí.
Era ali, certamente, o local utilizado pelos antigos para fazer a travessia do rio. Um local em que o rio, além de ser raso, não tinha barrancos altos nas suas margens. E que, por isso, possibilitava a travessia fácil (ao menos no tempo seco, quando o nivel do rio estava baixo).

sábado, 2 de janeiro de 2010

783 - A família Heck se encontra

Texto de Felipe Kuhn Braun


No segundo final de semana do ano de 2010, dias nove e dez de janeiro, foram os dias escolhidos para a família Heck realizar seu 16º encontro internacional, em Santo Cristo. Como venho pesquisando esta família há oito anos, gostaria de escrever algumas linhas sobre a interessante história dos Heck. Minha falecida avó paterna era Heck, natural de Bom Princípio. Então, apesar de assinar Kuhn Braun, também sou um Heck.

As primeiras pesquisas históricas sobre nossa família foram feitas pelos padres Edgar e Alfonso Heck. Quando comecei a minha, no ano de 2001, os dois religiosos foram muito prestativos, me entregando na época, cópias de todo o seu material pesquisado. A eles devo meus sinceros agradecimentos e posso afirmar, com total convicção, que todo o vasto material compilado por mim durante todos esses anos, teve como base as pesquisas e como exemplo os esforços do Padre Edgar e do Padre Alfonso para preservar nossa história.

Os Heck que vieram para o Brasil, Johann Nikolaus, sua esposa Anna Maria Wolf e seus oito filhos, são originários de Dickenschied, no Hunsrück. Assim como boa parte dos habitantes dessa bela região ao sudoeste da Alemanha, os Heck habitaram Dickenschied após a guerra dos trinta anos, que teve seu término no ano de 1648. As raízes mais antigas dos Heck remontam ao bisavô do imigrante, Johannes Heck que nasceu em 1615 em Eifel, região do baixo Reno, na divisa com a Bélgica. Vários Heck de Dickenschied e região foram agricultores, cobradores de impostos e professores. Na Alemanha eles não formavam uma família tão numerosa, conforme se verifica avaliando as estatísticas da época. Os invernos eram rigorosos, os recursos escassos e, portanto, as famílias eram menores. Uma em cada três crianças morria antes de completar 5 anos.

O imigrante Heck era católico e casou com uma luterana (algo raro para a época), chamada Anna Maria Wolf. O casamento foi em Dickenschied no ano de 1809.

Anna Maria Wolf era natural de Womrath, um belo lugarejo vizinho a Dickenschied. Na década de 1960 foi escolhido como o vilarejo mais bonito da Alemanha. Estive em Womrath em janeiro de 2008 com Heinrich Augustin, professor e grande conhecedor da história da região, que escreveu um livro contando a história de Womrath. E o livro conta uma longa e rica história: de um antigo vilarejo no caminho dos romanos até se tornar a terra do santo Werner, cultuado como santo, mas nunca canonizado pela igreja. O lugarejo foi a terra de origem de emigrantes, entre os quais os Scherer que foram para os Estados Unidos, onde se tornaram ricos industriais e políticos. No século XX, a localidade foi o lar do pastor Paul Schneider, um dos maiores críticos, opositores ao nazismo; morto na segunda grande guerra. Nesse belo local, rico em histórias pessoais que se mesclam a histórias familiares e de nações, está a raiz da família de Anna Maria Wolf, que remonta ao século XVI, segundo pesquisas genealógicas feitas por Heinrich Augustin. Árvore genealógica que eu trouxe da Alemanha em 2008.

Ao visitar Womrath, o mais incrível para mim era estar em um lugar que é a raiz de milhares de descendentes de alemães no sul do Brasil.

782 - Os Heck - do Vale do Caí para o mundo

Texto de Felipe Kuhn Braun


Os Heck vieram para o Brasil no ano de 1827, chegando no Rio Grande do Sul em 16 de dezembro de 1827, e se estabeleceram em São José do Hortêncio.

Em uma terra farta como o sul do Brasil, eles se dedicaram à agricultura, e o casal de imigrantes com seus sete filhos sobreviventes (um deles, Wilhelm, faleceu no navio e teve que ser jogado no mar) teve uma grande descendência.

No início do século XX, já eram mais de 1.500 descendentes. Os sete filhos de Johann Nikolaus Heck e Anna Maria Wolf deram ao casal 56 netos, 330 bisnetos e 1.100 trinetos. Apenas um desses 1.100 trinetos (meu bisavô Jacob Aloísio Heck de Bom Princípio) teve 12 filhos e teria hoje mais de 200 descendentes. O avô do padre Alfonso, João Heck Sobrinho que emigrou para a Argentina casou se duas vezes, teve 22 filhos, 96 netos e mais de 600 descendentes, diretos e indiretos.

Essa é a realidade de centenas de outras famílias alemãs que vieram para o sul do Brasil.

Localidades como São José do Hortêncio, já no começo do século passado, não tinham capacidade de abrigar tantas famílias. Aí começou a migração para outras regiões e vários dos netos do imigrante já não moravam em Hortêncio. Ele tinha netos morando em Bom Principio, Tupandi, Salvador do Sul, Harmonia, Feliz, São Sebastião do Caí, Montenegro, Estrela e Lajeado. Seus bisnetos, naturalmente em número muito maior, migraram para a região da fronteira: Cerro Largo, Santo Cristo, Santa Rosa, para a Argentina (Puerto Rico, na região das Missões Argentinas), Santa Catarina (sobretudo Itapiranga) e Paraná.

Seus trinetos, acompanhando a leva de migrações mais ao norte, transferiram residência para São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Hoje conseguimos encontrar e manter contatos com parentes em dez Estados brasileiros. Começando onde estão às raízes da família, o Rio Grande do Sul, os encontramos também em Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Maranhão e Amazonas.

Em oito anos, consegui contabilizar cerca de 9 mil nomes de parentes, descendentes de Johann Nikolaus Heck e Anna Maria Wolf.

Outra curiosidade são os sobrenomes e a diversidade cultural nas famílias de descendentes Heck. O que é natural em um país como o nosso, nesse caldeirão étnico e cultural que formou esse belo país, chamado Brasil e abençoado por Deus. Embora de predominância católica, alguns descendentes pertencem a outras religiões devido a seus casamentos ou locais onde residem. Muitos também emigraram para outros países, temos descendentes dos Heck brasileiros morando na Argentina, Paraguai, Estados Unidos, Alemanha, Espanha, Inglaterra e Portugal.

Entre outras nacionalidades e etnias que entraram na família, estão judeus, húngaros, turcos, suecos, italianos, portugueses, espanhóis, índios e africanos.

Também chama atenção o número de religiosos na família que, entre irmãos, padres e freiras, ultrapassam 50 pessoas. E também o número de políticos. Os Heck já tiveram parentes administrando as cidades de Itapiranga, Tupandi, Três Passos, Ijuí, Cerro Largo, entre outras. Entre os tantos políticos, destacam se o ex-deputado e ex-prefeito de Ijuí por três mandatos, Valdir Heck; a ex-prefeita de Três Passos, deputada estadual e presidente do PSDB no Rio Grande do Sul, Zilá Hartmann Breitenbach, que integra o governo de Yeda Crusius no Estado e Selvino Heck, assessor especial do gabinete do presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva.


Johann Nikolaus Heck veio com sua esposa e seus oito filhos para um país na época desconhecido. Para um lugar no meio do mato onde ganhou algumas terras. Através da fé, da honestidade, do trabalho e da perseverança, educou a todos e fixou as raízes da família no sul do Brasil. Ele foi o patriarca de centenas de famílias e milhares de brasileiros espalhados pelos quatro cantos de nosso país e do mundo.

Em oito anos de pesquisas sobre essa família, visitando o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Argentina e Alemanha, em busca de nossas raízes, fui recebido por muitas dessas famílias. Encontros muitas vezes únicos, onde conheci a pluralidade cultural, econômica, étnica e profissional dessa família.

Johann Nikolaus Heck e Anna Maria Wolf talvez não imaginassem que teriam milhares de descendentes de tamanha importância para esse país, assim como muitos de seus conterrâneos que em busca de um futuro melhor para suas famílias, enfrentaram o oceano, as dificuldades, os medos, as tristezas e as angústias e que estejam onde estiver foram verdadeiros heróis e os melhores exemplos para todos nós.

Seguramente Heck e sua esposa estariam muito orgulhosos se pudessem ver seus descendentes hoje e saber que todos os seus esforços em busca de um futuro melhor para sua família, não foram em vão.

781 - Campeões de acessos

Apesar de já bastante rico, pelo seu conteúdo, o blog Histórias do Vale do Caí é ainda jovem e tem muito a evoluir. O blog foi criado em 29 de junho de 2009, há pouco mais de meio ano, e o número de textos postados já se aproxima dos 800. A expectativa é de chegar aos 1.000 textos ainda neste verão.
Além da postagem de mais textos, o blog deverá evoluir, também, pelo acréscimo de novos recursos. Um exemplo disto é a postagem de fotografias, que ainda não foi iniciada.
Aos poucos, vamos incorporando novos recursos. Desde 14 de dezembro, passamos a utilizar o Google Analytics, que nos permite avaliar o interesse do público pelo blog. Desde então, tivemos acessos de onze estados brasileiros e de oito países do mundo. Nada mau, nos parece, para um blog escrito em português e que trata apenas da história de uma pequena região (o nosso Vale do Caí, que tem 170 mil habitantes).
Google Analytics nos permite verificar, também, quais foram os textos que mais atraíram a atenção dos leitores:
1º) 7 - Miguel Ledur
2º) 492 - O fim trágico de um grande líder
3º) 767 - Chico da Funerária
4º) 428 - O jovem Carlos Henrique Hunsche
5º) 433 - Prefeitos de Montenegro
6º) 639 - Um orgulho para os caienses
7º) 502 - Dom Vicente Scherer
8º) 638 - Adélio Menegaz
9º) 750 - Egídio Weissheimer
10º) 532 - Qix: uma multinacional caiense

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

780 - Fundação Rockefeller



Homem  mais rico do mundo, Rockfeller era um filântropo e ajudou até a população do Vale do Caí

John David Rockefeller Nixon nasceu em 1839, em Richford, no estado de Nova York. Seus pais eram muito pobres, mas ele frequentou a escola. Foi aluno regular nas outras matérias, mas muito bom em matemática. O que o ajudou a alcançar a sua maior conquista: o primeiro emprego (job, em inglês). Isto aconteceu em 26 de setembro de 1865, na cidade de Clevelandm, quando ele tinha 16 anos. Foi um emprego de contador num estabelecimento comercial. Ele começava no trabalho às seis e meia e trabalhava, muitas vezes, até a noite. Rockefeller considerava que o trabalho mudou a sua vida para melhor. Por isto, todos os anos, comemorava a data de 26 de setembro como o seu jobday (dia do primeiro emprego). Depois de três anos como empregado, criou o seu próprio negócio e, mais tarde, criou a Standard Oil Company que veio a tornar-se a maior empresa petrolífera do mundo. Tornou-se o homem mais rico do mundo e o mais rico de todos os tempos. Sua fortuna, em valores atuais, chegou a 330 bilhões de dólares.
Foi também o mais notável filântropo do mundo, criando a Fundação Rockfeller que patrocinou universidades, hospitais, institutos de pesquisas e campanhas para combater doenças endêmicas, principalmente a verminose, em países pobres. No Brasil, a Fundação Rockefeller atuou de 1913 a 1942, empenhando-se especialmente no combate à febre amarela e à malária. Doenças muito comuns e mortais naquela época.
Sua ação chegou também ao Vale do Caí, com trabalho voltado para o combate à verminose.
Entre 9 de fevereiro de 1922 e 15 de abril de 1923, por iniciativa do intendente caiense da época, dr. Alberto Barbosa, a Comissão Rockefeller atuou no Caí, chefiada pelo Dr. Luiz Ferraz (nascido na cidade de Rio Grande, a 17 de julho de 1888. Fez os estudos primários e secundários em sua cidade natal, em São Leopoldo e Pelotas. Doutorou-se pela Faculdade de Medicina da Universidade do Rio de Janeiro, em 1931, defendendo a tese: “Da Helioterapia e sua aplicação no Tratamento das Lesões Traumáticas”. Especializou-se em Higiene. Participou do 2o Congresso Nacional de Tuberculose de Porto Alegre e do Congresso Médico realizado no Rio de Janeiro em 1922. Publicou o trabalho “A Epidemiologia e a Profilaxia da Tuberculose na cidade do Rio Grande”, em colaboração com outros colegas. Ex-interno dos serviços de profilaxia da Fundação Rockfeller. Desempenhou as funções de médico-chefe do D.E.S. da localidade de Rio Grande).
Segundo Alceu Masson, o trabalho da Comissão (ou Fundação) Rockefeller no Cai foi intenso, totalizando 45.874 tratamentos. Com a média de mais de dois tratamentos por pessoa medicada. Com isto, só no município do Caí, 16.522 pessoas curaram-se da unicinariose. Esta doença era também conhecida como icterícia ou amarelão, pois aqueles que são atacados por ela ficam, temporariamente, com a pele amarelada. Na colônia alemã, seu nome era gelb sucht (doença amarela).
É uma verminose que atinge especialmente às pessoas que andam descalças (o que era comum antigamente) em ambientes onde não existe tratamento do esgoto cloacal. Antigamente, no meio rural, era comum as pessoas fazerem suas necessidades no mato, nos fundos de casa, e a doença era transmitida através de vermes contidos nas feses humanas. Os vermes desenvolviam-se na terra e infectavam pessoas que pisavam a terra andando descalças. O que era ainda mais comum em crianças. Quem foi criança na década de 1920 teve de tomar os remédios oferecidos pela Fundação Rockfeller. E o gosto não era bom.