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| O cine Tanópolis corre o risco de encerrar suas atividades |
A Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Montenegro, presidida pelo médico Waldir Kleber, resolveu por à venda o Cine
Tanópolis, que pertence à entidade.
O objetivo é obter, com isso, recursos para a construção de uma nova sede para a entidade.
O imóvel posto a venda é, na verdade, o mezanino do antigo cinema Tanópolis, com 200 lugares, além de uma bomboniére anexa.
Teme-se que, com isso, termine a história do cinema em Montenegro.
História que teve início em 19 de julho de 1911, com a abertura do Cine 14 de Julho. Montenegro foi uma das primeiras cidades do estado a ter acesso à nova forma de expressão artística que viria a ter tanto destaque de então até os dias atuais.
O doutor Waldir Kleber, hoje presidente da ACSIS Montenegro, era um jovem estudante quando, em 1970, participou de um festival de música realizado no mesmo Cine Tanópolis e sagrou-se vencedor com a música de sua autoria " Atropelado pela
Vida".
Música cantada por Beatriz Goerke.
O jovem compositor tinha apenas 17 anos de idade.
O locutor Mário Jacy, da Rádio Montenegro, no momento da entrega do prêmio, comentou: "Esse rapaz vai longe".
Waldir, emocionado disse estar orgulhoso pela vitória alcançada.
O festival foi um evento de grande destaque, contando com a presença de pessoas importantes, como Otacir Ferreira, presidente da Liga de Defesa Nacional; o tenente Antônio
Carlos Azambuja; o prefeito Adolpho Schüler Netto e a miss
Montenegro, Marlize Gesswein Azevedo.
O júri, por mim presidido, era composto por Pedro Pinto Silva,
professor de português; Ênio Pinalli, pintor; Manoel Rousse Souza, do Teatro
São Pedro, de Porto Alegre; Roberto Freezo, fiscal da Receita Estadual, cantor e violonista, então residente em São Sebastião do Caí; Ronaldo Schaeffer, cantor e José Peixoto Soares,
professor e violonista.
Acontece
assim a feliz coincidência do doutor Waldir, hoje conceituado médico montenegrino,
44 anos depois da sua consagração como compositor num festival ocorrido no Cine Tanópolis, estar agora tratando do assunto da sobrevivência do mesmo cinema em que ele viveu aquele momento marcante da sua juventude.
A venda de cinemas em Montenegro não é fato inédito ou incomum. Isso aconteceu repetidamente durante os mais de cem anos que transcorreram desde o surgimento do cine 14 de Julho, no ano de 1911.
Assim como o diretor do atual Tanópolis, Luiz Carlos Maurente, investiu na
compra do sistema digital de projeção e agora está ameaçado de ficar sem o local para continuar a atividade, os proprietários do cinema 14 de Julho, Jacinto de Zurade e José Maria da Cruz, também enfrentaram dificuldades e tiveram de vender o seu cinema.
Eles estavam endividados e
o sistema de projeção utilizado, denominado Vitascope estava ultrapassado, sendo necessário comprar equipamento mais moderno. Com isso o 14 de Julho foi vendido em leilão.
Problemas semelhantes aconteceram com outros proprietários dos cinemas montenegrinos do passado. Assim como acontecem em outros ramos de negócios.
Mas, apesar de tantos problemas, o cinema nunca deixou de existir na cidade, confirmando a importância que Montenegro sempre deu às artes.
A antiga Sociedade Germânia, atual Clube Riograndense, teve grande papel na manutenção do cinema em Montenegro, mantendo, por muitos anos, uma sala de projeções nas suas instalações.
Mais recentemente, a ACIS evitou o fechamento do Cine Tanópolis, mantendo o seu funcionamento no mezanino do antigo prédio.
Agora a necessidade de uma sede mais adequada para a entidade faz com que se tornasse necessária a venda do imóvel onde sobrevive o cinema em Montenegro.
Waldir Kleber, que preside a ACIS, já declarou que procura uma solução para que, mesmo com a venda, o local continue servindo como sala de cinema. Como apreciador das artes e da cultura, que mostrou ser ao vencer o festival realizado há 44 anos, ele certamente vai se esforçar ao máximo para encontrar uma forma de manter o cinema ao alcance dos montenegrinos.
Texto de Egon Arnoni Schaeffer

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