sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

1269 - Momento histórico de entusiasmo pela redemocratização

No exílio, Leonel Brizola inspirava jovens caienses em suas manifestações contra a ditadura

O dia em que Leonel Brizola foi lembrado no Cine Aloma
1978. O governo militar do presidente Ernesto Geisel dava os primeiros sinais de esgotamento de um modelo que já perdurava há mais de uma década. No Rio Grande do Sul, o governador Sinval Guazelli destoava dos seus antecessores pela postura liberal. Na terra da bergamota, o governo era de oposição, com o prefeito Heitor Selbach. Neste cenário político, implanta-se o Setor Jovem do Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Neste ano ocorreram eleições para o Senado Federal, Câmara Federal e Assembléia Legislativa do Estado. Não havia eleições diretas para Presidente, Governadores e Prefeitos de Capitais.
O fato mais marcante do ano foi, para muitos, o Comício do Cine Aloma. A data: 8 de setembro de 1978. Estavam confirmadas as presenças de vários deputados do MDB e do candidato ao senado Pedro Simon, principal líder da oposição no estado. O Setor Jovem do MDB decidiu participar do evento com uma manifestação. O escolhido para ler o texto foi o jovem Marcos Júlio Fuhr. Carros de som percorreram o município anunciando o comício. O dia estava nublado e havia possibilidade de chuva, o que fatalmente diminuiria a participação do público, muito embora o local escolhido fosse coberto.
O Cine Aloma lotou (para quem não sabe, o cinema localizava-se onde hoje temos um supermercado no calçadão). Vários pronunciamentos locais iniciaram a noite. Em determinado momento Marcos Júlio foi chamado e proferiu o discurso. Entusiasmado e com retórica inigualável, o hoje professor incendiou a platéia ao lembrar da luta pela anistia geral e irrestrita, citando o nome do principal líder brasileiro no exílio: Leonel de Moura Brizola. O próprio Simon cumprimentou o jovem de então, pois nada mais tivera tanto brilho naquela noite do que a lembrança do ex-governador.
Lembro deste importante momento da vida pública caiense, pois acompanho as novidades pelos jornais ou por conversas com amigos. Todos os envolvidos em recentes momentos da política da cidade ou estavam lá dentro do Cine Aloma, ou encontravam-se em suas casas preocupados com o que lá ocorria. Os que estavam, como eu, vivendo aqueles dias intensamente, nunca imaginariam que, passadas quase 3 décadas, teriam que contar com as lembranças daquele momento para alimentar suas já escassas convicções e esperanças. 
Texto de Léo Weber, publicado no site www.caiweb.com.br)

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