domingo, 9 de fevereiro de 2014

3660 - O castigo de Laudelino

O guarda municipal Laudelino Ferreira da Silva, teria sido o autor do disparo que matou Alípio Pires. Ele teria feito isso em troca de um conto de réis. Foi preso por dois meses e adoeceu. Foi, então, recolhido ao hospital da cidade. Segundo a interpretação de Duclece Pires, ele estava completamente transtornado pelo medo de que seria morto 
Certo dia ele pediu para ver a viúva Miguelina e os seus filhos. A madre diretora do hospital insistiu muito com Miguelina para que ela atendesse a esse pedido, pois Laudelino, estava moribundo e queria pedir perdão. Isso talvez lhe desse um pouco de paz nos seus últimos dias. Miguelina atendeu ao pedido da madre, mas não levou as crianças. Fez bem, pois a cena que ocorreu no quarto do hospital foi patética. Logo que ela e a madre entraram, Laudelino se ajoelhou e, gritando histericamente, dizia:
- Perdão, Alípio. Perdão, pelo amor de Deus.
A mulher de Laudelino, ajoelhada ao lado da cama, o segurava abraçada a suas pernas, chorando. Laudelino continuou chorando, pedindo perdão e foi definhando até o seu último suspiro. Morreu sem dizer quem foi o mandante.
Na análise d Deoclece Pires, Laudelino teria sido levado a julgamento, mas provavelmente lhe seria imputada uma pena branda, baseando-se o juiz na atenuante da legítima defesa por antecipação, que era utilizada na época, quando isso servia ao interesse dos poderosos.
Alípio foi enterrado perto do jazigo de seu pai, o Tenente Ernesto Pires, na entrada do cemitério de São Sebastião do Caí. O seu túmulo é modesto e não tem inscrição alguma. Apenas uma cruz de ferro com o seu nome; Alípio Pires.

Texto baseado na narrativa de Deoclece Pires, no livro Os Provisórios



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