quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

1704 - Vista do local que, hoje, é o centro de Montenegro

A Praça da Matriz, em 1906, era assim



























A igreja doou uma parte da grande área da Praça da Matriz
para a construção da escola Delfina Dias Ferraz



O inesgotável acervo fotográfico de Romélio Oliveira nos proporciona visões surpreendentes. O local que hoje faz parte do centro da cidade, há um século contava com apenas algumas casas.
O extraordinário acervo de imagens colecionadas por Romério são material para muito estudo e extraordinária fonte de conhecimentos sobre a história montenegrina. Um tesouro que parece inesgotável.
Romério faz questão de tornar público todo o seu tesouro. Filho do grande montenegrino Hélio Alves de Oliveira, ele demonstra o mesmo amor que seu pai teve pela sua cidade.
Nas duas fotos aqui expostas, vemos primeiro a antiga Praça da Matriz como era no ano de 1906: uma grande área descampada.  Na década de 1930, a igreja doou uma parte dessa área para que o governo implantasse ali o Grupo Escolar 14 de Julho. Hoje o mesmo prédio ainda é utilizado e nele funciona a Escola Delfina Dias Ferras. 

1703 - O senhor do tempo:Euthymio de Moraes

Seu Euthymio conta histórias de um tempo
que muito poucos conheceram
Existem, no Vale do Caí, algumas pessoas com idade muito avançada, com boa memória e entusiasmo pela vida. Elas são muito importantes, pois podem nos fazer grandes revelações sobre a história da região.
Um exemplo disso é Euthymio Alves de Moraes, que tem 96 anos e excelente memória. Ele se entusiasma por poder falar aos mais jovens sobre um mundo do qual ele é um dos poucos a ter conhecido: o Vale do Caí nas décadas de 1920, 30 e 40.
Seu Euthymio nasceu em 24 de fevereiro de 1917, na localidade de Rio Branco. Era filho de Manoel Joaquim Alves de Moraes, proprietário de vasta área de terras situadas na Várzea do Rio Branco, localidade próxima ao Caí.
Na década de 1920, seu Manoel comprou mais uma área de terras no atual bairro Rio Branco, lugar mais alto, "para escapar das enchentes". Essa propriedade incluía um armazém, situado no que é hoje o início da rua Adolfo Schenkel. A principal do bairro Rio Branco. O mesmo prédio do armazém contava com dependências para a residência da família, que passou a morar ali. Manoel Joaquim pretendeu, com isso, facilitar o estudo dos filhos, já que havia uma escola bem perto desse armazém. 
Na escola, a professora Theobaldina Rodrigues da Silva dava aulas em português, inclusive para os alunos de origem alemã. O menino Euthymio estudou até a quinta série do ensino fundamental, o que era muito para aquela época. A mãe de Euthymio cuidava do armazém apesar de ser analfabeta. Cabia ao menino auxiliá-la, fazendo as contas e as anotações necessárias.
Seu Euthymio poderia ter se dedicado ao comércio. Mas ele gostava mais de trabalhar na roça.  Quando chegou à idade adulta, foi servir o exército em São Leopoldo, no 3° Grupo do 2° Regimento de Artilharia Mista. Era a fase de transição da artilharia transportada por tração animal (Artilharia de Dorso, palavra que deriva do dorso, costas dos animais que transportavam peças de artilharia como canhões) para a artilharia motorizada. Seu Euthymio, foi treinado pare operar com os dois tipos de equipamento. No período em que ele esteve servindo no quartel de São Leopoldo, chegaram lá os primeiros veículos motorizados.
Ele foi para o quartel no ano de 1938 e deu baixa em 1939, quando tinha 22 anos.
Quando saiu do quartel, ele conseguiu emprego no órgão do governo estadual que cuidava da conservação e melhoria das vias navegáveis. Trabalhou por alguns anos no serviço de dragagem do rio Caí e também na operação da Barragem Rio Branco. Ele chegou a residir por alguns anos numa casa junto à barragem e lá conheceu sua esposa Maria Célia Teixeira de Moraes, filha de um outro trabalhador da barragem. Ela faleceu há pouco mais de um ano, com a idade de 89 anos e seu Euthymio sente muita falta da companheira de tantos anos. O casal era muito apegado.
Eles tiveram dez filhos: Flávia, Flávio, Fernando, Maria de Lurdes, Maria Regina, Maria Madalena, Maria Helena, João Luiz, Euthymio Moraes e Sérgio Adriano. Seu Euthymio tem 22 netos, 20 bisnetos e um trineto. 
Seu Euthymio gosta de contar suas lembranças, que ajudam a conhecer melhor a história do Caí e da região

FISCAL NA ESTRADA RIO BRANCO
O avô de seu Euthynio, que se chamava José Luiz Alves de Moraes, veio para a região para trabalhar como fiscal nas obras de construção e manutenção da antiga Estrada Rio Branco, que ligava o Caí a Caxias e Vacaria.  Como essa estrada tinha muitos trechos de várzea, era muito prejudicada pelas enchente e necessitava de permanente conservação.
Antigamente, os homens que não tinham condição de pagar impostos eram obrigados a prestar serviços ao governo executando trabalho braçal em obras, como a construção ou conservação de estradas. Eles trabalhavam com picaretas, pás, carrinhos de mão e carretas de boi. O fiscal era o funcionário do governo, que administrava a execução desses trabalhos.
Mais tarde, pela década de 1930, foi construída a estrada Júlio de Castilhos, que passava pelo atual bairro Rio Branco na encosta do morro, livre de enchentes. Perto do arroio Três Mares, a estrada dobrava à direita dirigindo-se à localidade de Vigia, depois Escadinhas e Feliz.

BOIS FERRADOS
Seu Euthymio Moraes, de 96 anos, conheceu bois ferrados (com ferraduras pregadas nos cascos), que eram usados nas viagens longas. 









quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

1702 - Estação Férrea de Montenegro

Estação Ferroviária de Montenegro num ângulo incomum: o dos fundos


Esta foto mostra a estação férrea de Montenegro na sua fase de maior esplendor.
A ferrovia, que provocou a decadência da navegação fluvial no rio Caí e do cais do porto de Montenegro, sofreu depois a concorrência das estradas asfaltadas, que acabaram por substituir a ferrovia, principalmente quanto ao transporte de passageiros.

1701 - Crime hediondo

O jornal caiense O MUNICÍPIO deu grande destaque à trágica morte 
do jovem Joaquim Selbach, filho do grande comerciante e líder Arno Selbach
A notícia de um crime chocante saiu estampada na capa do jornal O Município, de São Sebastião do Caí, na edição do dia 1° de maio de 1956. Ela se referia à morte do jovem José Joaquim Selbach, filho do grande comerciante Arno Selbach, da localidade de Santa Terezinha, Bom Princípio. O jovem era irmão mais novo do ex-prefeito caiense Heitor Pedro Selbach. 
O editor do jornal era Wallace Kruse que, certamente, redigiu a matéria, pois ele fazia o jornal praticamente sozinho. A bem redigida matéria jornalística foi publicada duas semanas após a consumação do crime. O que diz bem das condições de comunicação existentes na época.

"O BÁRBARO ASSASSINATO DE JOSÉ JOAQUIM SELBACH

Depois de passar 12 dias como hóspede da família Selbach em S. Terezinha do Forromeco, cercado das maiores considerações, o criminoso matou seu patrão, enquanto este dormia. Depositou o cadáver à margem da estrada, cobriu-o com uma rede embebida em gasolina e ateou fogo - Preso, confessou o crime.

A morte do jovem do jovem José Joaquim Selbach consternou toda essa região. Conhecido pela sua simplicidade, bem quisto, moço, operoso, o seu passamento, em qualquer circunstância, seria motivo de grande pesar. O que dizer então dos sentimentos dos seus familiares, dos seus amigos e conhecidos, diante dessa morte estúpida com que o foi colher o destino, através da mão traiçoeira de um criminoso sem sentimentos, perverso e mau?
Quem era a vítima e quem era o criminoso?
José Joaquim Selbach - quase desnecessário dizer - era filho do Sr. Arno R. Selbach, comerciante em Santa Terezinha do Forromeco, e da Sra. Crescência Verônica Selbach. Irmão dos senhores Heitor Pedro Selbach, João Helmuth Selbach, Arno Selbach Jr., da Sra. Adela Selbach Juchem, esposa do Sr. Marcos Juchem, e das Srtas. Ana e Margarida Selbach. Contava 25 anos e era proprietário de um caminhão de carga, com o qual fazia viagens a  São Paulo e Rio, para a Empresa Ristar.
Numa dessas viagens conhecu, há cerca de um mês, o chofer José Correa Filho, branco, de 23  anos de idade. Dizendo-se conhecedor de toda a região Norte e Nordeste do Brasil, José Corrêa Filho influenciou José Joaquim a realizar uma viagem até Recife, Pernambuco. Assentada essa viagem, José Correa Filho veio com José Joaquim para o sul, como ajudante. Durante a época da Páscoa, ficou hospedado na casa do Sr. Arno Selbach, cercado das melhores atenções de toda família. No domingo da páscoa, ele, como todas as pessoas da família Selbach, recebeu seu ninho com ovos e chocolate. Procurou captar a simpatia da família e, principalmente, da sua futura vítima, José Joaquim.
No dia 9, foi acentada a viagem a São Paulo, de onde ambos seguiriam para Recife. A 14 estiveram em São Paulo. A 15, no Rio. De 15 para 16, na estrada Rio-Bahia, no sul do estado de Minas Gerais, enquanto que Joaquim José dormia, estafado da longa viagem, foi morto por seu ajudante com uma certeira facada no coração. Em Muriaé, com o cadáver sobre a boléia do caminhão, o criminoso procurou comprar gasolina numa bomba e, não sendo atendido, adquiriu-a noutro posto. Em seguida, entrou num bar-restaurante e encomendou e comeu um "galleto". Perguntado acerca do companheiro de viagem, cuja presença fora notada (o cadáver, sentado no banco do caroneiro do caminhão), respondeu que se tratava de um irmão que não se sentia bem. Cerca de 13 kms além de Muriaé, perto de Itamuri, distrito do referido município, tirou o cadáver do caminhão, deitou-o à margem da estrada, encobriu-o com uma rede embebida em gasolina, ateou fogo e seguiu viagem. indo até Manhassú, a 130 kms de distância. Ali, foi dormir sobre o caminhão, depois de confiar a dois garotos a limpeza do veículo. Esses garotos, notando vestígios de sangue, levaram o fato ao conhecimento do policial destacado no local, que efetuou a prisão do criminoso, para averiguações. José Correa Filho, depois de alguma relutância, confessou o seu bárbaro crime. Conduzido até o local onde deixara o corpo entregue às labaredas da gasolina, este ali já não se encontrava. Havia sido sepultado. Esclarecido o fato, populares quiseram linchar o cri-
(cont. na 3. pág.)."

As outras noticias desta primeira página e O Município referem-se
a) ao oferecimento de área e isenção de impostos municipais feita pelo então prefeito Mário Leão para uma empresa que pretendia instalar uma fábrica de automóveis Renault no estado.
b) à informação, dada pelo governador Ildo Meneghetti ao prefeito caiense e ao Sr. Ersênio Pedro Schuetz (que pleiteavam ajuda para a construção do Ginásio São Sebastião) de que o Caí estava em primeiro lugar na lista das cidades a serem contempladas com a construção de uma hidráulica. As obras estavam orçadas em dez milhões de cruzeiros.
O Ginásio São Sebastião foi concluído e a hidráulica da CORSAN foi construída nos anos seguintes. O projeto da fábrica da Renault no estado não se concretizou.





1700 - Fábrica de Bolinhas de Natal

Neste prédio da rua João Pessoa, funcionou
uma fábrica de bolinhas de natal
Antigamente, cidades como Montenegro, Caí e Feliz tinham grande número de pequenas indústrias. Isso se explica, talvez, pela precariedade dos meios de transporte. Era muito difícil, demorado e caro transportar os produtos industrializados até outros estados e, mesmo, a outros municípios. Por isso, tanto Montenegro como o Caí e Feliz tiveram cervejarias no passado. Fábricas de cachaça, então, houveram dezenas.
Na pequena localidade de Bom Fim, vizinha de Bom Princípio, existiam seis pequenas indústrias (alambiques), que se uniram para comercializar o seu produto sob a mesma marca: Lágrimas do Forromeco.
Em Montenegro, então, haviam fábricas dos mais variados produtos. Inclusive uma de bolinhas de natal (para enfeitar a árvore).
Essa empresa funcionou na década de 1960 num prédio da rua João Pessoa, onde funcionou, depois, a loja da Sinosserra.

Acervo de Romélio Oliveira

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

1699 - Refinaria de Banha e cais

Antigo cartão postal mostra o cais e a refinaria 
de Jacob Renner, no início do século XX
Refinaria de Banha J Renner, em Montenegro, foi fundada no dia 1° de julho de 1895. Em 1930, a empresa passou a chamar-se J Renner & Cia e, em 1947, foi transformada em Frigorífico Renner SA.

Foto do acervo de Romélio Oliveira

1698 - Igreja evangélica de Montenegro, em 1964 e antes de 1938

A igreja luterana de Montenegro em 1964


O relógio foi instalado na Igreja Evangélica Luterana 
de Montenegro no ano de 1938

Nas fotografias antigas de Montenegro, um dado que pode ser considerado para determinar a época em que elas foram feitas é a torre da Igreja Evangèlica. O relógio dessa igreja foi instalado no ano de 1938. Portanto, a presença do relógio indica que a foto foi feita nesse ano ou depois.
A velha igreja foi construída em 1906 e quando iria fazer 50 anos, em agosto de 1956, foi destruída por um incendio.

Foto do acervo de Romélio Oliveira

1697 - Colégio São João Batista

O colégio São João Batista era administrado por irmãos maristas
O São João Batista era um colégio administrado pelos irmãos maristas.  Foi inaugurado em  17 de março de.1946. Ele encerrou suas atividades em 1973 e o predio foi vendido para o
estado em 1975.

Foto do acervo de Romélio Oliveira

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

1696 - Harmonia na década de 1930


No ano de 1939, estudantes locais reverenciavam a Semana da Pátria




No dia 15 de junho de 1933, quando foi feita essa foto,
o povo de Harmonia fazia uma grande procissão







Na primeira das fotos ao alto, vemos os estudantes da escola local fazendo uma apresentação cívica relativa à Semana da Pátria, no ano de 1939. A segunda foto foi realizada em 1933, no dia 15 de junho, e mostra uma grande procissão religiosa. Ainda distrito do município de Montenegro, Harmonia já começava a mostrar sinais de urbanização. 
Note-se que a rua central era ainda uma estrada estreita e tortuosa. Mas logo adiante do Salão Fink (o prédio maior, à esquerda), a rua estava sendo retificada e pavimentada.
Harmonia sempre foi um município que soube se articular politicamente e conseguir grandes benefícios junto aos governos. O primeiro prefeito de Harmonia, Edgar Roberto Fink, havia sido antes vice-prefeito de Montenegro.
Essa capacidade de se articular politicamente rendeu a Harmonia importantes conquistas. Inclusive a construção da ponte sobre o rio Caí (a ponte estreita que liga a localidade de Matiel, no Pareci Novo, à cidade do Caí) no ano de 1970.
Quando emancipou-se, em 1988, a vila já contava com uma infraestrutura admirável, com várias ruas pavimentadas. Bem diferente de Tupandi, localidade vizinha, também distrito montenegrino, que tinha estrutura bastante precária.
A vantagem de Harmonia, no período pré-emancipações está muito relacionado com a educação. Assim como Bom Princípio, a localidade, mesmo antes de emancipar-se já contava com boa estrutura de educação.
A colonização alemã explica, em grande parte, o nível de evolução cultural e cívica do povo de Harmonia. Veja-se, por exemplo, a biografia de Dom João Becker, que foi o primeiro gaúcho a tornar-se arcebispo:
"O quarto bispo gaúcho, primeiro formado no Rio Grande do Sul, foi Dom João Becker. Ele nasceu na Alemanha, na cidade de São Vendelino (Sankt Wendel), em 24 de fevereiro de 1870. Quando tinha oito anos sua família imigrou para o Brasil, estabelecendo-se inicialmente em São Vendelino. Em 1888 seu pai, também chamado João Becker, assumiu o cargo de primeiro professor da escola paroquial de Harmonia e foi por esta mesma época que o jovem João Becker ingressou no Colégio Nossa Senhora da Conceição, dos padres jesuítas, em São Leopoldo." (texto extraído desse mesmo blog).
Os imigrantes alemães que vieram para o Rio Grande do Sul no período de 1824 a 1830 eram, no geral, menos instruídos. Esses se estabeleceram em torno de São Leopoldo, Novo Hamburgo e São José do Hortêncio. Os que vieram depois do término da Revolução Farroupilha e se estabeleceram principalmente nos vales dos rios Caí e Taquari, tinham um nível de educação bem mais avançado. Resultado do grande progresso cultural havido na Europa ao longo do século XIX. Isso explica o admirável nível de organização social em localidades como Feliz, Bom Princípio, Tupandi, Harmonia e Salvador do Sul já no final do século XIX e ao longo do século XX.
Observe a casa que se vê na foto, bem no fim da rua. Ela ainda está lá, do jeito que era em 1933 (há 80 anos).

1695 - Distritos de Montenegro em 1920: Forromeco

Forromeco seria o nome dado ao distrito de Montenegro
que incuía Bom Princípio e São Vendelino?

Bom Princípio e São Vendelino pertenciam a Montenegro até o início da década de 1950 e em certo período formaram as duas localidades estavam unidas num só distrito, ao qual foi dado o nome o apropriado nome de Forromeco. Nome do arroio que passa pelas duas localidades e, no passado, foi a principal "estrada" daquela região. As canoas, navegando no arroio, eram o meio de transporte mais viável na época.
A localidade mostrada na foto é provavelmente Bom Princípio, já que no mesmo álbum (intitulado "Montenegro e seus distritos") existe outra foto mostrando São Vendelino. Mas também pode ser São Vendelino, pois essa localidade era também conhecida com São Wendelino do Forromeco. As araucárias, que se avista no fundo da foto,  depõem em favor dessa hipótese, pois São Wendelino é mais próxima à Serra, região que se caracteriza pela presença dessas árvores.

Foto do acervo de Antônio Campani

1694 - Porto dos Pereiras

A pequena localidade tinha a sua importância na época 
devido ao porto no rio Caí


O Dicionário Geográfico, Histórico e Estatístico do Estado Rio Grande do Sul, cuja segunda edição foi editada em 1914, pela Editora Globo, apresentava o segundo tópico:

"Porto dos Pereiras - Povoação a uma légua da villa de Montenegro; município deste nome."


Parece estranha a denominação Porto dos Pereiras. Hoje se diz Porto Pereira ou Porto dos Pereira. Será erro do Dicionário ou realmente era assim, no plural, o nome da localidade

1693 - Padre Balduino Rambo homenageia o padre Max


  • Rambo e Lassberg em boa companhia
  • 22 de fevereiro de 2013


Em 25 de julho de 1961, Dia do Colono, o município de Cerro Largo prestou uma homenagem aos oito pioneiros fundadores e inaugurou, na Praça da Matriz, um busto do padre jesuíta Maximiliano von Lassberg.
Balduíno Rambo discursa na inauguração do busto do Padre Max. Foto: reprodução
O padre Max, nascido em 1857 em uma família fidalga de Detmold (Alemanha), comandou o assentamento de filhos de imigrantes naquela (então) nova colônia do noroeste do Estado, chamada primeiramente de Serro Azul (sic). A data oficial da implantação desse novo núcleo rural é 4 de outubro de 1902.
Um dos principais oradores a enaltecer o trabalho dos homenageados foi o padre Balduíno Rambo (Tupandi, 1906 - Porto Alegre, 1961), que destacou virtudes básicas dos imigrantes pioneiros: o amor à família e ao trabalho abnegado. Rambo também foi destacado membro da congregação Companhia de Jesus (jesuítas) aqui em nosso Estado.
Padre Rambo. Foto: reprodução
Religioso, professor, jornalista, escritor e botânico, marcou positiva e profundamente seus alunos do Colégio Anchieta e da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São Leopoldo (futura Unisinos), onde também lecionou.
Padre Rambo morreu aos 55 anos, menos de dois meses depois do discurso em Cerro Largo. O busto do padre Max, para o monumento, foi modelado pelo escultor Paulo Allgayer, em seu ateliê de Porto Alegre, e fundido em bronze pela firma Abramo Eberle, de Caxias do Sul.
Paulo Allgayer e o busto. Foto: reprodução

Publicado na coluna Almanaque Gaúcho, de Zero Hora, 
edição de 22 de fevereiro de 2012

1692 - Distritos de Montenegro em 1920: Maratá

Antes da construção da ferrovia ligando Montenegro a Caxias, 
o núcleo urbano de Maratá era praticamente inexistente

Foi a estação ferroviária construída no quilômetro 21 da ferrovia Montenegro - Caxias que impulsionou o progresso da vila que, em 1920, já contava com duas igrejas. Embora o Maratá tenha sido colonizado a partir de 1860, foi só depois da construção da  estrada de ferro, por volta de 1910, que a vila ganhou desenvolvimento mais notável. A estação era a segunda encontrada por quem ia de Montenegro a Caxias. Antes havia a de Victória e depois a de Esperança. A freguezia de Maratá foi criada em 1887 sob o orago de São Pedro Apóstolo.

Dados extraídos do Dicionario Geografico Historico e Estatistico do Estado 
do Rio Grande do Sul, de Octavio Augusto de Faria, edição II, da Livraria 
do Globo, Porto Alegre e Santa Maria

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

1691 - Distritos de Montenegro em 1920 : São Salvador

São Salvador ficava no quilômetro 47 da ferrovia 
que ligava Montenegro a Caxias do Sul


A freguesia de São Salvador, no município de Montenegro, foi criada em 1876. 
Em 1914, contava com igreja matriz e capelas de Santo Antônio, em São Benedicto, São João Evangelista do Badenserthal, São Pedro, Sagrada Família do Campestre, Sagrado Coração de Jesus de Canoas. Era distrito de Montenegro. A sede contava com 20 prédios, igreja, sub-intendência, cartório, agência de correio, posto telephonico.
Já em 1914, contava com estação do ramal ferroviário de Caxias, situada entre as estações de Linha Bonita e Barão, a 47 quilômetros de Montenegro.

Dados extraídos do Dicionario Geographico Historico e Estatistico do Estado do Rio Grande do Sul, II edição, 1924, Editora Globo.

Foto do acervo de Antônio Campani

1690 - Distritos de Montenegro em 1920 - São Wendelino


São Wendelino, em 1920, formava um distrito 
juntamente com Bom Princípio

São Vendelino, em 1920, era um distrito de Montenegro, unido ao também distrito montenegrino de Bom Princípio e sua criação foi em 1877. A população distrital eram de 3.345 habitantes em 1914. A sede da freguezia de São Wendelino tinha igreja matriz, agência de correio, posto telephonic, templo lutherano, sub-intendência e cartório. 

CORREÇÃO: conforme notou o pesquisador Guido Scherer, esta é a igreja de Bom Princípio e não a de São Vendelino.

Foto do acervo de Carlos Campani

1689 - Distritos de Montenegro em 1920: Harmonia

Na época, a população do distrito de Harmonia era maior 
que a do atual município. Mas a vila era muito pequena
A igreja que aparece no alto da foto, aparentemente em construção, é a igreja velha, ainda de pé, ao lado da atual igreja de Harmonia. 
Em 1914, Harmonia era uma freguezia do município de Montenegro. Foi criada sob com o nome de São João Nepomuceno.de Harmonia, no ano de 1882. Além da capela paroquial, contava com as capelas filiais de São José do Parecy, Parecy Novo (capela do Seminário Menor), Sabrado Coração de Jesus, na Linha Bonita. Limitava-se com os distritos de Salvador e Bom Princípio, também distritos de Montenegro, com a sede municipal e com o município de Cahy.
O bom sistema hidrográfico inclui o rio Cahy e arroios Maratá, Salvador, Harmonia, São Benedicto, Despique e outros. Os morros mais destacados são os de Harmonia, São Benedito e Matiel..
Sua população, em 1890, era de 2.911, habitantes, Em 1900 passou a 4553 e, em 1913, chegou a 5.876. População maior do que a do atual município de Harmonia. Na época, o distrito incluía as localidades de Pareci Novo, Despique, Linha Bonita e Matiel, entrre outras.
A sede, em 1914, era constituída de uma única rua, com 30 prédios e 180 habitantes. Como se vê, na época, a população era eminentemente rural. O povoado contava com igreja matriz, agência de corrio, sub intendência, cartório distrital e posto telephonico.

Dados extraídos do Dicionario Geographico, Historico e Estatistico do Estado do Rio Grande do Sul, edição II, de 1914.(Livraria do Globo).Porto Alegre e Santa Maria.

Foto do acervo de Antônio Campani

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

1688 - Distritos de Montenegro em 1920: Badensenberg

Badensenberg era densamente povoado, predominando
os descendentes de italianos


Badensenberg era o distrito situado mais ao norte, no município de Montenegro. Fazia divisa com os municípios de Caxias e Garibaldi. Seu território era montanhoso e contava com muitos vales densamente povoados. Cortavam o território distrital os seguintes arroios: Boa Vista, Barão, Santa Clara, Santa Luiza e outros.
Os templos católicos existentes na época eram os de São Francisco Regis de Badensenberg, Linha Franceza, Nossa Senhora da Conceição da Sesmaria Machado e outros. Havia um templo evangélico em Badensenberg.
A maioria da população era constituída de colonos de origem italiana. As linhas coloniais existentes no distrito eram a Franceza, Barão, Santa Clara, Sesmaria Machado, São José, Schwartzertahl, Schefer Eck, Badensenberg e outras.
No ano de 1900, a população era de 4.889 habitantes. Em 1912, já havia aumentado para 7.231.
O distrito era cortado pelo ramal férreo de Caxias, com estação na localidade de Barão. Contava com estação de correio e estação telephonica municipal. Quanto à educação, o distrito contava com 12 aulas, com frequência média de 300 alunos.

Fonte: Dicionário Geographico, Historico e Estatistico do Estado do Rio Grande do Sul, 
II Edição, de 1914.

Foto do acervo de Antônio Campani

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

1687 - Sibylla Laux com sus filhas, mãe e avós

Sibylla Laux (mãe de Dary Laux) com suas filhas gêmeas no colo,
sua mãe e seus avós
Esta foto é de 1932 e retrata  quatro gerações: Sibylla Ströher Laux (1907 a 1998) tem no colo suas filhas gêmeas, Dilva e Delva, nascidas em 16 de novembro de 1931. Ao lado de Sibylla, está sua mãe Caroline Klein Ströher (1883-1955).  Com roupa preta, os pais de Caroline, avós da Sibylla e bisavós dos bebês, bem como, bisavós da professora Dione Laux Wiederkehr e do Dary Laux.
O casal era constituído de Jakob Klein, que nasceu na Linha Nova, e Maria Catharina Konrad, nascida na Picada Hortêncio, antigo nome de São José do Hortêncio.

Foto do acervo de Vânia Verônica Laux de Leão e texto da mesma.

1686 - Professora Elvina e seus alunos


Elvina Laux e seus alunos na Escola do Angico

Esta foto, da Escola do Angico (bairro caiense) pode ter sido tirada no início de 1938, no verão. Era localizada na estrada do Angico e atrás dela havia uma cerca de arame que  fazia a divisa com a chácara do Alfons Laux. Propriedade depois transformada no loteamento Jardim Residencial Laux.
A professora é Elvina Adam Laux e o menino ajoelhado na sua frente, o seu sobrinho Dary Laux, provavelmente com oito anos. Ela era casada com Artur Laux Estão aí, também, os primos de Dary, (filhos do Arlindo Laux e Alice Mentz Laux): Odir, em pé,  o primeiro, atrás do menino ajoelhado, à esquerda da foto. Atrás deste, de maior estatura, indo  para a direita, está o seu irmão Ory Laux. O nenê, sentado entre as meninas, é o Delmo Laux, filho da professora Elvina. Ela tinha apenas mais um filho: Pedro Nelson Laux, mais novo do que Odir.
A professora Elvina, nos anos 50, também lecionou e morou com a sua família na localidade de Escadinhas, município de Feliz. A escola ficava ao lado da igreja. Como era comum naquela época, a professora Elvina precisou residir na localidade da escola para a qual foi designada. Na época o transporte coletivo ainda era muito escasso e a compra de um carro era privilégio para poucos. Nos anos 60, Artur e Elvina retornaram ao Caí, construindo uma casa na vila Profresso. Lecionou, então, na Escola Isolada da Vila Rica até a sua aposentadoria.
Ex alunos da professora Elvina dizem que ela era ótima professora.

Foto do acervo de Vânia Verônica Laux de Leão e texto da mesma

1685 - Oderich sustenta o crescimento caiense em 2012

A maior empresa do município teve grande crescimento e garantiu 
o progresso caiense em 2012


O ano de 2012 não foi nada satisfatório para o progresso econômico. No Brasil, o Produto Interno Bruto, popular PIB, cresceu apenas 1% e no Rio Grande do Sul, foi muito pior. Devido à quebra da safra causada pela estiagem na primeira metade do ano, espera-se crescimento negativo para a economia do estado.
Diante desse quadro, não se pode esperar que o Caí repita em 2012, o grande crescimento econômico observado nos dois anos anteriores. Mesmo assim, as perspectivas são de um razoável crescimento.
No setor industrial e comercial, a julgar pelos dados preliminares relativos às 19 maiores empresas do município, o crescimento no valor da produção será de 11,28 %. Como essas empresas representam parcela muito grande da economia caiense, esse índice deve ficar próximo do índice geral de crescimento da economia caiense. Em termos reais (descontando a inflação de 5,8 %) o crescimento foi de 5,5 %.
O secretário de desenvolvimento do município, Alzir Bach, espera que o índice ainda melhore, quando forem apurados os números definitivos. Mas tudo indica que o crescimento caiense em 2012 será bem melhor do que nos dois anos anteriores (crescimento real em torno de 17 %).
Alzir não está satisfeito com os 5,5 %. Ele costuma dizer, brincando, que “não podemos perder para a China”. Talvez o Caí consiga essa vitória, pois a China também não foi muito bem no ano de 2012: cresceu  7,8 %. Espera-se que, na computação final, o percentual de crescimento da economia caiense seja mais positivo, pois setores que pouco aparecem nesse levantamento inicial, como a agricultura e o comércio, são  bastante dinâmicos no município.
ODERICH  GARANTIU
A Conservas Oderich SA, principal empresa caiense, teve um bom desempenho no ano. O seu valor adicionado cresceu 18,3 %. A boa valorização do dólar pode ter ajudado a empresa, que é uma grande exportadora. Mesmo sem ser a empresa que mais cresceu, a Oderich, pelo seu porte, teve fundamental participação no crescimento econômico do município.
Já a Agrosul, segunda maior empresa do município, teve crescimento bem modesto: 2,48 %. Ela foi vítima da grande elevação no preço do milho, devido à estiagem ocorrida no início do ano passado, que elevou o custo da produção de  frango.
Destaques positivos foram a Max Metalúrgica, que cresceu 44,63 % assumindo a quarta posição entre as maiores empresas caienses; o posto Cappellaro, que cresceu 182,73 %; Indústria e Comércio Oderich, com 34,19 % de crescimento;  Telsul, com 67,39 % e Supermercados Ledur, com 131,67 % de aumento no ano.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

1684 - Hélio Alves de Oliveira

Seu Hélio (sentado, no meio da foto), teve apoio de Leonel Brizola
(ao seu lado, sentado, de terno claro) para se eleger
prefeito de Montenegro





Hélio Alves de Oliveira foi um dos maiores vultos da história de Montenegro.
Ele, primeiro, foi vereador ed epois elegeu-se deputado estadual pelo Partido Libertador.
Aconteceu, então, que Leonel Brizola, também deputado, pelo PTB, lançou um projeto que era benéfico a
Montenegro e à regiao inteira. Como o seu partido era contra o projeto Hélio entrou em atrito com seus companheiros de partido. Ele votou a favor do projeto de Brizola e rompeu com o seu partido.e renunciou ao mandato de deputado. 

Foi feita, então, uma grande homenagem a ele em Montenegro em 1954 fizeram uma grande homenagem a ele,com a presença de Leonel Brizola que, já naquela época, era um grande líder popular. Foi um acontecimento histórico. Logo em seguida ele foi candidato a prefeito, apoiado pelos dissidentes do Partido Libertador e outros partidos, e foi eleito. Foi excelente administrador, tendo conquistado para Montenegro o destaque de ser um dos cinco municípios mais progressistas do país nos anos de 1957 e 1958.
Formado em Economia, ele tinha mesmo conhecimento para ser um ótimo prefeito. Seu Hélio era, também, um intelectual, autor de dezenas de livros e incontáveis artigos para os jornais da sua época. Foi colaborador, inclusive, do Fato Novo.
Hélio Alves nasceu em Montenegro, no dia 4 de setembro de 2007, com 91 anos. Era filho de Romário Alves de Oliveira e Joana Dorneles de Oliveira. Casou, no final dos anos 30, com Adela Kehwald, natural do Maratá. O casal teve cinco filhos: Celiza, Sérgio, Aurélio, Romelio e Adriano. Escreveu 54 livros e mais um será lançado em breve. É patrono da Biblioteca Pública Municipal, que tem o seu nome.

Foto do acervo de Romelio Oliveira

domingo, 17 de fevereiro de 2013

1683 - O trenzinho da rua Ramiro Barcelos


Depois da construção do cais,  em 1904, o porto de Montenegro passou 
por um período de grande movimento. A ponto de ser construída 
uma linha de trem que passava pela rua Ramiro Barcelos

Essa preciosa foto mostra o trenzinho que, por algum tempo percorria a rua Ramiro Barcelos. 
Os trilhos implantados na rua (como se vê na postagem 1683 desse blog) permitiam o seu 
deslocamento até o cais do porto. Destacam-se, ainda nessa foto, o vapor Montenegro 
e a Refinaria de Banha J Renner. Note-se, também, a carreta de bois, junto ao vapor. 
Era o veículo mais usado para o transporte de cargas, naquela época.
Segundo pesquisas realizadas por Romélio Oliveira, o trenzinho que percorria a rua Ramiro 
Barcelos era de propriedade da empresa que implantou a ferrovia que ligava Montenegro 
a São Leopoldo e Porto Alegre passando por Capela de Santana e Portão. Ele era utilizado 
no transporte de material usado para a construção da grande estação ferroviária de 
Montenegro (prédio ainda hoje preservado) e funcionou até o término dessa obra, em 1909. 
Depois disso, os trilhos foram retirados. A linha seguia pela Ramiro até o término dessa rua, 
que naquela época não ia além da atual praça Rui Barbosa. A cidade ia só até ali. Depois não 
havia mais ruas. Só campo, mato, estradas. A linha férrea continuava até a atual Praça dos 
Ferroviários, no entroncamento das ruas Buarque de Macedo e Santos Dumont.
A pequena linha férrea existiu por cerca de cinco anos.

Foto do acervo de Romélio Oliveira


1682 - Ramiro Barcelos


Ramiro Barcelos foi político, administrador,
médico e escritor satírico
A principal rua de Montenegro tem o nome de Ramiro Barcelos em homenagem a um político e intelectual riograndense de trajetória um tanto surpreendente. Era primo de Borges de Medeiros (uma espécie de ditador do estado), mas não buscou alguma "mamata" com o parente. Foi, pelo contrário, crítico a ele, criando uma obra famosa na literatura e na política riograndense: Antônio Chimango. Uma sátira a Borges de Medeiros.

Na Wikipedia, é essa a biografia de Ramiro Barcelos:

"Ramiro Fortes de Barcelos (Cachoeira do Sul, 23 de agosto de 1851  Porto Alegre, 28 de janeiro de 1916) foi um político, escritor, jornalista emédico brasileiro.
Filho de Vicente Loreto de Barcellos e de Joaquina Idalina Pereira Fortes (irmã do Barão de Viamão), Ramiro Bacellos cursou o secundário na Escola Pública de Cachoeira do Sul, vindo a concluir o curso em Porto Alegre.
Cursou a Faculdade de Medicina no Rio de Janeiro. Exerceu os cargos públicos de ministro plenipotenciário no Uruguai durante a Revolução Federalista, secretário da Fazenda, procurador do estado do Rio Grande do Sul no Rio de Janeiro e superintendente das Obras da Barra de Rio Grande.
Exerceu os mandatos de deputado provincial nos períodos de 1877 a 18781879 a 1880 e 1881 a 1882; elegeu-se senador da República pelo Rio Grande do Sul de 1890 a 1899 e de 1900 a 1906. Criou, em 1902, como senador, a moeda cruzeiro, que só veio a ser adotada na década de 1940, no governo de Getúlio Vargas.
Colaborou com o jornal A Federação, desde seu primeiro número, no qual escreveu Cartas a d. Izabel, com o pseudônimo de Amaro Juvenal, que continuou sendo utilizado em poemas satíricos.
O que mais literariamente notabilizou Ramiro Barcellos foi um poemeto campestre, hoje considerado uma jóia da literatura gauchesca, elaborado entre 1910 e 1915, em razão de uma briga política contra seu primo Antônio Augusto Borges de Medeiros (1863-1961), então presidente do estado, ali retratado como Antonio Chimango.
Foi um dos apoiadores da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. Foi homenageado pelo município de Porto Alegre com a denominação da Rua Ramiro Barcelos"

Aqui um trecho inicial do poema, pra ver como Ramiro contou, satiricamente, a história de seu poderoso primo:

10 ) Para les contar a vida
Saco da mala o bandônio
A vida de um tal Antônio
Chimango - por sobrenome,
Magro como lobisome,
Mesquinho como o demônio.

11 ) Nos cerros de Caçapava
Foi que viu a luz do dia,
À hora d'Ave-Maria,
De uma tarde meio suja;
Logo cantou a coruja
Em honra de quem nascia.

12 ) Veio ao mundo tão flaquito
Tão esmirrado e chochinho
Que, ao finado seu padrinho,
Disse espantada a comadre:
"Virgem do céu, Santo Padre !
Isso é gente ou passarinho ?"

13 ) "Você parteira e não sabe ?
Isto logo se descobre:
Terneiro de campo pobre
Não tem quartos nem papada,
É produção desgraçada,
Que não vale nem um cobre."

14 ) "Coitadinho, está tremendo
Sente frio o perereca."
"Qual sente frio, isto é seca,
Meta o guri na gamela,
Dê-le uns tirões na canela,
Pra que não fique guaipeca."

15 ) Saiu roxinho de frio,
Ansim meio encarangado,
Como um pintinho pesteado
Sai debaixo da goteira;
E o embrulhou a parteira
Nuns paninhos de riscado


1681 - Rua Dr. Ramiro Barcelos

Havia um trilho de trem na rua Ramiro Barcelos


A rua Ramiro Barcelos nem sempre foi como hoje. Houve um tempo em que ela, mesmo já sendo uma das principais ruas da cidade, ainda não era pavimentada. Poucos carros passavam por ali, pois muita gente tinha automóvel naquela época. E caminhões eram mais raros ainda. Também o marketing, naquela época, era bem menos desenvolvidos. Note-se que a famosa farmácia fazia até anúncio no jornal, mas não tinha uma placa de identificação muito visivel. Parece que há uma pequena plaquinha, ao lado da porta. 
A explicação para isso é que, como placas na época eram raras e as pessoas andavam de vagar (à pé ou a cavalo),  mesmo uma pequena placa chamava atenção suficientemente. Além disso, naquela época, existiam muito menos farmácias e, consequentemente, concorrência.
Mas o mais surpreendente é que havia um trilho de trem na rua. Um trem passava pela rua Ramiro Barcelos. Isso aconteceu há cerca de 100 anos, quando a rua Ramiro Barcelos não era ainda a mais central da cidade. Mas ela foi ficando cada vez mais povoada e o barulho e a fumaça do trenzinho que usava aqueles trilhos passou a ser incômodo. A ponto de ser obrigado a encerrar as suas atividades.
A Farmácia São João foi a primeira de Montenegro. Aberta em 1882, ela começou num pequeno prédio, na Ramiro Barcelos, no local onde funcionou o armazém Licks, quase em frente à atual loja da Oi, perto da esquina com a rua José Luiz. Em 1906, o proprietário construiu o sobrado da foto, ao lado do prédio original. Ali a farmácia funcionou até a morte do dono Theobaldo Becker.

Foto do acervo de Romélio Oliveira