A enchente ficou 10 centímetros abaixo da enchente de 2007, que foi a maior de todas, e três acima da de 2011 |
Depois de seis dias completamente sumido, nesta terça-feira o sol começou a fazer pequenas aparições, ainda tímidas, mas o suficiente para mostrar que estava voltando ao convívio dos montenegrinos. Durante sua ausência, a chuva tomou conta da região e o Rio Caí despejou o excesso de água sobre as cidades que tentam viver às suas margens. Famílias inteiras recolhidas para abrigos, empresas fechadas, escolas sem aula e trânsito alterado são apenas alguns dos transtornos da enchente. Na madrugada de ontem a medição feita pela empresa Tanac apontou 6 metros e 39 centímetros, ficando três centímetros acima da enchente de 2011, e apenas 10 centímetros abaixo da grande cheia de 2007. Números que servem para informar, mas que não importam muito a quem é atingido pelas águas.
Emergência e acolhimento
No início da tarde de ontem (terça-feira) o prefeito Paulo Azeredo decretou Situação de Emergência em Montenegro. Segundo as informações do Decreto 6317, 2 mil residências foram atingidas no município, envolvendo cerca de 10 mil pessoas.
A Prefeitura efetuou o resgate de mais de 40 famílias das áreas atingidas. Destas, 32 estão abrigadas no Ginásio Azulão do Parque Centenário, num total de 140 pessoas. No local, a equipe comandada pelo secretário de Habitação, Desenvolvimento Social e Cidadania, João Moreira, fornece alimentação, roupas de cama e colchões aos flagelados. Também foram providenciados biombos de lona preta, para que as famílias tenham um mínimo de privacidade.
O aposentado João Batista da Rocha, acompanhado da esposa e uma filha, além da irmã Odete Rocha, foi acolhido na noite de segunda-feira. Morador do bairro Industrial há 25 anos, somente nos últimos cinco começou a ser incomodado pelas cheias. “Antes a água ficava perto, mas não entrava na casa. Agora, a gente tem que sair correndo”, conta. O filho mais velho, de 23 anos, ficou na casa, dormindo no sótão, para guardar o imóvel contra saques.
Energia
Como acontece sempre nos eventos de cheias, nos locais onde a subida das águas pode colocar em risco a rede elétrica, a AES Sul corta o fornecimento. Em Montenegro, desde domingo, 2.666 residências ficaram sem luz. Somente no final da manhã desta terça-feira que as equipes da concessionária começaram as religações.
Antes os técnicos passam de casa em casa avaliando a situação, para evitar qualquer tipo de acidente.
Enquanto a luz de sua casa não era religada, o empresário Paulo Nunes vestiu um macacão impermeável e cruzou a enchente para comprar um item de extrema necessidade para sua família: gasolina. “Tenho um pequeno gerador de energia movido à gasolina e isto nos mantém tranqüilos”, explicava o morador há 30 anos do bairro Ferroviário. Ele observou ainda que a água não costumava chegar à sua casa. “Isto só passou a acontecer de uns tempos para cá”, apontou.
Solidariedade
Tão logo as águas começaram a subir, uma parceria se formou para auxiliar os desalojados pela cheia. As
Embaixatrizes Solidárias de Montenegro, junto com o núcleo local da Cruz Vermelha, pediram doações e a espera não foi grande. “O resultado foi imediato, na segunda-feira pela manhã já estávamos encaminhando muita coisa para o Parque Centenário, e hoje (ontem) estamos mandando mais”, explica Leninha Rodrigues, uma das coordenadoras.
A outra responsável pela entidade, Gislene Orth, acrescenta que existe um grupo de doadores que sempre atende aos chamados. “Basta um alô e já começam a chegar as doações”, aponta. “Ao longo destes quatro anos que estamos atuando as pessoas já confiam em nosso trabalho”, completa. Foram recebidas e distribuídas roupas de cama, alimentos e agasalhos. As Embaixatrizes alertam agora que os itens mais importantes para as famílias que começam a voltar para suas casas são materiais de higiene e limpeza, além de alimentos básicos, como arroz, feijão, massa, azeite e sal.
Instrução
Um grupo de soldados da Brigada Militar teve que mudar o local de seu curso de ingresso na Força Nacional de Segurança. Com a enchente que atingiu a Escola de Formação e Aperfeiçoamento de Montenegro, o preparo foi transferido para o quartel do Comando Regional de Policiamento Ostensivo, no bairro São João. Os equipamentos, porém, estão sendo retirados da escola desde a noite de domingo, usando um barco do Pelotão Ambiental. Segundo o sargento Claudenir Almeida, o processo vai continuar enquanto for necessário.
A troca da guarda na unidade de ensino é feita a cada 24 horas, também com uso de barco.
Melhores amigos
Loreni Behrens mora há 40 anos no bairro Industrial e já está acostumada com as enchentes. “Eu já perdi a conta de quantas já peguei”, conta. Na última segunda-feira ela e a neta, Maristele Dahmer, aguardavam a chegada de um parente que as levaria para um local seguro. Elas levavam apenas algumas sacolas com roupas e seis amigos muito especiais: seis cachorrinhos que não desgrudavam das donas. “Deus me livre sair de casa e não levá-los junto”, exclamava a aposentada. Enquanto quatro animais estavam nos colos das duas, os outros dois aguardavam sua vez, no chão.
Emergência e acolhimento
No início da tarde de ontem (terça-feira) o prefeito Paulo Azeredo decretou Situação de Emergência em Montenegro. Segundo as informações do Decreto 6317, 2 mil residências foram atingidas no município, envolvendo cerca de 10 mil pessoas.
A Prefeitura efetuou o resgate de mais de 40 famílias das áreas atingidas. Destas, 32 estão abrigadas no Ginásio Azulão do Parque Centenário, num total de 140 pessoas. No local, a equipe comandada pelo secretário de Habitação, Desenvolvimento Social e Cidadania, João Moreira, fornece alimentação, roupas de cama e colchões aos flagelados. Também foram providenciados biombos de lona preta, para que as famílias tenham um mínimo de privacidade.
O aposentado João Batista da Rocha, acompanhado da esposa e uma filha, além da irmã Odete Rocha, foi acolhido na noite de segunda-feira. Morador do bairro Industrial há 25 anos, somente nos últimos cinco começou a ser incomodado pelas cheias. “Antes a água ficava perto, mas não entrava na casa. Agora, a gente tem que sair correndo”, conta. O filho mais velho, de 23 anos, ficou na casa, dormindo no sótão, para guardar o imóvel contra saques.
Energia
Como acontece sempre nos eventos de cheias, nos locais onde a subida das águas pode colocar em risco a rede elétrica, a AES Sul corta o fornecimento. Em Montenegro, desde domingo, 2.666 residências ficaram sem luz. Somente no final da manhã desta terça-feira que as equipes da concessionária começaram as religações.
Antes os técnicos passam de casa em casa avaliando a situação, para evitar qualquer tipo de acidente.
Enquanto a luz de sua casa não era religada, o empresário Paulo Nunes vestiu um macacão impermeável e cruzou a enchente para comprar um item de extrema necessidade para sua família: gasolina. “Tenho um pequeno gerador de energia movido à gasolina e isto nos mantém tranqüilos”, explicava o morador há 30 anos do bairro Ferroviário. Ele observou ainda que a água não costumava chegar à sua casa. “Isto só passou a acontecer de uns tempos para cá”, apontou.
Solidariedade
Tão logo as águas começaram a subir, uma parceria se formou para auxiliar os desalojados pela cheia. As
Embaixatrizes Solidárias de Montenegro, junto com o núcleo local da Cruz Vermelha, pediram doações e a espera não foi grande. “O resultado foi imediato, na segunda-feira pela manhã já estávamos encaminhando muita coisa para o Parque Centenário, e hoje (ontem) estamos mandando mais”, explica Leninha Rodrigues, uma das coordenadoras.
A outra responsável pela entidade, Gislene Orth, acrescenta que existe um grupo de doadores que sempre atende aos chamados. “Basta um alô e já começam a chegar as doações”, aponta. “Ao longo destes quatro anos que estamos atuando as pessoas já confiam em nosso trabalho”, completa. Foram recebidas e distribuídas roupas de cama, alimentos e agasalhos. As Embaixatrizes alertam agora que os itens mais importantes para as famílias que começam a voltar para suas casas são materiais de higiene e limpeza, além de alimentos básicos, como arroz, feijão, massa, azeite e sal.
Instrução
Um grupo de soldados da Brigada Militar teve que mudar o local de seu curso de ingresso na Força Nacional de Segurança. Com a enchente que atingiu a Escola de Formação e Aperfeiçoamento de Montenegro, o preparo foi transferido para o quartel do Comando Regional de Policiamento Ostensivo, no bairro São João. Os equipamentos, porém, estão sendo retirados da escola desde a noite de domingo, usando um barco do Pelotão Ambiental. Segundo o sargento Claudenir Almeida, o processo vai continuar enquanto for necessário.
A troca da guarda na unidade de ensino é feita a cada 24 horas, também com uso de barco.
Melhores amigos
Loreni Behrens mora há 40 anos no bairro Industrial e já está acostumada com as enchentes. “Eu já perdi a conta de quantas já peguei”, conta. Na última segunda-feira ela e a neta, Maristele Dahmer, aguardavam a chegada de um parente que as levaria para um local seguro. Elas levavam apenas algumas sacolas com roupas e seis amigos muito especiais: seis cachorrinhos que não desgrudavam das donas. “Deus me livre sair de casa e não levá-los junto”, exclamava a aposentada. Enquanto quatro animais estavam nos colos das duas, os outros dois aguardavam sua vez, no chão.
Matéria de João Batista Cardoso para o jornal Fato Novo
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