1672 - José Moehlecke e o Sindicato do Calçado e Vestuário

O Sindicato dos Trabalhadores no Calçado de São Sebastião
do Caí inaugurou sua sede própria em 4 de janeiro de 1985

No feriadão do carnaval, os caienses foram surpreendidos pela notícia do falecimento de José Carlos Moehlecke. Um destacado líder sindical e juiz classista (juiz auxiliar, na Justiça do Trabalho). Mas, acima de tudo, um homem cordial, que vivia no Caí, com sua família, há quase quarenta anos e tinha muitas amizades.

Com 71 anos de idade, José aparentava boa saúde. Fazia exames médicos regularmente e, no final do ano, foi constatado que ele tinha cálculos (pedras) na vesícula. Mas não se sentia mal. O médico lhe disse que não era caso de urgência, mas seria necessário fazer uma pequena cirurgia.

José resolveu não esperar e marcou a cirurgia, que foi realizada na quinta-feira da semana passada, dia 6, no Hospital Montenegro.

José sentia-se muito bem e ele mesmo foi dirigindo o carro. A cirurgia foi feita pela técnica de vídeolaparoscopia, que é pouco agressiva, e a expectativa era de que ele tivesse alta  em muito pouco tempo.

Mas não foi assim. Ao sair da cirurgia, ele sentia dores. Foi tratado com morfina, mas a melhora não veio conforme o esperado.

Na sexta-feira, como a situação já se mostrava grave, ele foi submetido a uma nova cirurgia. Mas isso também não ajudou. Seu quadro piorava e foi tentada a sua remoção para um hospital dotado de UTI, recurso que o Hospital Montenegro ainda não dispõe. Faltavam leitos na rede hospitalar, até porque ela estava sendo muito exigida devido à tragédia de Santa Maria. José, conforme chegou ao conhecimento da família, estaria enfrentando um quadro de infecção generalizada que resultou na falência de múltiplos órgãos. Às seis e meia da tarde de segunda-feira, ele não resistiu mais. Foi sepultado na terça-feira, com acompanhamento de muitos amigos, apesar do “feriadão” de carnaval.

JOSÉ 

 Nascido em Novo Hamburgo, no dia 9 de outubro de 1941, José Carlos veio para o Caí no ano de 1976, para trabalhar como contramestre na seção de corte da fábrica de calçados Eran, que havia iniciado suas atividades no ano de 1975, pouco depois do início das atividades dessa empresa. No tempo em que ela ainda estava instalada em prédio provisório, no Parque Centenário.

Quando a Eran, já em suas novas instalações da avenida Osvaldo Aranha, foi vendida para a empresa Vacchi, em 1982, José continuou trabalhando na nova empresa.

Foi fundador do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Calçado e Vestuário de São Sebastião do Caí (em 25 de junho de 1979) e seu primeiro presidente. Exerceu o cargo de 1979 a 1996, liderando mais de cinco mil filiados de todo o Vale do Caí. Depois disso, foi diretor da Federação dos Trabalhadores da Indústria do Vestuário do Rio Grande do Sul. 

Casado com Marlei da Silva, que trabalhou com ele nas empresas Eran e Vacchi, José teve cinco filhos: Márcia, Cristina, Maristela, Tatiane e Igor. Com os filhos todos casados, José e a esposa eram aposentados e viviam na casa construída por eles no bairro Vila Rica.

Notícia publicada pelo jornal Fato Novo em 14 de fevereiro de 2013