O piquenique reuniu os casais Edmundo e Wilma Schaeffer (à esquerda) mais Carlos e Tereza Klever |
Insatisfeito por isso, Egon se pôs a imaginar o que seus pais e o casal amigo poderiam ter dito naquela ocasião.
Como era época de intensa movimentação política (o ano de 1933), os dois casais abordaram esse tema.
Foi mencionado o nome de Luis Carlos Prestes, gaúcho de Porto Alegre que liderou a famosa coluna Prestes, um movimento militar mal sucedido no qual Prestes comandou 1.500 anos numa grande jornada que começou em Santo Ângelo, no ano de 1924.
Wilma morava em Cerro Cadeado, localidade pela qual Prestes passou com a sua tropa de revolucionários e ela viu essa movimentação, quando tinha nove anos de idade.
Prestes, mais tarde, tornou-se o líder do Partido Comunista Brasileiro, mas na época da coluna ainda não tinha essas idéias. Era apenas contrário à política adotada pelo governo.
Ele antecipou, de certa forma, o movimento vitorioso que, em 1930, levou Getúlio Vargas ao comando da nação.
Edmundo criticou prestes, dizendo que a coluna foi uma loucura. Fez 1.500 homens percorrerem 25.000 quilômetros pelo país e até fora dele e causando a morte de muitos soldados por cansaço, fome e doença; muito mais do que em combate.
Querendo falar de coisas mais agradáveis, Edmundo comentou que, quando tinha cinco anos de idade, teve o privilégio de ver o cometa Haley. Wilma disse que não havia tido essa oportunidade, pois não era nascida. Edmundo comentou que ela teria nova chance em 1986, pois o Haley reaparece a cada 76 anos.
Wilma realizou esse desejo, mas Edmundo não, pois partiu prematuramente em outubro de 1958.
Encontro com um dos revolucionários da Coluna Prestes
Egon Schaeffer não havia nascido, na época em que ocorreu a grande peregrinação de Prestes e seus comandados. Mesmo assim, teve a oportunidade de conhecer pessoalmente um daqueles 1.500 homens que participaram da grande jornada.
Foi em março de 1990 caminhava pela rua Almirante Tamandaré, em Tramandaí, e foi bater palmas na frente da casa de uma família amiga. Estava tudo fechado e silencioso e ele concluiu que não havia ninguém em casa.
Já ia embora quando surgiu no pátio um velhinho perguntando o que ele queria.
Explicou e começaram a conversar. Egon perguntou se era o zelador.
-Sim - respondeu o idoso - porém já fui um guerreiro e estou triste pois, dias atrás, morreu o meu líder, Luis Carlos Prestes. Revelou, então, que ele havia feito parte da Coluna Prestes.
Incrédulo, Egon disse que conhecia a história e o homem lhe contou mais.
"Tem gente achando que sou louco", ele disse. "Prestes era um homem inteligente e estrategista. De noite, quando as tropas inimigas acampavam, ele colocava uma roupa velha e um chapéu de palha, enchia um balaio de laranjas e se fingia de vendedor. Assim, caminhando entre eles ouvia os planos dos inimigos.
Egon perguntou se tinha acompanhado a Coluna até o fim. "Eu não!" ele respondeu rindo, "pois aquela caminhada infindável não tinha mais sentido. E tem mais! Não fui só eu. Foram muitos que abandonaram a coluna."
E encerrou dizendo que quase todos desertaram para formar um lar e viver tranquilos. Egon despediu-se desse senhor, que se chamava Feliciano e tiha 88 anos, e voltou para o apartamento satisfeito por haver tido a oportunidade de aprender um pouco mais sobre esse importante episódio histórico.
Texto de Egon Arnoni Schaeffer e foto do seu acervo
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