sábado, 24 de outubro de 2009

462 - A trágica viagem no veleiro Cecília

As viagens transatlânticas não eram nada confortáveis na época em que os primeiros colonos alemães vieram para o Brasil, no início do século XIX. Pior do que isto, com as péssimas condições de higiene e da época e com a falta de recursos médicos, fazer estas viagens era muito perigoso e muitas pessoas morreram durante a travessia do Oceano Atlântico. Ou, como foi o caso do pai de João Guilherme Winter, na viagem de barco do porto do Rio de Janeiro para o de Rio Grande.
Poucas viagens, entretanto, foram tão arriscadas e penosas como aquela em que João Guilherme, seus pais e irmãos fizeram no veleiro Cäcilia (Cecília). Este navio saiu do porto alemão de Bremen em janeiro de 1827 mas naufragou logo no início da viagem, de modo que a maioria dos passageiros só chegaram ao Brasil em 1829.
Há mais de cem anos o Padre Theodor Amstad colheu a história desta viagem contada por pessoas que dela participaram (ou de descendentes das mesmas) e a narrou nos seguintes termos:
“No Canal da Mancha o navio foi tomado por uma forte tormenta. Quando o seu comandante o julgou perdido, pôs-se a salvo com um dos botes salva-vidas, deixando os pobres emigrantes entregues ao seu destino. O veleiro já se inclinava para um lado, e os seus ocupantes viam chegada a hora derradeira, quando um dos emigrantes, de nome Altmayer, propôs que todos fizessem a promessa de que, caso todos fossem salvos e chegassem um dia ao Brasil, se consagrasse o dia da chegada como feriado e que tal costume se perpetuasse pelos dias a fora, de descendente a descendente.
E Deus atendeu aos rogos, à sua maneira. A fim de que o navio, que cada vez mais se inclinava para o lado, pudesse erguer-se novamente.
Filipe Schmitz fez a sugestão: - Vamos cortar os mastros... O plano foi aceito, e, como bons carpinteiros, Schmitz e seus ajudantes, em pouco tempo derrubaram os mastros. O navio ergueu-se de novo, mas era um destroço, sem mastros e velas. Em cima desta carcaça, os náufragos ainda vagaram por duas semanas em mar aberto até que um navio inglês os encontrou e levou para o porto mais próximo, o de Plimouth, na Inglaterra.

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