quarta-feira, 10 de setembro de 2014

4775 - Salvadorense faz carreira no vôlei internacional


Persistência, dedicação e, claro, talento. Com qualidades fundamentais para o sucesso não só no esporte, mas na vida, o salvadorense Iurgen Hummes Specht, ponta/oposto revelação do vôlei gaúcho, acaba de dar um passo gigantesco na sua carreira. O jovem, aos 23 anos, embarcou na última quarta-feira rumo à Espanha, onde defenderá a equipe do Cajasol/Juvasa Voley, de Sevilla, quinto colocado na ultima edição da Superliga Nacional do país europeu.

Sua última equipe no Brasil havia sido a Voleisul/Paquetá Esportes, de Novo Hamburgo, que fez uma grande campanha na Superliga B, sendo vice-campeã sob o comando do consagrado Gilson “Mão de Pilão”. Apesar de estar ainda no princípio de sua carreira, Iurgen apresenta uma bagagem de respeito. Depois de começar na base do tradicional Bento Vôlei, na Serra, aos 15 anos, seguiu para São Paulo, onde defendeu Itapeva Voleibol, Medley/Campinas (atual Brasil Kirin) e Climed/Atibaia. Nas quadras paulistas, ganhou projeção ao ser vice-campeão estadual e participar de boas campanhas na Superliga Nacional A e atuou ao lado de ídolos como Bruno Zanuto, brasileiro naturalizado italiano, e André Heller, multicampeão pela Seleção Brasileira. “Ambos sempre demonstraram muita competência em quadra e, principalmente, são pessoas integras e que levam treinos, jogos e toda a vida de atleta muito a sério”, ressalta o salvadorense, que na última temporada também atuou ao lado de outro jogador consagrado e de longa experiência na seleção, André Nascimento.

A vocação para o esporte, segundo Iurgen Specht foi despertada em quadras à beira-mar em Tramandaí, no Litoral Norte, durante descontraídas e despretensiosas partidas com amigos nas férias. Ele, de saída, apresentava uma significativa vantagem. Com apenas 15 anos, já tinha 1,97m de altura (hoje tem 2,01m).

Embora o vôlei seja considerado uma referência em organização e administração dentro do esporte brasileiro, o início da caminhada de Iurgen foi muito difícil. “Na época, estudava à tarde, trabalhava em uma revenda lavando carros pela manhã e de garçom ao meio-dia. Para poder treinar, tive que me transferir para o turno da noite na escola e largar os dois empregos para passar o dia em ônibus viajando para Bento e nos treinamentos, sem receber nada por isso, a não ser auxilio para as passagens. Foi bastante complicado, mas estava decidido a arriscar”, conta. Em 2008, o jovem chegou a integrar o elenco principal da equipe serrana, que realizou alguns amistosos no Ginásio Poliesportivo de Salvador do Sul.

A mudança para São Paulo também foi muito complicada. Na capital, aos 17 anos, dividia quarto com vários outros atletas.

“Não tínhamos armários, muito menos lugar para lavarmos as roupas - o que faziam no chuveiro -, sem falar nas três refeições diárias iguais, praticamente, todos os dias”, recorda. Mas nada disso, nem as duas graves lesões em sequência nos ombros, desviaram o foco de Iurgen que, gradativamente, viu sua carreira deslanchar.

Agora, contudo, chegou ao que considera o melhor momento de sua carreira. O desempenho na Voleisul fez despertar o interesse de um conceituado empresário de jogadores, que acertou o contrato do atleta na Espanha. Antes de viajar ao Velho Continente, Iurgen Specht trocou informações com outros atletas que já defenderam o Cajasol e com integrantes da comissão técnica da equipe, tendo excelente referências. 

O salvadorense está muito confiante para encarar o novo desafio, embora esse venha acrescido de saudade dos familiares e amigos. “Mesmo estando longe, eles estarão comigo a cada bola disputada”, conclui.
Matéria de  Cleo Meurer publicada pelo jornal Fato Novo 
em 5 de setembro de 2014

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