Por trás da casa branca, se avistam as duas pontes antigas sobre o rio Gravataí: a de concreto, que é rodoviária, e a de ferro, que é ferroviária Foto do ano de 1942 |
No ano de 1971, Egon Schaeffer passava pelo bairro Niterói, indo a Porto Alegre, e avistou o prédio, quase em ruínas, do antigo Armazém Flores.
Esse prédio ficava ao lado da casa onde Egon havia residido, junto com seu pai e mãe, nos anos de 1941 e 42.
Resolveu parar para ver o local onde ele viveu quando tinha cinco anos de idade.
Parou o carro em frente ao portão do prédio da antiga filial da firma Ritter & Cia.
O velho prédio de alvenaria estava desbotado. Não parecendo o mesmo que foi inaugurado 30 anos antes.
Desceu do carro para ver melhor o local e um homem mal humorado saiu da casa ao lado do armazém, a mesma em que Egon e seus pais haviam morado, e disse:
"Nenhum advogado
vai me tirar daqui. Eu tenho os meus direitos".
Chamava-se Luis Aristides dos Santos e
era um aposentado da Brigada Militar que não tinha onde morar e foi colocado ali
para zelar pelo armazém e o imóvel.
Quando Egon disse que não era advogado e estava olhando o local apenas porque havia morado ali na
infância, o homem tornou-se amável, apresentou sua família e convidou para entrar.
O ex-brigadiano morava ali com a esposa e dois filhos e eles seriam despejados porque estavam previstas obras naquele local (talvez o alargamento da rodovia),
Egon não
ultrapassou o portão, pois tinha compromisso em Porto Alegre, mas orientou o homem a ir a Porto Alegre, no edifício onde faziam o remanejamento
de brigadianos para casas de propriedade do governo.
O encarregado desse setor era o
sargento Ulisses Bahy Soriano, ex-componente do Trio Farroupilha.
Mais tarde, Ulisses contou que resolveu o problema do brigadiano e que ele disse que um anjo havia aparecido para
tirá-lo daquela situação.
Dessa forma, dois ex-componentes do Trio Farroupilha resolveram o problema de um antigo brigadiano ameaçado de se tornar um sem teto.
Os prédios ficaram na enchente
O bairro Niterói, no início da década de 1950, foi beneficiado pela construção da rua Gravataí, que começa na BR-116 e segue beirando a margem do rio, em direção à cidade desse mesmo nome.
Essa rua foi feita sobre um dique e isso acabou com o problema das enchentes no bairro Niterói. O prédio da firma Ritter, a casa onde morou a família Schaeffer e o armazém Flores, no entanto, ficaram entre a rua Gravataí e o rio Gravataí, continuando expostas às enchentes.
Foto do acervo de Egon Arnoni Schaeffer
Nenhum comentário:
Postar um comentário