Em 1935, a sede do Clube Riograndense ainda tinha sua frente para a rua Ramiro Barcelos
Tal como aconteceu depois, na segunda guerra mundial, também na primeira o governo brasileiro posicionou-se contra a Alemanha, apoiando a Inglaterra no conflito.
Inicialmente, o país manteve-se neutro, mas em 1917 declarou guerra à Alemanha e isso causou sérias dificuldades para os imigrantes alemães no Brasil, que passaram a ser vistos como inimigos dentro do país. Houveram manifestações violentas nas ruas, depredações e outros atos violentos, principalmente contra empresas e entidades ligadas à colônia alemã.
Já antes da declaração formal de guerra, havia um forte clima de animosidade contra os alemães ou descendentes de alemães que viviam no Brasil.
Em abril daquele ano o juiz de Montenegro, doutor Klinger de Oliveira convidou o presidente do clube, Edmundo Matzembacher, para uma reunião na sua residência particular. O presidente compareceu acompanhado do pastor Bruno Stisinsky, do tesoureiro Frederico Hamann e do secretário Júlio Brietske. O juiz dinformou à comitiva que "haviam avisos, não só daqui como da capital do estado, que o povo tomará medidas afim de que a Gesellschaft Germânia (como era chamado, então, o Clube Riograndense) se nacionalize, caso contrário será destruída." Informou também que a Guarda Municipal não dispõe de efetivo suficiente para garantir a concretização dessa ameaça e nem o governo estadual poderia mandar efetivos para isso, já que ameaças semelhantes ocorrem em Porto Alegre e outras cidades. Ponderou que os associados do clube reagirem seria uma temeridade, mesmo que fizessem isso armados. "O povo, quando quer, manda", disse o magistrado. Propôs, então, que o clube mudasse de nome e fizesse algumas alterações nos seus estatutos, além de evitar manifestações que possam ferir os brios dos brasileiros.
A diretoria da sociedade, no dia 3 de maio , convocou uma assembléia extraordinária, que contou com a participação de 42 associados, que concordaram em atender às recomendações do magistrado. No dia 14 de maio, foi mandada uma carta ao governo do estado informando a mudança do nome da sociedade para Clube Riograndense. Cinco meses depois, em 26 de outubro, o Brasil declarou guerra à Alemanha.
No dia 11 de novembro, terminou a guerra, com derrota para a Alemanha. A vitória foi festejada nas ruas de grande número de cidades, inclusive em Montenegro. Mas não foram manifestações apenas de alegria.
Os manifestantes exigiram que o intendente (prefeito) doutor Joaquim Oliveira entregasse os troféus, bandeiras, retratos e outros objetos históricos da antiga sociedade Germânia que estavam sob a sua guarda. Os manifestantes arrastaram esses objetos pelas ruas da cidade até chegarem à frente do clube, onde os queimaram numa grande fogueira.
Apesar dessa ameaça, o Clube Riograndense prosseguiu suas atividades normalmente, assumindo papel de destaque cada vez maior na vida montenegrina.
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