quarta-feira, 24 de agosto de 2011

1234 - Jaguatirica atropelada

No passado, o Vale do Caí era um lugar de vida selvagem, perigoso para os homens
Hoje a situação se inverteu: o homem domina a região, que se tornou um lugar perigoso para os seus antigos habitantes

Antigamente, quando os primeiros colonizadores se estabeleceram no Vale do Caí, a região era coberta por densas matas. Uma região temida por muitos, que a consideravam impenetrável e perigosa. Reduto de índios hostis e animais selvagens. Tão temível que o homem branco custou muito a se estabelecer em lugar tão inóspito. Mas, primeiro alguns pioneiros portugueses e, depois, os imigrantes alemães ousaram penetrar na mata, derrubá-la e tornar a terra produtiva. Com isso a situação se inverteu. Índios e animais selvagens tiveram de fugir para outras terras ainda livres do homem branco ou foram exterminados.
Dos animais, o mais temido era a onça. Um felino, parente distante dos gatos, que chega a ter 2,60 de comprimento, sem contar o rabo. E a pesar 115 quilos. No relato dos antigos colonizadores, a onça era chamada de tigre.
E vivia por aqui, também, um felino de menor porte chamado de jaguatirica. Vivia, não. Estes ainda vivem por aí, escondidos pelas nossas matas mais densas. São bem menores do que as onças e têm hábitos noturnos. Durante o dia dormem, trepados num galho de árvore ou no chão, escondidos no meio da vegetação. À noite eles saem para caçar, se alimentando de pequenos animais roedores, macacos e morcegos.
Aparições deste tipo de animal ocorrem raramente. E, quando isso acontece, costuma ser de forma trágica. Não para pessoas, pois as jaguatiricas são ariscas e não ousam agredir o homem. Mas tem ocorrido delas serem vítimas da sua aproximação com o homem. 
Foi o que aconteceu na noite de 23 para 24 de julho passado, quando uma jaguatirica morreu atropelada na RS-124, a estrada do Pareci Novo. O fato ocorreu na localidade de Várzea do Pareci, próximo à serraria. O animal foi encontrado morto, pela manhã, sobre a pista da rodovia.
O arquiteto Newton Schüller, passando pelo local fotografou a jaguatirica morta. Foi na época da grande enchente do rio Caí que, naquele dia, começava a diminuir. O animal provavelmente  foi obrigado a deixar o seu habitat natural, para fugir do avanço das águas e, nisto, atravessou a rodovia sem entender o perigo que corria.
No início desse ano, no município de Barão, foi encontrada outra jaguatirica, que foi capturada por agentes do IBAMA e devolvida à mata no mesmo município.
No final do século XIX o Vale do Caí chegou a ser a região brasileira com maior produção de feijão. Plantava-se também muito milho, cana e alfafa. Para produzir tanto, os colonos transformaram em roças até as encostas e topo dos morros.
Hoje vive-se outra realidade. A agricultura da região caiu muito, por não poder competir com as regiões de áreas extensas, nas quais é possível praticar a agricultura mecanizada. Por isso, muitos morros e várzeas que antes eram cultivadas, foram abandonadas e voltaram a ser mato. Isso talvez explique o reaparecimento de algumas espécies animais que se considerava desaparecidas.

Um comentário:

  1. Uma pena ver que o ser humano não mais respeita a natureza....essa constatação é preocupante. O crescimento desordenado,por causa do "progresso", destruirá o que de mais belo temos em nosso "quintal"....uma pena.

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