2519 - Nenhum médico na cidade

O doutor Cassel era um dos poucos médicos caienses
no início da década de 1980

No dia 23 de junho, quinta-feira, dona Marta Fuhr, residente no Matiel, passou por uma experiência muito difícil. Ela limpava o cisco acumulado pelas águas da enchente que havia invadido o jardim da sua casa, quando sentiu uma picada na mão. Achou, inicialmente, que fosse um espinho. Viu, entretanto, que havia uma aranha entre o cisco e tratou de matá-la com o pé.

Sua mão sangrava bastante e começou a arder intensamente. Foi para dentro de casa correndo e colocou uma pomada própria para picadas de aranha (Nupercainal), que tinha em casa em vista de serem frequentes as ocorrências deste tipo naquelas imediações. Ela mesma, seu pai e seu marido, Anildo Fuhr, já foram picados também por aranhas venenosas.

Voltou em seguida ao local onde fora picada pela aranha, acompanhada então pelo marido, pois pretendia mostrar-lhe a aranha que julgava esta ainda lá, esmagada pela sua pisada. Não a encontraram mais, entrentanto.

Então, dona Marta perdeu a visão e desmaiou. Foi levada pelo marido para sentar-se numa cadeira. Recuperou os sentidos rapidamente, mas quando tentou levantar-se, voltou a perder a visão. Ela sentia, então, uma dor muito forte. Mais intensa, mesmo, que as dores do parto, segundo ela mesma compara.

Assustado, o seu Anilo tratou de  colocar a esposa no carro e levá-la rapidamente ao médico. Foi até o Caí, bem próximo da sua casa, mas não encontrou nenhum médico de serviço, embora fosse quinta-feira pelo meio da tarde. Seguiram para Bom Princípio. Dona Marta sentia dores muito intensas e seu Anilo dirigia a 160 quilômetros por hora.

Chegaram ao hospital de Bom Princípio e as enfermeiras fizeram logo uma injeção. Depois disto foram procurar pelo doutor Ruy Fracasso, que encontrava-se no posto de saúde. Ele determinou que dona Marta ficasse um dia no hospital, em observação. No outro dia ela voltou para casa sentindo-se bem.

Matéria publicada pelo jornal Fato Novo em 11 de agosto de 1983