Quando morreu a mulher de Bernardo, em 1818, ele fez um inventário dos bens do casal. E outro inventário foi feito em 1836, depois da morte do próprio Bernardo. Por eles se vê que, ao longo destes 18 anos, houve um sensível aumento nos bens do primeiro caiense.
Em 1818 ele possuía, além da área de terras, uma casa coberta de palha, uma engenhoca de moer cana instalada num rancho (usada para fabricar cachaça), oito pés de laranjeira, um escravo de nome José que havia fugido há cinco anos sem que se soubesse se estava vivo ou morto, outro escravo também de nome José e uma escrava de nome Joaquina, com dois filhos menores: Justino, nascido em 1815, e Cesário, nascido em 1818. Este último foi avô do caiense Carulo, nascido em 1910, que foi muito conhecido na cidade como comerciante de ferro velho.
Ao morrer, 18 anos após, ele possuía uma casa de pau a pique coberta por telhas com 60 palmos de frente (13,2 metros) por 30 palmos da frente aos fundos ( 6,6 metros). Sua casa tinha, portanto, 87 metros quadrados e consta que ficava próxima ao local onde hoje está situado o Hospital Sagrada Família. A propriedade tinha outra casa, menor, para a moradia dos escravos e ainda a casa dos engenhos, maior que a da moradia de Bernardo, na qual estavam instalados os engenhos de moer cana e outro de fazer farinha de mandioca. E havia ainda, neste mesmo prédio, um alambique de cobre e vários barris com aguardente. O proprietário possuía, portanto, uma atafona (para produzir farinha de mandioca) e um alambique (para produzir cachaça). Pode se imaginar que com o dinheiro da venda de metade das suas terras ele conseguiu fazer tais investimentos, tornando-se um pequeno industrial. Ruben Neis supõe que, com o aumento populacional na região causado pela vinda dos colonos alemães para São José do Hortêncio, havia um mercado consumidor nas proximidades que justificava o investimento nestas pequenas indústrias. Nota-se pelo inventário, que Bernardo possuía também um forno de coser telha. Ou seja, ele possuía também uma pequena e rudimentar olaria.
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