quarta-feira, 1 de outubro de 2014

4867 - O último escravo de Costa da Serra




Anacleto nasceu como filho de escravos e viveu na Costa da Serra,
entre os colonos alemães, até a década de 1960
Entre os amigos de Edmundo Albino Schaeffer, figurava aquele que todos consideravam o último escravo da região. Todos gostavam de Anacleto José da Costa Sílvio Lopes,pois além de ser simpático e brincalhão, ele falava alemão.
Na costa da Serra todos simpatizavam e tinham respeito por ele.
Anacleto José da Costa foi o seu primeiro dono e Silvio Lopes o segundo. Esses o trataram como um filho. 
Anacleto nasceu filho de escravos, por volta de 1880, e viveu até a década de 1960. 
Era auxiliado pela comunidade e em algumas raras vezes prestava pequenos serviços.
Leopoldo Schaeffer, o principal comerciante da comunidade, era bondoso com ele, dando-lhe roupas para se vestir. Inclusive um poncho, que Anacleto usava com orgulho.
Com Edmundo ele brincava muito, falando em alemão. Quem não o conhecia,  e os que ficava espantado, surpreso por ver um homem negro falando essa língua.
Pode se imaginar Anacleto dizendo:
"Albin...tu hast ima di machin to in di hand! Ich wil hoch uf son pild sin (Albino...tu tem sempre a máquina ai na mão! Eu quero também sobre uma foto dessa estar).
E Edmundo, rindo, lhe responder:
"Tan tu tich mo richtich hin schtele un tu mal ain egliche fratz maha",(Então te bota uma vez numa posição bem parada e faça uma careta feia".). 
Anacleto se empinou, levantou o bastão e disse:
"Mit tem schtok un di fratz tun ti kina al ausraise fon lauda pank".(Com esse bastão e a careta vão as criânças todas fugir de tanto medo".
E assim, em clima de  descontração e perante um bom público de curiosos, Edmundo fez essas duas fotos que são uma verdadeira raridade e dizem muito sobre a história da região.

Texto de Egon Arnoni Schaeffer e fotos do seu acervo.

Um comentário:

  1. Como era o nome dele? Anacleto? Pois o texto é bem confuso, dizendo que Anacleto foi "o primeiro dono dele". Dono, não. Outro erro. Quem o comprou era escravocrata e ainda por cima descumpriu a Lei do Ventre Livre, pois se Anacleto nasceu em 1880 já não deveria ser escravo. A lei é de 1871.
    Essa história de "tratar como filho" perdura até hoje, com as empregadas domésticas. Usam esse argumento para disfarçarem a imensidão de desigualdade e muitas vezes de servidão imposta.

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