segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

3167 - O caíco, o lanchão, o Paquete, o vapor a gasolina e a chata

Quando se fala da navegação no rio  Caí logo lembramos dos vapores. Mas existiram outras embarcações que foram usadas para navegar e transportar as mercadorias e os passageiros.
A mais primitiva delas foi a canoa. Que é feita de um troco de árvore escavado. Era usada pelos índios.

CAÍCO
Os caícos, movidos a remo, ainda são muito comuns nas localidades ribeirinhas
O caíco é uma embarcação  mais elaborada, feita com táboas, em trabalho de marcenaria. Ele tem fundo chato. Os imigrantes alemães, quando chegaram ao Brasil, na década de 1820 trouxeram técnicas mais  elaboradas de fabricação dos mesmos. Por isso, os alemães logo se destacaram com a navegação nos rios dos Sinos, Caí e Cadeia.
No início do século XIX, era com esse tipo de embarcação que se navegava no rio Caí. Os primeiros moradores das margens desse rio, iam eventualmente até Porto alegre em seus caícos. Produtores rurais do Campestre da Conceição levavam mercadorias ao mercado público de Porto Alegre em caícos até a década de 1930. Na volta, vinham rebocados por vapores ou gasolinas. Os caícos são tracionados a remo.

LANCHA
A lancha a vela ainda é bastante usada atualmente
A lancha é uma embarcação pequena. Ela pode ser propelida a remo, a vela ou a motor. Hoje as lanchas a motor são as mais comuns. Mas, no passado, elas usavam também velas para andarem pela força do vento e remos, pela força dos braços.
Artur Rabuske, no seu livro São Sebastião do Caí, transcreve um relato escrito pelo padre Ambrósio Schupp, no qual ele falava do que pensava  ser a primeira família a residir em São Sebastião do Caí: a do imigrante português Manuel dos Santos Borges.
Consta nesse relato que:
A família era religiosa e, como nos arredores ainda não houvesse qualquer sacerdote, costumava ir, todos os anos, pelo tempo da Páscoa, numa lancha a Porto Alegre, a fim de cumprir os seus deveres pascoais.
Pode se imaginar que o modo de propulsão dessa lancha era misto. Usava a vela quando e onde o vento favorecia o seu uso e os remos ou varas quando não havia vento favorável. A vara era usada onde o rio era muito baixo ou os barrancos bem próximos. O seu uso era bastante prático, por exemplo, na navegação do arroio Cadeia.

LANCHÃO


O lanchão é uma evolução do caíco. Trata-se de uma embarcação  maior, própria para o transporte de cargas, mas ainda tracionada a remo. Vários remadores eram necessários para impulsionar a pequena embarcação. 
Recebeu, certamente a contribuição de imigrantes que haviam trabalhado com  esse tipo de embarcação na Alemanha e  sabiam fazê-las com técnica avançada, para a época.
Os lanchões foram muito utilizados, na Feliz e Bom Princípio, para o transporte de mercadorias, pelo rio Caí, até ao porto e cidade de São Sebastião do Caí. Era comum eles navegarem até um pequeno porto existente na localidade de Várzea do Rio Branco (próxima ao bairro caiense do Rio Branco). Ali as mercadorias eram desembarcadas e transferidas  para uma carreta, que completava o trajeto até a cidade. Isso era necessário devido  às três cachoeiras (na verdade, corredeiras) existentes no rio Caí entre a Várzea do Rio Branco e a cidade.

PAQUETE
Os paquetes eram pequenos barcos a vela
No Cai superior, ou seja, na sua parte mais elevada, mais perto das suas fontes, o rio Caí corre entre morros e montanhas. Por isso os ventos são fracos e há pouca possibilidade de praticar a navegação a vela.
Na sua parte mais baixa, mais perto da sua foz, entretanto, as possibilidades de utilização do vento como forma de propulsão era mais viável. 

VAPOR E CHATA
Uma chata, à esquerda, e o vapor Salvador, à direita, atracados
no início da rua Pinheiro Machado (no Caí), durante uma enchente




O barco a vapor é o equivalente náutico do trem a vapor. Ambos são movidos por um motor a vapor. O primeiro a ser inventado. Assim como o trem, o barco a vapor é movido por uma máquina a vapor. Ela é constituída por uma caldeira cheia de água que, ao ser aquecida gera vapor. Esse, ao escapar por um cano, forma um sopro potente, capaz de ser transformado em movimento. O vapor faz girar as rodas de um trem ou a roda de um barco a vapor. Os barcos chamados de vapores tinham rodas laterais que giravam graças à máquina a vapor que existia  dentro da embarcação. Essas rodas tinham pás e, ao girar, iam "remando" na água e, assim, empulcionando o barco.
No Rio Grande do Sul os primeiros rios em que os vapores foram utilizados foram o Sinos, Jacuí, Caí e Taquari. Trata-se de uma contribuição do imigrante alemão. Ficaram famosos os quatro jacós da navegação riograndense. Todos eles de origem alemã.  Donos de companhias de navegação. Jacob Blauth, em São Leopoldo, Jacob Michaelsen no rio Cai, Jacob Arndt, no Taquari.
A chata não tinha propulsão própria. Era rebocada por um vapor ou gasolina. Também não tinha uma proa pontuda, como os barcos que têm de vencer a resistência da água. A chata, é larga, para caber bastante mercadorias e, por isso mesmo, não afunda muito. O que é importante  para a navegação num rio raso, como o Caí.

GASOLINA
Uma gasolina, como a Jandaia, era propelida por motor de 12 HP
As gasolinas eram barcos  menores que os vapores e eram propelidos por motores a explosão, semelhantes aos  de automóvel. O combustível usado não era a gasolina, mas sim o querozene, que é também um derivado do petróleo.
No rio Caí, o seu uso consagrou-se a partir da década de 1930, quando a navegação já declinava. O transporte de passageiros pelos vapores já havia se tornado  obsoleto, pois os ônibus faziam o transporte mais rapidamente. 
Os barcos continuavam a ser utilizados para o transporte da cargas. As gasolinas substituíram os vapores, mas o seu uso foi declinando na medida em que os caminhões foram evoluindo. 

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