sexta-feira, 24 de maio de 2013

2029 - Barco cargueiro navegando no curso superior do rio Caí

Com barcos assim se transportavam cargas, mesmo nas águas revoltas do rio Caí em seu curso médio (mais próximo das nascentes)

Nas proximidades da cidade de Feliz, onde presumimos que foi feita essa foto (do álbum de Paul Karohl), não era possível navegar com barcos grandes. Os vapores só conseguiam navegar até o porto do Caí, pois o rio, acima daquele ponto, era muito encachoeirado. 
No entanto, se sabe que havia transporte de cargas pelo rio também no seu curso médio (1). Principalmente entre o Caí e o Passo Selbach (perto de Bom Princípio, um pouco a jusante da atual ponte da RS-122 nas proximidades daquela cidade).
Não se tem muita notícia da fabricação de barcos desse porte e qualidade no Caí, Bom Princípio e Feliz. Hoje, não se vê barcos desse porte e qualidade navegando no rio. Nos cursos médio e superior, só o que se avista são canoas, ou caícos, como se diz na região.
Sabe-se, porém, que o pioneiro Felipe Jacó Selbach (Philip Jakob Selbach) aprendeu a fabricar barcos quando era ainda jovem, em São José do Hortêncio. Seu pai trabalhou na construção de barcos na Alemanha e trouxe a técnica consigo, quando emigrou para o Brasil. 
Felipe Jacó foi um dos pioneiros na colonização de Bom Princípio e  trouxe a técnica de construção de barcos para a região do Caí médio.  Ele conseguiu, com isso, revolucionar a navegação nesse trecho do rio. Seus barcos, feitos com tamanho e formato adequados, melhoraram as condições de transporte de cargas. O que, certamente, o ajudou a tornar-se um grande comerciante.
Barcos pequenos, como o da foto, eram utilizados no transporte de cargas entre o Passo Selbach e a Várzea do Rio Branco.  Abaixo desse ponto, o rio é mais encachoeirado.  Existem ali, especialmente, as três cachoeiras, das quais a mais famosa é a da Ana Maria.
Por isso, os barcos atracavam num portinho situado na localidade de Várzea do Rio Branco, onde era feito o transbordo da carga do barco para uma carreta. A etapa seguinte do transporte, até São Sebastião do Caí, era feita pela estrada que costeia o rio, conhecida hoje como Estrada da Várzea.
É possível que os barcos produzidos por Jacó Felipe Selbach fossem muito semelhantes a esse da foto.

1 - O rio Caí é dividido em três partes: o curso baixo, que vai de Montenegro até a foz; o médio, de Montenegro até Nova Palmira (um pouco acima de Vale Real) e o alto, de Nova Palmira até as nascentes.

Foto do acervo de Paul Karohl, disponibilizada por Rubem Schneider

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