Izidoro Roque Gauer não só viu de perto o desenrolar da história de Feliz: ele ajudou a traçá-la
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O governador Walter Peracchi Barcelos (governou o estado de 1966 a 1971) visitou Feliz e foi recepcionado por lideranças locais. O homem mais alto, de terno escuro, bem à direita na foto, é Izidoro Roque Gauer, professor, intelectual, marido de Glória Barcarollo Gauer.
Izidoro casou com Glorinha em 1969 e faleceu em 20 de setembro de 2008.
Quando recebeu o título de Cidadão Benemérito de Feliz, em 2006, pediu desculpas aos filhos e à esposa, afinal, dedicara grande parte da sua vida aos outros, deixando a família em segundo plano. Foi secretário municipal, professor, diretor de escola, secretário do Lions, incentivador dos clubes de futebol, fundador dos escoteiros e dos bombeiros, enfim, quase tudo o que ocorreu na história recente de Feliz tinha uma pitada de Gauer.
Homem sábio, era apaixonado por letras e gastronomia. Uma boa leitura e uma boa comida lhe davam prazer. Izidoro foi colaborador do Fato Novo, há décadas, quando escrevia uma coluna em alemão.
Mas, muito pouco do que Izidoro escreveu foi publicado. É agora que as filhas e a esposa irão catalogar o material que ele rabiscou e catalogou, pois é muito provável que a história de Feliz esteja, em detalhes, em meio aos seus inúmeros recortes. Como cozinheiro era excelente, tendo feito incontáveis feijoadas e galinhadas para os amigos.
Doente nos últimos 15 anos, Gauer ia três vezes por semana para Porto Alegre onde fazia hemodiálise, afinal tinha sérios problemas renais. Lá fez grandes amigos e colecionou fãs.
Durante os 39 anos de casamento com Maria da Glória Barcarollo Gauer (Glorinha), o Professor Izidoro deixou incontáveis ensinamentos, tendo tido com ela três filhos (Robert, Haiderose e Ketrin). Os que com ele conviviam puderam usufruir seu eterno bom humor e presença de espírito. “Ele nos ensinou a amar a natureza”, disse a caçula Ketrin, sendo complementada por Haiderose que disse ter aprendido com o pai a amar a história.
Natural da localidade de Picada Cará (onde foi respeitado um minuto de silêncio em sua homenagem em ato político ocorrido segunda), Professor Izidoro sonhara ser padre, mas deixou o seminário para se dedicar à humanidade. Teria sido um grande padre, assim como foi um grande homem, mas, ao certo, como pai e professor conseguiu semear mais do que se tivesse seguido na vida religiosa.
No domingo, dia 21, ocorreu a missa de despedida de Izidoro, sendo uma celebração única na história de Feliz, afinal não estava presente o corpo do finado professor. Ele, muito lúcido, pediu para que o seu corpo, todo ele, fosse doado para uma universidade, para fins de estudos. “Ele não tinha nada e doou tudo”, disse a filha caçula. E neste espírito de doação, como muito bem sintetizou o médico Júlio André Reinehr, Izidoro será para sempre professor.
Matéria de Alex Steffen, no jornal Fato Novo de 23 de setembro de 2008
Foto divulgada no Facebook
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