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A alta sociedade montenegrina reunida num evento do clube |
O Clube Riograndense foi sempre o maior e mais refinado clube montenegrino. Nesta foto, da década de 1970 (?), vemos figuras da alta sociedade local reunida num evento elegante.
Entre os presentes, encontram-se o deputado Roberto Cardona e sua esposa, o casal de empresário Rui e Lya Seelig e Carlos Wchwartz, que se destacava como apresentador dos eventos no clube.
A história desse clube vem de muito longe, conforme relatou Rugard G. Heller no livro Montenegro Ontem & Hoje, edição de 1982.
No década de 1880, a cidade nem existia. O que havia era apenas a pequena vila de São João do Monte Negro, que havia sido transformada em sede municipal. Juntamente com São Sebastião do Caí, Montenegro serviria de base para a colonização da Serra Gaúcha com imigrantes europeus.
Ao ser criado, em 1873, o município era imenso, com um território que abrangia a margem direita do rio Caí, até Bom Princípio e se estendia serra acima até o atual município de Bento Gonçalves. Nesse imenso território viviam pouco mais de 7.000 habitantes e só uma pequena parte deles na sede. Localidades como Bom Princípio, São Vendelino, Pareci e Harmonia foram colonizadas antes da sede municipal e somavam população bem maior do que ela.
Como nessas outras localidades, também na sede municipal predominava a população de imigrantes alemães. Bem maior que a de luso-brasileiros. E como os alemães eram muto dados ao associativismo, já por volta de 1880 existiam duas sociedades de canto: a Eintrach (Concórdia) e a Brüderbund (União de Irmãos). Nessas sociedades, os homens se reuniam para tomar cerveja e cantar. A rivalidade entre os grupos fazia com que surgissem rixas entre eles. Para acabar com isso, os dois grupos foram reunidos numa única entidade. Em 20 de agosto de 1881, na casa de Guilherme Schuler houve a reunião em que a união foi formalizada, criando-se assim a Gesang-Verein Germânia. Ou seja: Sociedade de Canto Germânia. Era o início da sociedade que depois veio a ter o seu nome mudado para Clube Riograndense.
A sociedade contou, inicialmente, com 42 sócios, sendo todos imigrantes alemães ou descendentes de imigrantes. Nenhum luso brasileiro fazia parte. O que até se compreende, pois esses não saberiam cantar as músicas alemãs que os demais cantavam.
De início, a sociedade funcionou na casa de Emílio Scheffer, na rua do Barão (atual João Pessoa).
A primeira diretoria foi composta por Carl Huber, presidente; Peter Erichsen, secretário e Jacob Schann, tesoureiro.
Em 1887, a sede da sociedade foi transferida para o Hotel do Comércio, também na rua João Pessoa. No mesmo local onde, mais tarde, funcionou o Club 7 de Setembro.
1889 foi um ano de grande atividade nessa sociedade de germânicos: foi criado um coral misto, com a participação de esposas e filhas dos associados; a sede voltou a ser no prédio em que inicialmente funcionou, que havia se transformado em hotel (Hotel São João) e, em 17 de novembro, foi realizada uma excursão no vapor Germânia, com a participação de grande parte dos associados.
Em 1891, época de grande efervecência política, com muita disputa entre os partidários de Júlio de Castilhos e os de Barros Cassal, as atividades do clube ficaram suspensas por sete meses, para evitar que as reuniões resultassem em conflito.
Em 7 de dezembro de 1895, a sociedade adquiriu um terreno para edificar a sua sede própria. O terreno era situada na rua da Floresta, que vem a ser a atual Ramiro Barcelos. Uma parte da área em que se encontra hoje a sede do clube.
Em 1898, a convite do presidente do clube, Gustavo Jahn, os ensaios de canto foram transferidos para a casa dele. Jahn, além de grande empresário (dono da Cervejaria Jahn) era músico de grande talento.
Em 1899, a Sociedade Germânia ganhou novos estatutos que estabelecia, como seus propósitos, conservar e ampliar na sociedade local, as tradições morais e intelectuais germânicas, pelo cultivo do idioma, do canto, da música, do teatro e de diversões em geral, conforme os costumes alemães. Em 1º de julho a diretoria fez, pela primeira vez, uma reunião dentro da sede própria, um prédio de madeira construído no terreno adquirido quatro anos antes. Em 20 de agosto, a sede própria foi solenemente inaugurada. Muitos convidados, vindos de Porto Alegre, Hamburgo Velho, São Leopoldo e Lomba Grande. Os de Porto Alegre vieram pelo rio, de vapor. Os demais viajaram a cavalo e em carretas.
O presidente Gustavo Jahn discursou no evento e, depois, houveram apresentações artísticas, com canto coral, orquestra e solos instrumentais. Na noite do dia seguinte haveria novo concerto musical. Mas como o telhado era de zinco e caiu uma chuva torrencial, o barulho da chuva batendo no zinco impediu a apreciação da boa música e a festa continuou com um animado baile, até altas horas da madrugada.
Esse foi o maior acontecimento artístico e social ocorrido em Montenegro até aquela data. Muitos outros eventos grandiosos ocorreram no Riograndense depois disso. Assim como eventos lamentáveis que chegaram a amaçar a sobrevivência do clube.
Texto baseado na resenha elaborada por Rugard G. Heller
para Montenegro Ontem & Hoje
Foto do acervo de Romélio Oliveira
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