Ferrovia construída por João Corrêa fez surgir as cidades de Canela e Gramado e iniciou a atividade turística |
Ao lado do Hospital da Unimed, começa uma rua que, partindo da avenida Júlio Renner, chega até a rodovia Maurício Cardoso. Seu nome é rua João Corrêa.
A pessoa homenageada com essa denominação é João Corrêa, um grande empreendedor nascido em Santa Maria no ano de 1863.
Foi um notável empreiteiro, construtor de grandes obras públicas. A primeira delas foi um trecho de 70 quilômetros da ferrovia que liga Val da Serra a Cruz Alta, na região próxima a Santa Maria.
Foi uma obra demorada e, durante a sua execução, João Corrêa teve de morar, com a família, em acampamentos montados ao longo da estrada em construção. Concluiu essa obra em 1896 foi morar em São Leopoldo, onde foi contratado para fazer o primeiro calçamento de rua naquela cidade.
Em 1898 foi contratado para construir a rodovia ligando Montenegro a Nova Prata (antiga estrada Buarque de Macedo, passando por Bento Gonçalves).
Essa estrada já existia e, portanto, João Corrêa fez melhoramentos na mesma.
Com isso sua família passou a morar em Montenegro. Ao mesmo tempo, ele assumiu as obras da ponte de ferro ainda existente na cidade de Feliz e melhoramentos na estrada Rio Branco, que ligava o Caí a Caxias do Sul.
Em 1902, João Corrêa assumiu a construção do cais do porto de Montenegro. Obra monumental para os padrões da época. Na época, o porto montenegrino era considerado o mais extenso do estado. Mesmo assim, a obra foi inaugurada em dois anos.
Em 1905, ele assumiu outra obra monumental: a estrada de ferro de São Leopoldo a Montenegro e de Montenegro a Salvador do Sul. Obra de grande dificuldade, devido ao trecho de subida da serra e que incluiu a abertura do primeiro túnel em curva do estado, na localidade de Linha Bonita Alta.
Em 1911, Corrêa cria a firma João Corrêa & Filhos (junto com os filhos João Manoel, Danton, e Carlos Corrêa da Silva). No ano seguinte começaram a enfrentar um grande desafio: a construção de uma estrada de ferro ligando Taquara a Canela (passando por Gramado). Dois anos depois a obra chegava até a localidade de Sander (nos arredores da cidade de Três Coroas), com 20 quilômetros de extensão. Em 1914, em consequência da primeira grande guerra mundial, foi necessário interromper a obra.
Em 1916, a obra foi reiniciada e, em 1919, chegou à localidade de Várzea Grande, onde os paredões da serra representavam um obstáculo difícil de ser superado, pois os trens não vencem subidas fortes. Foram feitos estudos e consultas a especialistas, até que os próprios empreendedores encontraram uma solução engenhosa para o problema: num trecho de quatro quilômetros, o trem andava em marcha-ré. Em 1921 a estrada chegou a Gramado e, três anos depois, a Gramado. A obra levou 21 anos para ser concluída e serviu para impulsionar a grande riqueza proporcionada pelas madeireiras, que abatiam as araucárias (árvores retilínias, excelentes para produção de madeira) e as transportavam, a duras penas, em carretas até os centros consumidores (principalmente Porto Alegre e São Leopoldo) percorrendo estradas precárias.
O trem fez Canela e Gramado se desenvolverem, inicialmente pelo transporte mais fácil da madeira e, depois, pelo turismo. Na época, os médicos recomendavam a mudança de ares: a transferência para regiões de ar mais limpo, como a serra e a praia. O que era especialmente recomendado para pessoas que sofriam de tuberculose (doença terrível e incurável na época). Veraneios na serra ou no litoral, segundo os médicos, possibilitavam o prolongamento da vida da pessoa doente. Os Hotéis de veraneio surgidos em Canela e Gramado foram o início da transformação dessas cidades no grande polo turístico que são hoje.
Em 1924, o João Corrêa construiu o Grande Hotel, em Canela, que foi o primeiro hotel de veraneio da região.
Em 1926, ele desfez a empresa para assumir o cargo de intendente de São Leopoldo. Passou, então, a residir em São Leopoldo, onde veio a falecer dois anos após, com 65 anos.
Traços biográficos, de Elisa Moojen Arpini e Análise Organizacional de Destinos Turísticos ..., de Edegar Luis Tomazzoni, Eric Dorion e Alexandra Zottis
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