Na história dos meios de transporte da humanidade como um todo e, também, na da nossa região, não pode deixar de ser considerado o estudo da carreta de bois. Na fase inicial da colonização do Vale do Caí, ela esteve ao lado das canoas e lanchões, do cavalo e da mula entre os mais destacados instrumentos utilizados pelos primeiros povoadores da região.
Naquela época as estradas eram muito precárias ou mesmo inesistentes. As picadas - caminhos estreitos em meio à mata - eram os caminhos mais encontráveis por aqui ainda na metade do século XIX. E andar a pé era uma das formas mais comuns de transporte utilizadas pela população nesta mesma época. Prova disto está no livro As Vítimas do Bugre, em que é narrada a viagem a pé dos colonos chegados ao Vale do Caí há 150 anos. Levando seus bens e suas crianças, os imigrantes foram a pé de São Leopoldo até a atual São Vendelino, onde se fixaram como agricultores. Muitas picadas eram tão estreitas que não podiam ser percorridas por carretas. E, ao contrário do que acontecia na região da fronteira, onde os campos se estendiam a perder de vista, a maior parte do Vale do Caí era coberta por densas e quase intransponíveis florestas. Quando o tempo era de muitas chuvas, então, os caminhos se tornavam mais difíceis. Ainda no final do século XIX e até mesmo do início do século XXas estradas importantes ficavam em péssimas condições, ponto dos cavalos afundarem no barro até o joelho. Nestas condições era impossível transitar por estas estradas com carretas.
Por tudo isto eram muito utilizadas as mulas para o transporte de cargas. Com isto elas eram chamadas de cargueiros. Dois cestos grandes eram amarrados entre si e colocados no lombo da mula, pendendo um para cada lado. Uma antiga estrada que passa por Estância Velha ainda hoje é conhecida como Picada das Mulas. É a evolução para estrada da antiga picada que foi usada pelos colonos desde o início da imigração e que eles chamavam de Mule Picade.
As carretas eram muito utilizadas pelos luso-brasileiros que povoaram a região campeira. Mas elas eram tecnologicamente atrasadas em relação ao que havia na Europa. Por isto os colonos alemães que chegaram ao Brasil a partir de 1824 tinham, também neste aspecto, uma contribuição importante a dar para o avanço teconológico no Rio Grande do Sul.
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