sexta-feira, 30 de julho de 2010

869 - Vila Rica

A estrada, antes poeirenta, transformou-se em avenida asfaltada e florida

O bairro Vila Rica é o maior da cidade e tem sua identidade própria. Tanto que seus moradores, quando vão ao centro, costumam dizer “vou pro Caí”. Como se fosse uma outra cidade. Além disto, todos falam “na Vila Rica”. Como se o local fosse, de fato, uma vila. Não se diz “no Vila Rica”, como deveria ser dito se o local fosse considerado como um bairro (o bairro Vila Rica).
Vila é uma povoação independente. E, de fato, a Vila Rica antigamente era assim. Existia uma maior concentração de casas nas proximidades da atual Padaria da Vila Rica e na rua Omiro Ledur, mas uma faixa de terras despovoada separava esse núcleo do centro da cidade. Isto se devia principalmente ao fato de que esta área é muito sujeita a enchentes. Na reta da avenida Osvaldo Aranha, hoje totalmente ocupada por construções, a água chega a subir quase dois metros, nas grandes enchentes. A partir das imediações da Padaria Vila Rica o terreno é mais alto e livre de enchentes, mesmo as maiores. Por isso ali existia um maior número de casas e alguns estabelecimentos comerciais formando o que o povo chamava de uma vila. A Vila Rica.
Até a metade do século XX, três estradas eram praticamente as únicas ruas da Vila Rica. E nelas se localizavam quase todas as casas. Mesmo assim elas não eram, como hoje, coladas uma nas outras. Na sua maioria as casas faziam parte de uma pequena chácara. As estradas eram conhecidas como Estrada da Vila Rica e Estrada Velha ou Estrada Rio Branco. A Estrada da Vila Rica (que mais adiante é conhecida como estrada do Chapadão), se dirigia a São José do Hortêncio. A Estrada Velha corresponde à atual rua Omiro Ledur e segue em direção ao atual bairro Rio Branco, começando a estrada que se dirigia para a região da Serra Gaúcha.
Havia ainda a Estrada da Várzea, que deu origem à atual rua Estrada da Várzea. Essa beirava o rio e era o inicio da estrada muito antiga, que costeava o rio Caí, passando mais adiante pelo bairro Rio Branco e pela localidade de Caí Velho, já no município de Bom Princípio. Ainda mais adiante esta estrada passava pela localidade de Bela Vista, seguindo depois por Escadinhas, até chegar à Feliz.
Nessa estrada, na altura do bairro Rio Branco, havia uma ponte precária que, por volta de 1950, o povo chamava de ponte dos Três Mar. Quando foi feita a ponte de concreto da RS-122, nas imediações desta velha ponte de madeira, o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (DAER) colocou nela uma placa informando que ela passava sobre o arroio Três Mares. Quem mandou fazer a placa teve a preocupação de corrigir o que lhe pareceu ser um erro de concordância. Mas faltou corrigir o erro histórico. Hoje se sabe que o local, bem mais antigamente, (por volta de 1850) ganhou o nome de Três Marcos porque ali a família do imigrante alemão Miguel Ledur fez um pequeno cemitério particular para sepultar seus mortos, já que não havia ainda igreja ou cemitério na região. Para sinalizar as três sepulturas, foi colocada uma grande pedra em cada uma delas. As pedras eram marcos, serviam para marcar o local das covas. E assim o lugar passou a ser conhecido como Três Marcos, assim como o arroio que passava pelo local. Com o tempo, já que a palavra marco não fazia parte da linguagem comum, o nome foi mudando, na língua do povo, para Três Mar e acabou sendo registrado na placa da rodovia como Três Mares. E este nome acabou por se consagrar, apesar da sua falta de sentido. Por que motivo um pequeno arroio situado no Vale do Cai haveria de receber o nome de Três Mares. A pesquisa histórica resolveu o mistério.

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