domingo, 25 de outubro de 2009

529 - O casamento de Bernardo

Bernardo Mateus, o primeiro caiense, casou no ano de 1816, na capela da Santana do Rio dos Sinos (atual cidade de Capela de Santana). Ele tinha, então, 53 anos de idade. Sua esposa chamava-se Joana Francisca de Jesus e era uma ex-escrava alforriada. Ela era parda (mulata), tinha cerca de 50 anos de idade e era viúva de Joaquim Fernandes, que foi tropeiro de gado desde os doze anos de idade, também mulato. Joana Francisca era natural do Rio de Janeiro e seu primeiro marido de Sorocaba, São Paulo.
O senhor da escrava Joana era José Martins Bastos, residente na vila de Porto Alegre.
Depois de 21 anos de casamento com Joaquim Fernandes, ela ficou viúva no ano de 1810. Quando casou com Bernardo Mateus, seis anos depois de enviuvar, Joana não era mais escrava. Ela havia comprado a sua própria liberdade.
Dois anos após o seu casamento com Bernardo, em 1818, Joana morreu. Ela não teve filhos no seu primeiro casamento, nem no segundo.
Bernardo Mateus permaneceu viúvo até a sua morte, ocorrida no dia 1° de setembro de 1836, quando ele já contava 75 anos.
Ele não se casou mais depois da viuvez, mas tinha na sua terra alguns escravos, inclusive uma negra chamada Joaquina, que era mãe de dois filhos: um mulato e outro preto. Com ela, Bernardo teve um filho, chamado Francisco. O menino foi batizado na capela de Santa Ana (Capela de Santana) em 19 de novembro de 1826. Bernardo Mateus o reconheceu como filho e o livrou da condição de escravo.
Em 23 de setembro de 1814 Bernardo Mateus recebeu, de Dom Diogo de Souza, Governador e Capitão Geral da Capitania de São Pedro, a concessão de uma sesmaria de um quarto de légua em quadro. Uma légua de sesmaria equivalia a 6,6 quilômetros e em quadro quer dizer o mesmo que quadrados. Portanto, as terras concedidas a Bernardo Mateus deviam ter 1.650 metros (1/4 de légua) de frente por 1.650 metros de frente a fundos. Ou seja, 272,5 hectares. Isto tudo no local onde hoje está situada a cidade de São Sebastião do Caí e nos seus arredores.
Antes da sua morte, em 1836, Bernardo Mateus vendeu metade da sua sesmaria a Dona Teodora Antônio de Oliveira.
Quando morreu a mulher de Bernardo, em 1818, ele fez um inventário dos bens do casal. E outro inventário foi feito em 1836, depois da morte do próprio Bernardo. Por eles se vê que, ao longo destes 18 anos, houve um sensível aumento nos bens do primeiro caiense.
Em 1818 ele possuía, além da área de terras, uma casa coberta de palha, uma engenhoca de moer cana instalada num rancho (usada para fabricar cachaça), oito pés de laranjeira, um escravo de nome José que havia fugido há cinco anos sem que se soubesse se estava vivo ou morto, outro escravo também de nome José e uma escrava de nome Joaquina, com dois filhos menores: Justino, nascido em 1815, e Cesário, nascido em 1818. Este último foi avô do caiense Carulo, nascido em 1910, que foi muito conhecido na cidade como comerciante de ferro velho.

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