Napoleão era getulista e, quando Getúlio Vargas morreu, coube a ele a oportunidade histórica de ler no senado a Carta Testamento deixada pelo presidente. No livro A Novembrada, o historiador Hélio Silva relata o seguinte:
“Naquelas primeiras horas após o falecimento de Vargas, o impacto, a confusão criada, a multiplicação de boatos, tudo isto favoreceu a ação dos agitadores. Alguns destes se infiltraram nos sindicatos de operários, espalhando a notícia de que Café Filho (o vice de Getúlio) pretendia nomear para a Pasta do Trabalho um dos diretores da Associação Comercial com a finalidade de revogar a legislação social implantada por Vargas. Temeroso da provável repercussão, Café Filho procurou escolher logo um sucessor para Hugo de Farias. Teria de ser alguém ligado à política trabalhista. Pensou em Marcondes Filho, que não aceitou. Por intermédio de Artur Bernardes Filho, entrou em contato com o senador Napoleão de Alencastro Guimarães, convidando-o para ser o Ministro do Trabalho. Não poderia ter sido mais oportuna a escolha, pois o novo ministro era figura de confiança de Getúlio Vargas. Fora ele quem, naquele mesmo dia, lera na tribuna do Senado a Carta Testamento. Café Filho, nomeando Alencastro Guimarães, obtinha um grande trunfo, pois dava uma demonstração pública de que não pretendia fazer modificações na política trabalhista.”
Napoleão de Alencastro Guimarães, que então ostentava a patente de Major, exerceu o cargo de ministro do Trabalho, Comércio e Indústria durante todo o curto governo do presidente Café Filho, que durou de 24 de agosto de 1954 a 9 de novembro de 1955. Napoleão continuou no cargo no curto governo do sucessor de Café Filho, Carlos Luz, até o seu término, em 11 de novembro de 1955.
O caiense Napoleão de Alencastro Guimarães foi um político importante na décade de 50, admirado e respeitado por uns e detestado por outros. No site do PDT na internet, um texto sobre a história do trabalhismo fala dele em termos nada elogiosos.
“Consumado o golpe, Café Filho, traidor do trabalhismo, assume o Governo e forma um governo udenista e atrai os adesistas de sempre, inclusive alguns do PTB, que logo depois são punidos com a expulsão. Já no dia 25 de agosto, em pleno clima emocional, com a população nas ruas chorando Getúlio e incendiando jornais e outros símbolos do poder econômico, a executiva nacional do PTB denuncia o novo governo como reacionário e inimigo dos trabalhadores.
Café Filho contra-ataca, entregando o ministério do Trabalho a um adesista do PTB, de nome Napoleão de Alencastro Guimarães, senador de posições marcadamente conservadoras. Como resposta a essa indicação, a direção do partido decidiu proclamar que o novo ministro do Trabalho não representava o pensamento do PTB, chegando alguns setores a pedir sua expulsão sumária. Ao mesmo tempo, setores antigetulistas, inclusive alguns adesistas do próprio PTB, liderados por Alencastro Guimarães, procuravam demolir a estrutura do partido e denegrir a atuação de Goulart à frente do ministério do Trabalho.”
Napoleão Alencastro Guimarães faleceu em 21 de setembro de 1964.
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