O curtume A P Müller foi um dos pioneiros da curtição de couros no município de Portão |
Em fevereiro de 1926, meu pai Arthur Pedro Müller iniciava a produção de 100 peles curtidas com tanino vegetal ao mês.
Arthur Pedro Müller, bisneto de imigrantes alemães, iniciou-se na profissão de curtidor por influência de um tio, proprietário de um curtume. Para aprender a profissão e dominar as técnicas da época, quando tudo era artesanal e braçal, trabalhou 4 anos como aprendiz, praticamente sem salário, somente pela cama, comida e roupa lavada. Após, trabalhou mas 4 anos como oficial (derivado de ofício) em 4 curtumes diferentes, afim de dominar perfeitamente a profissão.
Quando foi falar com seu futuro sogro em casar com sua filha, esta avaliou primeiro sua profissão e seus conhecimentos, uma vez que ele já havia trabalhado com seu pai, que além de agricultor, era sapateiro e tinha anexo um pequeno curtume artesanal para produzir as solas e cabedais que consumia.
Assim, com os conhecimentos adquiridos em 8 anos de trabalho em curtumes e o apoio do sogro, deu-se início a uma indústria de curtimento vegetal, que sempre teve como lema A EXCELÊNCIA DE SEUS PRODUTOS. Para isto, nunca poupou esforços em pesquisa, no desenvolvimento de novas tecnologias, equipamentos e máquinas, todas sempre voltadas ao curtimento vegetal, usando taninos oriundos de plantas nativas como a capororoca, araçá, aroeira, quebracho, castanheira e acácia negra "Mimosa".
A matéria prima era originária da região. Pequenas marchantarias espalhadas por todo o estado, secavam ao sol as peles, que posteriormente eram vendidas a comerciantes, que por sua vez forneciam aos curtumes.
Existiam, também, nos principais polos produtores de bovinos, as charqueadas, hoje substituídas por frigoríficos, onde a pele passou a ser conservada com sal (cloreto de sódio).
No início da década de 30, o engenheiro químico Paulo Jacques Feltes iniciou o curtimento com sal de cromo, um derivado mineral, e que teve um extraordinário incremento, especialmente devido ao grande investimento feito pela Bayer, única produtora de sal de cromo em todo o mundo.
Com o advento da Segunda Guerra Mundial, a demanda de couros para fins bélicos aumentou
consideravelmente. Os EE.UU. e os países europeus iniciaram grandes importações do Brasil. O couro usado para sola continuava com curtimento ao tanino, porém os couros para cabedais teriam que ser ao cromo (principal motivo: o couro curtido ao cromo é repelente ao fogo e mais impermeável à humidade).
A partir de então, o curtimento ao cromo cresceu chegando hoje a representar algo em torno de 80%.
Todavia, o nosso curtume não mudou, A.P. MÜLLER S.A. continua produzindo couros curtidos ao tanino vegetal, cujas principais características são:
a. o seu processo não agride o meio ambiente;
b. o produto não provoca nenhuma reação alérgica;
c. o produto possui maior poder de absorção;
d. o produto permite melhor descarga de energia estática
e. o produto alcança maior brilho no acabamento final;
f. os produtos estampados apresentam as melhores características;
g. os resíduos resultantes na sua produção são degradáveis e servem para uso em compostagens na produção de adubos.
Os nossos produtos destinam-se para móveis estofados, decorações, encadernações, bolsas, pastas, carteiras, cintos e outros artefatos.
CURTUME é uma indústria de transformação, transforma uma pele in natura num couro imputrescível, macio, sedoso e que recebe no final um acabamento pigmentado ou em anilina, nas cores e brilhos desejados, bem como en estamparias imitando répteis, etc.
Foto extraída do site Google Earth
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