terça-feira, 25 de junho de 2013

2205 - O segundo jornal de Montenegro

O jornal Correio do Município foi fundado em 1901

O primeiro jornal editado em Montenegro foi O Montenegro, fundado em 23 de março de 1898, criado por Valdir Uchôa. Conforme escreveu Fernando Marcos Ronna em Montenegro Ontem & Hoje, edição de  1982, ele era impresso em tipografia própria. Provavelmente prestava serviços de tipografia para as empresas da cidade e região. O seu proprietário era também o redator do jornal, seu tipógrafo e impressor.
A profissão de tipógrafo, muito importante na época, hoje não mais existe. Esse profissional montava as páginas dos jornais juntando as letrinhas (tipos) uma a uma. Cada letra era um pequeno carimbo e elas eram colocadas, uma a uma, lado a lado, formando fileiras que correspondiam às frases. Todas elas presas sobre uma táboa, formavam um grande carimbo que correspondia a uma página. Assim, de uma forma extremamente trabalhosa e demorada eram impressos os jornais do interior até o início da segunda metade do século XX. O jornal O Município, de Wallace Kruse, no Cai, ainda era feito assim. O Progresso, de Montenegro, também foi feito dessa forma por muito tempo. 
O Fato Novo, em 1981, o Ibiá, um ano depois, e o Primeira Hora foram os jornais estáveis que primeiro utilizaram a moderna impressão offset.
No seu segundo número 2, O Montenegro se apresentou como "Órgão dos interesses do Município". Não durou um ano, devido a problemas com a administração municipal da época.
CORREIO DO MUNICÍPIO
Em 1901, foi criado o jornal Correio do Município, dirigido pelos proprietários Otávio Dias Ferraz e José Moreira Magalhães. O jornal saía duas vezes por semana (bisemanário), com quatro páginas por edição. Em 1903 os escritórios e oficinas estavam instalados na rua Capitão Porfírio. Mas, nesse mesmo ano, o jornal deixou de circular. O jornal foi transferido para São Leopoldo e depois para Caxias. Em 1909, Otávio Diaz Ferraz volta a Montenegro e o jornal retoma suas atividades e continua ativo até 1921.
É interessante que, devido às dificuldades com o transporte, os pequenos jornais do interior precisavam ter gráfica própria. Jornais como o Fato Novo e o Ibiá, quando surgiram (na década de 1980) já contavam  com a vantagem do asfalto e podiam fazer sua impressão em gráficas de terceiros, como a do jornal O Informativo, de Lajeado (cuja gráfica ficava em Estrela) ou no Pioneiro, de Caxias do Sul. Também devido à dificuldade de transporte, cidades como Montenegro e Caí tinham suas próprias fábricas de bebidas e torrefadoras de café, de móveis e inúmeras outras especialidades. Geralmente, fábricas de pequeno porte, voltadas para o atendimento aos consumidores locais. No Caí havia, por exemplo, uma fábrica de foguetes (fogos de artifício).
O PROGRESSO
Também em 1901 surgiu o jornal O Progresso, que se manteve em atividade por muitas décadas continua em ativo atualmente.
Na sua fase inicial, o jornal foi dirigido pelos irmãos Frederico Gabriel Lampert e Amândio Fidêncio Lampert. Dois importantes vultos da política montenegrina naquela época. Frederico veio a ser vice-prefeito municipal alguns anos mais tarde e Amândio foi prefeito (intendente, como se dizia na época) por oito anos, de 1908 a 1916.
Nessa época foi um jornal oficialista, ligado ao Partido Republicano, que dominou a política no estado por várias décadas. Em 1918, o secretário da prefeitura José Cândido de Campos Neto assumiu como diretor interino do jornal. 
Campos Neto é o autor do livro Montenegro. Obra importante e rara, que precisa ser reeditada ou, pelo menos, ter o seu conteúdo disponibilizado na internet.
O Progresso permaneceu ligado ao Partido Republicano  nos seus primeiros 25 anos.
Em 1945, o jornal foi vendido e a sua direção passou para Hélio Alves de Oliveira.
Entre os seus diretores, nas décadas seguintes, destacaram-se Manoel de Souza Moraes e Ilton Teixeira, que garantiram a sobrevivência do semanário. 

Foto do acervo de Romélio Oliveira

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