Assim como a profissão de padeiro (no sentido de entregador de pão a domicílio) foi importante no passado, também existiram outras funções semelhantes e importantes. No século XIX, em cidades como Porto Alegre, existiam profissionais que percorriam as ruas vendendo água. O produto era levado em barris, no lombo de burricos.
Não se tem notícia de que isso tenha acontecido no Caí. Mas o que havia bastante, e ainda há moderadadamente, é a venda domiciliar de leite. Proprietários rurais das cercanias da cidade tinham suas vacas leiteiras e produziam leite que, além de servir para o consumo da família, possibilitava uma renda extra através da venda do excedente para moradores da cidade.
Antigamente, a entrega era feita a pé, a cavalo, em lombo de mula ou em charrete. E até mesmo de bicicleta. No final do século XX, essa entrega chegou a ser feita em camionete por alguns leiteiros mais estruturados.
No inverno, como os pastos não cresciam tanto como no verão, a produção de leite também diminuía. E, com isso, muita gente na cidade ficava sem leite. Os leiteiros racionavam a entrega do produto, garantindo o abastecimento somente para os clientes mais assíduos e bons pagadores.
Assim como o pão, o leite é um alimento fundamental para a dieta do brasileiro. E, portanto, o leiteiro - da mesma forma que o padeiro - era personagem importante na vida de uma cidade.
Na sua juventude, quando trabalhava na granja da família Erich, na Vila Rica, Bernardo fez entrega de leite na cidade. Mas ele foi apenas um de centenas - talvez milhares de pessoas que cumpriram essa tarefa no Caí ao longo dos tempos. Alguns somente na infância ou juventude. Outros por longo tempo, tornando-se verdadeiros profissionais.
Também o editor desse blog, Renato Klein, quando era ainda menino, entregava leite produzido na granja dos seus pais Wilibaldo e Helmi Klein (localizada onde hoje se encontra o escritório do jornal Fato Novo, em frente à revenda de automóveis Blavel). Ele fazia a entrega de bicicleta, levando o leite num tambinho, de alumínio, com capacidade para dois litros. Isto ocorreu no início da década de 1960 e Renato atendeu, principalmente, à família da viúva do agrimensor Ary Baierle (que morava na avenida Coronel Guimarães).
O atual prefeito caiense Darci Lauermann também entregou no Caí leite que era produzido na granja de seu pai, Ivo Lauermann, no bairro Quilombo. Ele o fez de forma mais intensa e profissional, exercendo esta função (juntamente com outras) até o início da idade adulta. Outro produtor do Quilombo, que entregava leite na cidade era Arno Brochier.
E existiram outros leiteiros no Caí que fizeram da entrega de leite nas casas a sua principal atividade na vida. Era um serviço que exigia muito asseio, pois o leite - principalmente no verão - tem forte tendência a talhar (azedar). Por isto o vasilhame era feito preferencialmente de alumínio ou de vidro (garrafas), para facilitar a lavagem.
Entre as pessoas que mais se destacaram no Caí, como entregadores de leite, podemos destacar João Flores, mais conhecido como Né Flores. Ele tinha sua granja no bairro Chapadão Baixo, que na época era conhecido como Boa Vista. Os filhos de Né Flores, Jaime e Egídio, também se dedicaram à entrega de leite na cidade durante a sua
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