sábado, 22 de agosto de 2009

259 - Os prejuízos da revolução

Os negócios iniciados por Bernardo Mateus não foram muito adiante porque em 1835 começou a Revolução Farroupilha, que causou enorme desordem na estrutura social e econômica da província. A morte de Bernardo, em 1836, também contribuiu para isto.
No seu testamento, Bernardo deixou 150 mil réis para a Santa Casa de Misericórdia, de Porto Alegre. Declarou libertos a escrava Joaquina e seus filhos, contemplou com alguns bens a negra Joaquina e seus filhos e nomeou como seu herdeiro universal o filhos dela (e dele) chamado Francisco, que já era liberto desde o nascimento.
Joaquina e seus filhos ainda muito jovens não tiveram condições de levar adiante as atividades empresariais iniciadas por Bernardo. Ainda mais que tiveram de enfrentar as grandes adversidades advindas da guerra farroupilha. Segundo o inventariante José Inácio Mineiro, saques promovidos pelos guerrilheiros farroupilhas causaram grandes danos e perdas à propriedade e também as forças governamentais se apropriaram de bens, especialmente cavalos, da propriedade.
Em fevereiro de 1843 os dois escravos que não foram alforriados, Catarina e Antônio, foram vendidos em leilão, na cidade de Porto Alegre. Catarina foi vendida por 257 mil réis. Antônio, que era aleijado, não teve pretendentes e conseguiu comprar a sua liberdade pagando 101 mil réis.
Quanto a Francisco Mateus, o herdeiro das terras de Bernardo, consta que ele andou desaparecido durante a Revolução Farroupilha. Francisco nasceu em 1826 e tinha, portanto, nove anos quando começou a revolução e 19 quando ela terminou, em 1845. Mesmo assim, segundo informou o fazendeiro Antônio José da Silva Guimarães, vizinho de Bernardo Mateus, “foi agarrado pela gente de Bento Manoel e se retirou do sítio e lugar da sua vivenda e até hoje não há notícias dele senão mui vagas, que andava nas forças rebeldes.”
Francisco voltou depois do término da revolução e tomou posse das terras herdadas de seu pai. E deve ter permanecido no Caí, e na posse das terras, pois em 1864 ele aparece como sendo o doador do terreno no qual foi construída a igreja católica da cidade.
Assim, foi este homem mulato, filho de uma escrava, que teve a honra - e a generosidade - de doar à Igreja o terreno no qual se ergue hoje a igreja matriz de São Sebastião, no centro do Caí.

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