sexta-feira, 8 de junho de 2018

5389 - O galo godofredo

Além de trilhos, haviam criações de galinha nos quintais das casas 
da principal rua de Montenegro

Estória do tempo em que se criava galinhas nos quintais das casas da Ramiro Barcelos
Pois os Cauduro passaram a fabricar a bola que levou o mesmo nome e foi o suprassumo dos campos pelo Rio Grande do Sul afora. Não demorou e a bola Cauduro foi escolhida como a esfera oficial do Campeonato Gaúcho. O Elohy contratou um cidadão que muito conheci, mas da sua vida praticamente nada soube. Ele era a encarregado de passar pelos campos onde os jogos oficiais se realizavam, anunciando: BOLAS CAUDURO - AS OFICIAIS DO CAMPEONATO GAÚCHO. Repetia isto, desfilando pelas gerais e sociais de todos os campos de nosso interland.
Com o meu pai ele já falava um pouco mais e assim fiquei sabendo do seu nome: GODOFREDO.
Os anos se passaram e já no início da minha adolescência o meu pai comprou um galo, para dar apoio no galinheiro, cheio de frangas novas e retunbantes. Naquele tempo, o dos CUBEIROS, ter uma galinheiro em plena Ramiro era totalmente permitido. Galinhas eram criadas pelas cercanias - naquele tempo caldo de galinha era remédio; sempre a primeira coisa que o médico receitava, quando vinha visitar o doente em casa - sempre vinha de carro de praça e cobrava a visita.
Pois, o Godofredo, depois de uma certa demonstração de vitalidade, desistiu dos seus afazeres diários e obrigatórios. Ao contrário, passou a cantar e ciscar pelo galinheiro, nem se preocupando com o belo sexo. A coisa andou e desandou; dos ovos que colhíamos, a redução foi catastrófica. Para quem comia ovos diariamente e a dona Luiza era exímia doceira, muito utilizando os ovos, a diminuição significou comoção no seio da família.
Agora vejam o que aconteceu na última partida do Gremio contra o VEnezuelano MOnagás, ou algo parecido. Contaram que se o Grêmio tivesse oferecido três cestas-básicas, destas que se compra no comércio de Montenegro, tudo poderia ter sido resolvido mais facilmente.
Mas não, a equipe tricolor resolveu partir para o confronto, num verdadeiro balé de sarandeio. Começaram a ciscar, correr, dividir, cantar as próprias louas na grande virtude da troca de passes ao longo da área.
Assim foi com o GODOFREDO, ciscava, cantava, rebolava e nada. Certo dia, o seu Lauer, já cansado com o exibissionismo do galo, decretou: No domingo vamos comer o Godofredo.
Aconteceu o milagre: o decreto de estrangulamento foi na quarta e na sexta, não havia mais ninhos suficientes para guarnecer tantos ovos, que acabaram por chegar. Eis o grande alerta: CISCEM POUCO, PRODUZAM MAIS, MAS DENTRO DO PRÓPRIO GALINHEIRO.

Crônica de Ernesto Lauer

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