Chuteiras do Alcindo não tinham cadarços e quem resolveu
o problema foi o garoto Diomar
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No ano seguinte, Alcindo foi jogar no campo do Rio Branco, São Sebastião do Caí (na época era no acesso que tem próximo ao cemitério) em um amistoso entre o time local e o time de Sapucaia do Sul, composto por alguns parentes de Alcindo.
Eu estava lá, com meus 12 anos, sempre apaixonado pelo Grêmio e pelo Rio Branco. Queria ver meu ídolo Alcindo de perto. Só escutava seus gols através da Rádio Guaíba. Nem tevê a gente tinha na época.
O vestiário era de madeira, com portas abertas. Eu fiquei curioso e via de perto o grande jogador gremista se fardar. Quando ele foi calçar as chuteiras que lhe deram, notou que estava sem os cadarços. Olha só a humildade do bugre (apelido do Alcindo)! Ficou quieto, não reclamou. Eu na porta, a princípio sem ação. Mas me coloquei à disposição dele pra conseguir os cadarços. Fui até o Armazém do Seu Adelmo Moares (ali ao lado) e pedi que arranjasse uns cadarços. Era caso de vida ou morte... "Pra que tu quer guri". Falei que era pro Alcindo, e o Seu Adelmo prontamente me passou o material. Ele guardava na sua casa fardamentos, chuteiras, etc.
Louco de faceiro dei ao Bugre, que me agradeceu com um sorriso.
Chovia e tão logo a chuva cessou, o campo do Rio Branco estava alagado. Mesmo assim o jogo saiu. Mas, pra minha decepção, Alcindo jogou de zagueiro pelo time de Sapucaia. Acabou não fazendo gols e ainda por cima fechou a defensiva, não deixando o time do Rio Branco marcar. Nem o Mugica, com sua astúcia e o primo Delmiro Esteves, com sua habilidade, conseguiram furar o bloqueio. Nem lembro o placar. E nem é bom lembrar.
Bem, alguns anos depois, em 1982 (conforme informou Seu Adelmo Moraes, através do filho Vinicius), Alcindo andou jogando no Caí novamente. Acabou reencontrando o pessoal do Rio Branco e surgiu um entendimento para atuar no time alviverde no campeonato caiense.
A foto mostra Alcindo entre os craques do Rio Branco, quando a equipe recebeu as faixas de campeão caiense em 1982.
Em pé, da esquerda para a direita: João Pinto, Donato Hartmann (técnico), Tuca, Chicão, Canelão, Serjão, Auri, Lambari, Chico e Ermeto Schneider (presidente); Agachados: Massagista Zé Bortolin, Astor, Bira, Preguinho, Padre, Alcindo, Tuguinha e Victor Hugo.
Obrigado ao amigo Iraní Rudolfo Lösch Löff por lembrar os nomes. Grande historiador do futebol.
Matéria do jornalista caiense Diomar Esteves
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