Depois da sua emancipação, Bom Princípio passou a desenvolver-se de forma extraordinária e isto impulsionou também o crescimento de São Vendelino e de Tupandi, que passaram a pertencer ao novo município. E o sucesso da emancipação de Bom Princípio fez com que surgisse na mente de alguns líderes de São Vendelino e de Tupandi a idéia da emancipação. Uma idéia audaciosa, pois estas duas localidades, mesmo com o progresso que começaram a experimentar depois que passaram a pertencer a Bom Princípio, eram ainda localidades muito pequenas e pobres.
Sem indústrias, com pouco comércio, sem nenhuma agência bancária, a vila de São Vendelino não parecia ter a menor condição de ser a sede de um município. Mesmo assim a emancipação ocorreu. E quando o município foi criado a sua população era pouco superior a 1.000 habitantes. Bem menos do que a população da Colônia de Santa Maria da Soledade em 1866. Depois de mais de um século, a população local, ao invés de crescer, havia diminuído.
Como se vê, os sonhos grandiosos do Conde de Montravel estavam longe de realizar-se. Ele não levou em conta as dificuldades representadas pela deficiência nos meios de comunicação e a incompetência do governo brasileiro para superá-las. Em 1870, como se sabe pelo livro de Michael Mulhall, já havia o projeto de construção de uma ferrovia que ligaria São Sebastião do Caí a São Leopoldo. Esta obra, que depois poderia ser estendida até Bom Princípio, Feliz e São Vendelino sem maiores dificuldades, teria contribuído muito para o progresso do Vale do Caí. Mas jamais foi concretizada.
Se a chegada do asfalto deu um primeiro impulso à revitalização de São Vendelino e a integração a Bom Princípio também ajudou, foi com a emancipação que o progresso realmente intensificou-se.
Quando São Vendelino passou a fazer parte do município de Bom Princípio, veio a ter muito mais força política do que antes, quando pertencia ao Caí. Para ter-se uma idéia disto, basta dizer que o primeiro prefeito de Bom Princípio, Hilário Junges, que era vereador de Tupandi, elegeu-se graças a uma bem urdida estratégia política baseada na soma dos votos de três candidatos do mesmo partido, o PDS. Isto era permitido pela lei eleitoral da época, dentro do sistema da sublegenda. E quem armou esta estratégia que permitiu a surpreendente vitória de Hilário Junges foi o presidente do PDS local naquela época, Léo Angst, que é de São Vendelino. Além disto, um dos três candidatos do PDS, cujos votos foram somados para resultar na vitória do partido era de São Vendelino: Alfredo Hoffelder. Com esta estratégia, o PDS conseguiu tirar das mãos do emancipador de Bom Princípio, Arno Carrard (do PMDB) uma vitória que então parecia certa.
Enquanto pertenceu a Bom Princípio, São Vendelino já viu uma melhora significativa no atendimento às suas demandas, se comparado ao que aconteceu no tempo em que viveu sob a tutela das distantes sedes municipais de Montenegro e, depois, São Sebastião do Caí. Ajudou para isto o fato de que, ao contrário do que acontecia antes, São Vendelino passou a ser uma parte importante do município, com peso político muito mais significativo do que antes.
Mas a maior contribuição de Bom Princípio foi mostrar aos vendelinenses que a emancipação pode trazer excelentes resultados para o desenvolvimento de uma comunidade. Bom Princípio teve um progresso formidável depois da sua emancipação e, conseqüentemente, inspirou no povo e nas lideranças de São Vendelino o desejo de seguir pelo mesmo caminho.
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