3904 - Circo Lambari e o seu triste fim, em Montenegro

O circo Lambari em Montenegro

O dono do Circo Lambari chamava-se Jesus Luis Penha. mas era conhecido mesmo como Lambari. 

Nasceu em São José do Rio Preto, interior de São Paulo, em 1922. 

Em 1930, junto com seu irmão gêmeo formou a dupla Lambari e Laranjinha. Aos oito anos de idade, com Lambari no cavaquinho e Laranjinha no violão, eles já cantavam no rádio. 

Um anão chamado José Bartolo falou com os pais dos meninos, Joaquim Luis Afonso e Maria Bonifácio Penha e obteve permissão para incluir a dupla num pequeno circo que se apresentava em Tanabi, no estado de São Paulo. 

O circo se mudava de cidade em cidade, e com o passar dos anos, a dupla mirim tornou-se a sua maior atração. Gravaram discos, cantaram ao lado de Cascatinha e Inhana, Zé Carreiro e Carreirinha, Dino Franco e Marai e Tonico e Tinoco. 

Laranjinha faleceu e Lambari, com 20 anos, seguiu carreira como palhaço fazendo comédias inspiradas em Mazaroppi. 

Em 1950 comprou o próprio circo. Os tecidos vieram das Lojas Riachuelo e, artezanalmente, ele mesmo costurou a cobertura, com auxílio de outros. E assim também foram feitas as cadeiras. 

A orquestra era somente uma sanfona. Tornou-se tão espetacular como palhaço, intérprete de dramas e cantor que era contratado por grandes circos. Enquanto isto, nas mãos de seu auxiliar Vargas que também era palhaço, o pequeno circo que levava seu nome seguia sua trajetória, principalmente no sul do país. 

Lambari enriqueceu por ter sido um dos artistas mais bem pagos da sua época. Ele comprou, então, o Circo Miami 2000, instalado no bairro Verdão em Cuiabá, justo quando completava 70 anos de idade, no ano de 1992. 

Os Montenegrinos conheciam o Circo Lambari há muitos anos, mas talvez só tenham visto o verdadeiro palhaço poucas vezes, pois o seu substituto Raimundo Vargas e o filho que recebeu o nome do Presidente Getúlio Vargas, é que, na ausência do pai assumiam o papel de palhaço Lambari.

Raimundo tinha o apelido de Índio, pois amarrava o cabelo ao estilo dos pele vermelhas americanos. 

Em 1977, já em Montenegro, o circo surgiu sem os leões e cavalos, pois passavam fome e foram doados. Os artistas, que também tiveram dificuldades, abandonaram o circo seguindo outros rumos. 

O circo Lambari, sempre que se apresentava em Montenegro, instalava-se no Bairro Santo Antônio no quarteirão descampado em frente à rua José Clodomiro Machado. Ficava três meses e migrava para a Timbaúva, se instalando próximo ao engenho de arroz de Paulo Endres. 

O Circo Lambari teve o seu fim em Montenegro. O filho de Vargas foi contratado por outro circo e o pai Raimundo Vargas, com 73 anos, foi acolhido com sua casinha num terreno no Bairro Santo Antônio por Rube Garcia Rocha, que depois levou o idoso para Porto Alegre, o instalando na propriedade de um amigo. 

Rube Garcia Rocha foi eleito vereador em 1996.Tanto ele como os outros moradores do bairro foram testemunhas do melancólico fim do Circo Lambari. 

Texto de Egon Arnoni Schaeffer, com dados de São Paulo colhidos de Ivan Belém