Aposentado, Carrard continua inquieto e empreendedor, realizando proezas em diversas áreas, inclusive como viajante e arquiteto amador
Sabe aquelas pessoas que você não cansa de ouvir falar? Pois bem, é neste perfil que se enquadra o advogado principiense Arno Eugênio Carrard. Dono de milhares de histórias, todas elas muito bem ilustradas com detalhes, Arno, é um cidadão do mundo. Ele já visitou a maioria dos paises que existem no mundo. Mas, se questionado quanto ao lugar mais bonito que conheceu, responde de pronto: Bom Princípio.
Convencido de que Bom Princípio é o seu paraíso no Planeta Terra, Arno Carrard, sempre que pode, vem da capital para o município que ajudou a emancipar. Com uma casa de final de semana em Bom Princípio, bem guardada por leões sobre o portão, Carrard não se contenta com uma ou duas horas ali. Geralmente é nas quintas-feiras que ele aporta em Bom Princípio, não se incomodando em tirar as roupas de trabalho para colocar a mão na massa. Terno e gravata de lado, Arno ajuda na manutenção da casa, tendo a pintura como o seu principal hobby.
Filho de Armindo e Eleonora Carrard, Arno nasceu em 1943 e buscou por conhecimento desde cedo. Era e ainda é um entusiasta, falando com entusiasmo sobre o estudo e a busca do saber durante a vida. Tornou-se procurador federal do INSS, e ganhou grande espaço no cenário jurídico como advogado de cunho municipalista.
Casado com Liane Carrad (que é filha de Adelar e Amanda Veit), Arno tem quatro filhos, todos eles formados em Direito. A primogênita, Angélica, é juíza federal e é casada com Nórton Benites, que igualmente é juiz de direito. Rafael Carrard, é defensor público na comarca de Bento Gonçalves e é casado com a empresário Adriane Heck Carrard. A terceira filha do casal, Bianca, é casada com o juiz federal, Tiago Scherer, trabalhando como analista da justiça federal e se dedicando aos estudos para o concurso de juiz. A caçula, não menos brilhante, Liliana, estudou em Londres visando o mestrado em direito penal e mantém um escritório na cidade de São Paulo. Fica evidente assim que a influência do pai na vida profissional dos filhos foi decisiva, e diferente não poderia ser, pois Arno é um ícone no Rio Grande do Sul quando o assunto é o Direito.
A carreira
O primeiro emprego do brilhante advogado foi bem diferente do que se pode imaginar. Com uma colher de pedreiro em mãos, Arno, carregou tijolos e cimento na construção civil, por volta de 1958, tendo trabalhado com auxiliar de pedreiro na edificação da casa paroquial de Bom Princípio. Foi seu empregador Pedro Bartzen Sobrinho. De 1962 a 1963 foi funcionário do extinto Sulbanco, hoje Santander. Desde sua formatura na Faculdade de Direito da PUC, vem desempenhando advocacia intensa na área cível, empresarial, eleitoral e criminal, especialmente junto aos Tribunais do RS e Brasília.
Em 1963 ingressou na Superintendência do Desenvolvimento da Região Sul - SUDESUL -, órgão federal de promoção do planejamento e desenvolvimento dos três Estados do Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), tendo exercido várias funções.
Um municipalista convicto
Ao tempo em que Bom Princípio era distrito caiense, Arno Eugenio Carrard integrava um contingente de centenas de jovens estudantes residentes nos demais distritos, que convergiam à sede municipal para freqüentar o Ginásio São Sebastião, dirigido por religiosas da Igreja Católica, mas com a participação de estudantes de todos os segmentos da fé. Desde logo, com o prédio do educandário em construção, foi um aluno empenhado na “campanha do tijolo”. No mesmo período, coordenava a organização de olimpíadas estudantis intermunicipais que ensejavam a confraternização desportiva em todas as modalidades. Sagrou-se campeão juvenil de futebol, fazendo parte da equipe do Esporte Clube Municipal, cujo técnico foi o ex-vereador Antônio O. I. da Silva. Liderou, também, a construção da primeira cancha de voleibol e foi na inauguração oficial daquela quadra de esporte amador, nos fundos do Ginásio, na presença do então Prefeito Municipal Dr. Orestes José Lucas, que Arno pronunciou o primeiro discurso de sua vida. Continuou dando projeção à classe estudantil ginasial, ao formar e presidir a União Caiense de Estudantes Secundários que, de logo, teve assento nas assembléias gerais da União Gaúcha de Estudantes Secundários, sendo lá guindado a Secretário da UGES.
Enquanto vereador caiense, cuja atividade na época não era remunerada, exerceu a liderança da oposição e a presidência do então Diretório Municipal da Aliança Renovadora Nacional, ao tempo do bipartidarismo. Como tal integrou o corpo de lideranças caienses que mostrava grande unidade e força reivindicatória, estando entre as conquistas, a implantação da Indústria Griffith, a ponte Caí - Matiel, o quarteirão-sede do INSS, o Banco do Brasil e o primeiro núcleo de casas populares na sede do Município. Aquela época política ficou marcada pelo amplo debate de idéias e posições políticas, com numerosas convenções partidárias e discussões com relevantes conteúdos. Estendiam-se a encontros abertos entre políticos de todas as matizes, destacadamente nos ambientes do “Bar El Farolito” e “Estação Rodoviária”.
Mas, a maior presença de Arno Eugenio Carrard no destino de São Sebastião do Caí, foi a partir de 1981, nos sucessivos processos de emancipações dos quatro principais distritos caienses: Bom Princípio, Capela de Santana, São José do Hortêncio e São Vendelino. Interveio desde o lançamento dos respectivos movimentos de indepentização, assim como na elaboração dos processos encaminhados à Assembléia Legislativa do Estado. Finalmente, a defesa dessas comunidades nos diversos processos judiciais contra elas movidas. A formação e o desenrolar das ações emancipacionistas, estão registrados em livros de atas próprios e mesmo amplamente noticiados pela imprensa local e estadual. A tese sustentada por Arno Eugenio Carrard, desde o início das campanhas de emancipações, de logo tiveram fortes reações contrárias, mas, pouco tempo se passou e a compreensão positiva passou a preponderar. Carrard defendia a idéia de que o Município de São Sebastião do Caí, geograficamente constituído de extensos braços formados pelos distritos, exigia um esforço administrativo e suporte financeiro descomunais, sendo que o retorno e a geração de tributos se mostravam extremamente modestos e desproporcionais. Ambos, os distritos e a sede, vinham sofrendo grandes desgastes em decorrência disso. Carrard afirmava que, ao liberar os seus distritos para organizações político-administrativas próprias, faria com que a cidade de São Sebastião do Caí, resultaria num grande pólo regional, econômico, cultural e urbano, segundo a sua vocação e convergência, bem como privilegiada localização geográfica. O tempo confirmou este prognóstico e atualmente todas as comunidades integrantes do Vale do Rio Caí, consagram-se como a área de maior desenvolvimento no País. Seu trabalho se estendeu, na mesma forma, para o outro lado do Rio Caí, relativamente a então distritos de Montenegro e de Salvador do Sul, que também necessária e naturalmente, têm na sede caiense, um corredor que permite a chegada nos grandes centros consumidores da área Metropolitana de Porto Alegre, Vale do Sinos e Caxias do Sul. Direta ou indiretamente Arno participou das emancipações de todos os municípios do Vale do Caí – excluindo-se destes Feliz, Caí, Montenegro, Salvador do Sul e Portão, que são mais antigos – sendo visto como o Pai da Emancipação. Além dos antigos distritos de Caí, Feliz e Montenegro, Arno foi responsável pela emancipação de mais de 200 municípios gaúchos, tendo recebido homenagens em boa parte deles.
Ambientalista
Presidente da Associação Comunitária do Imbé – Braço Morto e Presidente do “Fórum dos Veranistas do Estado”, Arno deixa clara a sua preocupação com o cuidado com a natureza. Nestas duas entidades, tem como plano principal de ação o “Duplo Domicílio Eleitoral”, já em fase de proposta de Emenda Constitucional na Câmara dos Deputados. Também a criação de um “Centro de Controle das Catástrofes Naturais” e a discussão sobre o Plano Diretor do Imbé. Vem promovendo medidas judiciais em nome da Associação Comunitária, contra a edificação vertical no Imbé, autorizadas pelo Plano Diretor.
“Não se pode, de forma alguma, pensar em evolução sem tomar cuidado com o ambiente a nossa volta”, diz Arno, fazendo duras críticas aos gestores públicos que fazem obras e investimentos sem pensar na repercussão ambiental futura.
Segundo Arno ainda há tempo para evitar mais problemas ambientais, mas é necessária a conscientização imediata das pessoas nos mais diversos cantos do mundo, para que as futuras gerações não sofram ainda mais com os problemas de aquecimento e desgelo.
Cidadão do Mundo
Homem de vida saudável, procurando jogar futebol sempre que pode, Arno, dedica boa parte do seu tempo a construções de casas em estilo neoclássico, trazendo para dentro das residências boa parte do conhecimento cultural adquirido em suas viagens.
Realizou viagens de reconhecimento em mais de uma centena de países da Europa, Ásia, África e América, a maioria das vezes acompanhado da família. Nestas oportunidades, quase sempre loca e dirige os automóveis. As últimas viagens internacionais foram em outubro/novembro de 2005, percorrendo 21 países da antiga União Soviética. Em outubro/novembro de 2006, percorrendo 14 países da América do Sul e Central. Em data de 26 de setembro até 26de outubro do ano 2007 viagem para Argentina, Espanha, Inglaterra, País de Gales, República da Irlanda, Irlanda do Norte, Escócia, Islândia (esta no Círculo Polar Ártico). Em outubro/novembro de 2008 para Nova Zelândia e Austrália. Em agosto de 2009 a viagem foi aos países do Caribe, entre os quais Cuba, Ilha Gran Cayman, Jamaica e República Dominicana. Para agosto de 2010, está programada viagem para 12 países, quais sejam a África do Sul, Egito, Líbano, Síria, Jordânia, Arábia Saudita, Qatar, Bahrein, Kuwait, Irã, Omã e Emirados Árabes. “Me aconselharam a não ir ao Irã, pois a situação por lá estaria complicada. Hehehhe, fomos e acabamos presos para identificação. Fiquei com medo de ficar por lá um ano”, diz Arno, sorrindo, comentando sobre as cinco horas de detenção até que conseguisse explicar o que fazia ali. “Eles não falavam inglês e não se esforçavam em nada para entender. Estávamos em apuros”, comentou.
Em sua casa de Bom Princípio, onde concedeu entrevista, Arno tem um grande acervo cultural, e a cada passo pela residência traz uma série de histórias referente às viagens. Ao chegar ao Partenon Grego, que está em meio ao gramado, Arno dispara: “Se tiveres dinheiro para apenas uma viagem aconselho que vás para a Grécia. É simplesmente fantástico”, comenta o advogado. Segundo ele antes das viagens internacionais é recomendável conhecer o próprio país, o próprio estado e a própria cidade, pois muitas belezas estão escondidas na região em que se vive. “Vivemos em um dos lugares mais lindos do mundo e não nos damos conta”, comenta Arno, deixando transparecer a paixão por Bom Princípio e tudo a sua volta.
Dentre tantas viagens feitas pelo mundo, Arno fala com propriedade sobre a ida à Terra Santa e todo o entorno da história do cristianismo. Os locais de peregrinação foram visitados e claro fotografados por Carrard e sua família que conheceram, igualmente, outros paraísos turísticos-históricos como o Egito.
Copa no Brasil
Assim que começou a falar da viagem à África do Sul, logo depois da Copa do Mundo de 2010, Arno se mostrou muito temeroso quanto à vinda dos jogos ao Brasil em 2014. “Não sou contrário, até acho que como espetáculo é favorável, mas a mentalidade precisa mudar muito até lá”, comentou Arno.
O advogado teme que no Brasil ocorram os mesmos problemas que na África, onde gigantescos estádios são construídos e ficarão sem a devida utilidade posterior. “Tudo bem que vão ter muitos jogos depois, mas todo o investimento é justificado? Não havia outras prioridades para o desenvolvimento social do país?”, questionou enfático.
Arno questiona a construção da Arena Tricolor – mesmo que seja gremista – e também as obras no Beira Rio, dizendo que ambas serão prejudiciais para Porto Alegre. “Já entramos até com questões judiciais quanto a isso, mas não depende apenas da vontade de juristas e urbanistas”, diz Arno, levantando uma série de questões.
O advogado questiona ainda a questão de fluidez de trânsito na capital e cidades próximas, pois se agora, em 2011 já existem problemas e engarrafamento, o que será de 2014, com uma população maior e ainda com a visita de milhares de pessoas?
Politização
A frustração maior de Arno não está nas tentativas de eleições à prefeitura de Bom Princípio ou como deputado, mas na maneira que a política é conduzida no Brasil.
“Não sei quantos políticos se salvam, pois a grande parte deles aceita a corrupção e não se preocupa com a evolução dos municípios, estado e país”, disse, apontando uma série de maneiras utilizadas pelos gestores para desviar dinheiro.
O advogado argumenta que, além dos políticos há também empresários corruptos e o povo também é responsável pela situação que se encontra, pois incita a corrupção através da compra de votos e pedidos de benefícios aos políticos.
Arno trabalhou ligado a muitos políticos e dentre eles destaca o trabalho realizado por personagens como Sinval Guazelli. O advogado lembra de passagens de políticos na região e da relação de amizade que ele manteve e mantém com pessoas de grandes influência na vida pública. “Um dia houve um evento aqui em casa que ficou para a história, com discursos memoráveis entre eles do Guazelli”, lembra Arno.
Modesto em falar dos discursos, Arno tem o dom da oratória, ganhando ainda mais fãs quando ele faz uso da palavra, deixando evidente a cultura que colheu em livros e em suas viagens internacionais.
Texto de Alex Steffen
Texto de Alex Steffen
COMPANHEIRO arno, AQUI É O quevedo, TEU COLEGA DE PROCURADORIA FEDERAL, HOJE JUBILADO E RODANDO PELOS PAGOS DESTE RIO GRANDE GAUDERIO. QUE BONS TEMPOS, OS NOSSOS, EM pORTO ALEGRE. UM FORTE ABRAÇO AO COMPANHEIRO. SAUDE, LONGA VIDA E PROSPERIDADE. ave.
ResponderExcluirPARABENS ARNO CARRARD
ExcluirESPERO QUE SEJAS FELIZ, NESTE MOMENTO
ABRAÇOS
Tive muito prazer em encontrar-te também neste espaço, colega Arno. Agradeço que vejas o teu correio eletrônico onde encontrarás uma mensagem minha com o título Consulta. Desde Lisboa, uma saudação cordial e um abraço fraterno.
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