domingo, 23 de agosto de 2009

324 - Dois anos na Alemanha

Em 1964, Hilário teve uma grande oportunidade: a de ir para a Alemanha estudar técnicas agrícolas. A chance surgiu através do professor João Wendling, que trabalhava na organização religiosa Volksverein (União Popular), uma espécie de Organização Não Governamental (ONG). Fundada em 1912, a União Popular era ligada à Igreja Católica e dedicada a promover o desenvolvimento na região de colonização alemã. Havia um programa, patrocinado pelo governo alemão, que proporcionava para jovens dos países pobres um estágio na Alemanha, estudando em escolas técnicas no regime de internato.
Hilário foi apontado pelo professor Wendling para ser um dos participantes do programa. Mas houve uma dificuldade pelo fato dele ter sido convocado para prestar o serviço militar. Hilário teve de insistir muito com o seu comandante no quartel de São Leopoldo para ser liberado e poder embarcar para a Alemanha. Ele conseguiu isto graças ao prefeito de Montenegro, Germano Henke, que atestou que o jovem era arrimo de família. Pelo fato da mãe de Hilário ser viúva, era permitido que ele ficasse liberado da prestação do serviço militar obrigatório para ajudar no sustento da família.
Com a viagem patrocinada pelo Governo do Estado (Ildo Meneghetti era o governador na época) 60 jovens, inclusive Hilário, embarcaram (de navio) para o seu estágio no Primeiro Mundo. Ficou dois anos estudando no colégio durante o inverno e trabalhando no verão, numa propriedade rural. Uma família de agricultores alemães o acolheu para morar e trabalhar com eles. Era uma propriedade modelar e Hilário aprendeu muito com este agricultor que se chamava Heinrich Wilbert. Era notável a organização da propriedade dos Wilbert e a sua produtividade era incomparavelmente superior à das propriedades rurais brasileiras daquela época. Além disto, Hilário aprendeu com o seu anfitrião importantes lições de vida. Heinrich era para Hilário um novo pai, tendo com ele oportunidades de aprendizado que, certamente, não teria no Brasil.
Foram dois anos de muito aprendizado. E, ao encerrar o seu curso, os participantes continuavam recebendo ajuda do governo alemão. A cada um deles era oferecida uma área de 300 hectares no estado do Mato Grosso. Hilário pretendia aceitar esta oferta. Mas acabou atendendo aos apelos de sua mãe e ficando em Tupandi, para trabalhar na propriedade da família. Mas ele ganhou um outro tipo de ajuda dos alemães. Recebeu matrizes de suínos de raça apurada, com as quais começou uma criação de suínos reprodutores. Ele se deu bem neste negócio, vendendo os porcos para criadores do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e até do Paraná. Ganhou muito dinheiro com isto. Em 1972 começou a trabalhar também com a avicultura. Construiu um aviário em Tupandi e aproveitou bem os conhecimentos adquiridos com os padres jesuítas e na escola da Alemanha. Mesmo com algumas dificuldades iniciais, ele acabou tendo sucesso também nesta atividade.

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