O jornal caiense O MUNICÍPIO deu grande destaque à trágica morte
do jovem Joaquim Selbach, filho do grande comerciante e líder Arno Selbach
|
O editor do jornal era Wallace Kruse que, certamente, redigiu a matéria, pois ele fazia o jornal praticamente sozinho. A bem redigida matéria jornalística foi publicada duas semanas após a consumação do crime. O que diz bem das condições de comunicação existentes na época.
"O BÁRBARO ASSASSINATO DE JOSÉ JOAQUIM SELBACH
Depois de passar 12 dias como hóspede da família Selbach em S. Terezinha do Forromeco, cercado das maiores considerações, o criminoso matou seu patrão, enquanto este dormia. Depositou o cadáver à margem da estrada, cobriu-o com uma rede embebida em gasolina e ateou fogo - Preso, confessou o crime.
A morte do jovem do jovem José Joaquim Selbach consternou toda essa região. Conhecido pela sua simplicidade, bem quisto, moço, operoso, o seu passamento, em qualquer circunstância, seria motivo de grande pesar. O que dizer então dos sentimentos dos seus familiares, dos seus amigos e conhecidos, diante dessa morte estúpida com que o foi colher o destino, através da mão traiçoeira de um criminoso sem sentimentos, perverso e mau?
Quem era a vítima e quem era o criminoso?
José Joaquim Selbach - quase desnecessário dizer - era filho do Sr. Arno R. Selbach, comerciante em Santa Terezinha do Forromeco, e da Sra. Crescência Verônica Selbach. Irmão dos senhores Heitor Pedro Selbach, João Helmuth Selbach, Arno Selbach Jr., da Sra. Adela Selbach Juchem, esposa do Sr. Marcos Juchem, e das Srtas. Ana e Margarida Selbach. Contava 25 anos e era proprietário de um caminhão de carga, com o qual fazia viagens a São Paulo e Rio, para a Empresa Ristar.
Numa dessas viagens conhecu, há cerca de um mês, o chofer José Correa Filho, branco, de 23 anos de idade. Dizendo-se conhecedor de toda a região Norte e Nordeste do Brasil, José Corrêa Filho influenciou José Joaquim a realizar uma viagem até Recife, Pernambuco. Assentada essa viagem, José Correa Filho veio com José Joaquim para o sul, como ajudante. Durante a época da Páscoa, ficou hospedado na casa do Sr. Arno Selbach, cercado das melhores atenções de toda família. No domingo da páscoa, ele, como todas as pessoas da família Selbach, recebeu seu ninho com ovos e chocolate. Procurou captar a simpatia da família e, principalmente, da sua futura vítima, José Joaquim.
No dia 9, foi acentada a viagem a São Paulo, de onde ambos seguiriam para Recife. A 14 estiveram em São Paulo. A 15, no Rio. De 15 para 16, na estrada Rio-Bahia, no sul do estado de Minas Gerais, enquanto que Joaquim José dormia, estafado da longa viagem, foi morto por seu ajudante com uma certeira facada no coração. Em Muriaé, com o cadáver sobre a boléia do caminhão, o criminoso procurou comprar gasolina numa bomba e, não sendo atendido, adquiriu-a noutro posto. Em seguida, entrou num bar-restaurante e encomendou e comeu um "galleto". Perguntado acerca do companheiro de viagem, cuja presença fora notada (o cadáver, sentado no banco do caroneiro do caminhão), respondeu que se tratava de um irmão que não se sentia bem. Cerca de 13 kms além de Muriaé, perto de Itamuri, distrito do referido município, tirou o cadáver do caminhão, deitou-o à margem da estrada, encobriu-o com uma rede embebida em gasolina, ateou fogo e seguiu viagem. indo até Manhassú, a 130 kms de distância. Ali, foi dormir sobre o caminhão, depois de confiar a dois garotos a limpeza do veículo. Esses garotos, notando vestígios de sangue, levaram o fato ao conhecimento do policial destacado no local, que efetuou a prisão do criminoso, para averiguações. José Correa Filho, depois de alguma relutância, confessou o seu bárbaro crime. Conduzido até o local onde deixara o corpo entregue às labaredas da gasolina, este ali já não se encontrava. Havia sido sepultado. Esclarecido o fato, populares quiseram linchar o cri-
(cont. na 3. pág.)."
As outras noticias desta primeira página e O Município referem-se
a) ao oferecimento de área e isenção de impostos municipais feita pelo então prefeito Mário Leão para uma empresa que pretendia instalar uma fábrica de automóveis Renault no estado.
b) à informação, dada pelo governador Ildo Meneghetti ao prefeito caiense e ao Sr. Ersênio Pedro Schuetz (que pleiteavam ajuda para a construção do Ginásio São Sebastião) de que o Caí estava em primeiro lugar na lista das cidades a serem contempladas com a construção de uma hidráulica. As obras estavam orçadas em dez milhões de cruzeiros.
O Ginásio São Sebastião foi concluído e a hidráulica da CORSAN foi construída nos anos seguintes. O projeto da fábrica da Renault no estado não se concretizou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário