sábado, 15 de junho de 2013

2145 - Gasolinas no cais do porto

O cais do porto na década de 1930: as gasolinas começam a substituir os vapores
Na era das gasolinas, importantes obras foram feitas junto ao cais do porto
Numa época em que os vapores iam se tonando obsoletos, as estradas começavam a melhorar e os ônibus se tornavam o principal meio de transporte de passageiros, surgiram as gasolinas. Elas foram feitas de acordo com as necessidades da época, menores, econômicas e preparadas apenas para o transporte de cargas. O papel que lhes cabia não era tão importante como o dos vapores, que, no seu tempo, foram praticamente o único meio de transporte viável para distâncias maiores. Outras opções, como as carretas, charretes, lombo de cavalo ou de mula, eram as únicas alternativas, mas só se justificava usá-las onde não havia rio, lago ou mar.
Nessa foto, o fotógrafo captou a rua Ramiro Barcelos bem de frente (à direita).
Como não se vê na foto a usina elétrica construída em 1939, pode se ter a certeza de que a foto é anterior a  essa data. Mas não deve ser muito anterior, pois foi na década de 30 que as gasolinas começaram a se impor no rio Caí. Conviveram, de início, com os vapores e, depois o substituíram completamente. Continuam até hoje, com motores mais modernos movidos a diesel, mas não muito diferentes das primeiras gasolinas. Nome, por sinal, enganoso, pois elas eram movidas a querosene.
Vê-se, no fundo da foto, uma parte do morro São João e outra do morro dos Fagundes.
A posição do fotógrafo (em frente à rua Ramiro Barcelos) não é a ideal para a observação do gigante adormecido. O ideal é observar essa paisagem (avistando os morros da Pedreira, São João e dos Fagundes com o aspecto de uma pessoa de tamanho descomunal, deitada com a barriga para cima).
A foto de baixo mostra o cais alguns anos mais tarde. Por volta de 1940. As gasolinas, de novo, estão presentes. A maioria dos prédios também são os mesmos. Mas existe uma grande diferença. Bem à esquerda, na foto de cima, vê-se que havia um terreno de frente para o cais sem prédios construídos. Na foto de baixo, esse mesmo terreno apresenta dois grandes prédios: a usina elétrica (atual câmara de vereadores) e o packing house. O paking house era uma unidade de beneficiamento de laranjas. Ali elas eram polidas e ganhavam brilho, tornando-se mais atraentes para os consumidores e mais valiosas no mercado.
O terreno, até então sem construções não era um simples terreno baldio. Era uma praça, como se pode ver num belo mapa desenhado pelo engenheiro Ernesto Zietlow (na década de 1920 ou 1930). Ela era situada entre as ruas Doutor Flores e João Pessoa, com frente para o cais do porto. No mapa de Zietlow, a praça aparece sem nome. Mas sabemos, pelo livro Traços Biográficos, de Elisa Moojen Arpini, que seu nome era Borges de Medeiros. Em 1914, no governo do intendente Amândio Fidêncio Lampert, o engenheiro da prefeitura, Ernesto Zietlow, ajardinou essa praça plantando 400 mudas de árvores nativas.Isso não impediu, entretanto, que a praça fosse eliminada para a construção da usina e da packing house.

Foto do acervo de JB Cardoso

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