domingo, 1 de agosto de 2010

872 - Cervejaria Ritter 2


Caervejaria Ritter, em Pelotas, na década de 1920
Transcrevemos aqui, importante artigo de Carlos Alberto Tavares Coutinho

Precursoras da Cervejaria Continental - A Cervejaria Ritter 2 – Henrique Ritter / H. Ritter & Filhos


Henrique (Heinrich) Ritter, tornou-se fabricante de cerveja, seguindo os passos do pai, e foi o primeiro brasileiro nato do ramo que iniciou com Georg Heinrich Ritter, Henrique nasceu em 15 de abril de 1848, em Linha Nova, RS, cerca de dois anos após a chegada de seus pais, Georg Heinrich Ritter e Elizabeth Fuchs, ao solo gaúcho A partir de 1877, já casado com Paulina Kessler Ritter, Henrique Ritter dedicava-se ao comercio em São Lourenço do Sul. Em 1880, Henrique Ritter firmou sociedade com o cunhado Christian Jakob Trein, casado com Elizabeth Ritter Trein, na grande casa de comércio que entre 1870 e 1910, dominou a atividade comercial em São Sebastião do Caí e passou a chamar-se “Trein e Ritter” a partir da chegada do novo sócio. Com a sociedade sendo desfeita em 1888, a família de Henrique Ritter transferiu-se para a capital do Estado. O motivo dessa transferencia, ao retirar-se da sociedade, foi a necessidade de auxiliar sua prima-irmã, Elisabeth Ritter Becker, (filha de Friedrich Georg Ritter e Maria Margarida Konrad Ritter, que se havia tornado enteada de seu pai após o segundo matrimônio) bem como seu esposo, Guilherme Becker, que estava muito doente. Por volta de 1890, após se afastar da Cervejaria Becker, Henrique Ritter, passou a realizar o projeto de criação de sua própria cervejaria, comprou um grande terreno no bairro Moinhos de Vento, situado à Rua Mostardeiro, número 10, com frentes para as Ruas Mostardeiro e Miguel Tostes (antiga Rua Esperança) e lateral para a 24 de Outubro, Henrique construiu um prédio de dois andares. A família passou a residir no andar superior com entrada pela Miguel Tostes. A fábrica, que iniciou a produção no ano de 1894, ocupou o térreo com salas de fermentação, tanques, seção de engarrafamento. Também faziam parte do complexo as moradias de empregados, bem como estrebarias, que eram necessárias porque a distribuição da bebida era feita em carroções puxados a cavalo, imediatamente se impõe na cidade, tanto por suas instalações como pela qualidade de seus produtos. Para manter a cervejaria em bom funcionamento, Henrique Ritter contava com o auxílio dos filhos mais velhos, Henrique Valdemar e Frederico Augusto, e, posteriormente, Carlos Oscar. As meninas não trabalhavam naquela época e os outros meninos eram muito jovens.
Por volta de 1897, Frederico Augusto abandonou a casa paterna e foi trabalhar em diversas cervejarias, conseguiu um emprego na fábrica de cerveja de Frederico Pavel, localizada em Rio Novo, Minas Gerais. Contudo, em 1898, afastou-se da empresa por sua livre vontade, conforme atestado de boas referências, assinado pelo proprietário no dia 8 de maio daquele ano. No ano seguinte, Frederico estava morando em São Paulo, onde viveu a passagem para a entrada no século XX trabalhando na fábrica de cerveja Bavária. Distante da família, com a qual havia deixado de manter contato, o rapaz foi contratado por essa indústria aos 19 anos, no dia 1º de julho de 1899. Conforme atestado curiosamente escrito em alemão, o período de aprendizado de “Fritz” Ritter durou até 1º de julho de 1901. Podemos inferir que esse documento tenha sido necessário para seus estudos posteriores na Alemanha. O também cervejeiro e tio Carlos Ritter irmão de seu pai, ofereceu a Frederico todas as condições para estudar e aprender o ofício de mestre cervejeiro na Europa. Após aceitar a proposta da família paterna, em agosto de 1901 Frederico já se encontrava na Alemanha. De setembro de 1901 a março de 1902, ele atuou como estagiário na fábrica de malte Eduard Scharrer & Co, localizada em Kannstatt-Stuttgart. Ainda em 1902, freqüentou o semestre de verão da escola de cervejaria Brauerakademie München, conforme prova o diploma de Mestre Cervejeiro que obteve em 20 de agosto daquele ano. Um mês após receber o diploma, Frederico obteve um certificado de conclusão do curso de quatro semanas sobre técnicas de laboratório e de microbiologia dos fermentos. Com o título de Mestre Cervejeiro, teve boas oportunidades de colocar seu conhecimento em prática e aprender ainda mais em fábricas de cerveja alemãs. Assim, entre outubro de 1902 e fevereiro de 1903, trabalhou como técnico na Stadtbrauerei Aue, segundo atestado assinado em 19 de fevereiro de 1903 pelo supervisor e proprietário Edmund V. Becher. Nos meses seguintes, entre 22 de fevereiro de 1903 e 7 de maio de 1903, viveu na cidade de Plauen, localizada junto a Dresden, tal como a cidade de Aue, onde fez um estágio prático na fábrica de cevada Sächsiche Malzfabrik, Plauen bei Dresden. O que parece ter sido seu último estágio ocorreu na cidade de Saybusch, na Erzherzoliche brauerei, no período de 15 de maio a 3 de novembro de 1903. Sabemos também que esteve por algum tempo na cidade de Pilsen, na República Tcheca. Ao retornar ao Brasil, em fins de 1903 ou início de 1904, passou a utilizar os seus conhecimentos de mestre cervejeiro adquiridos no exterior trabalhando na empresa do pai. Sua influência para a renovação dos negócios da família foi significativa, pois logo após seu retorno, entre os anos de 1904 e 1905, foi construída uma nova fábrica e investiu-se na aquisição de máquinas e equipamentos mais modernos. Dessa forma, em 1906, a fábrica Ritter mudou-se para a Rua Voluntários da Pátria 501, no bairro Navegantes, em Porto Alegre, onde foi inaugurada a nova cervejaria Ritter sob a razão social: H. Ritter & Fillhos. Henrique Ritter e a esposa Paulina permaneceram residindo com os filhos solteiros na Rua Miguel Tostes. O significado do termo Ritter na língua alemã é cavaleiro, e este era o símbolo da empresa renovada e marca de uma de suas cervejas. Outras marcas dadas à bebida foram Capital, Favorita, Continental tipo Pilsen, Africana e Hércules.

Em 1916, a empresa de H. Ritter & Filhos figurava em oitavo lugar entre as fábricas do Quarto Distrito quanto ao número de operários.
Henrique Ritter veio a falecer em 16 de maio de 1921, em Porto Alegre, RS. Em julho de 1924, a cervejaria da família Ritter passou a fazer parte do Consórcio Continental, formado quando as firmas Bopp Irmãos (sucessores de Carlos Bopp), Bernardo Sassen e Filhos (sucessores de Guilherme Becker e Bernardo Sassen) e Henrique Ritter e Filhos (sucessores de Henrique Ritter) fundiram-se sob a razão social Bopp, Sassen e Ritter e Cia. Ltda. Surgindo assim um novo estabelecimento comercial, denominado Cervejaria Continental, que se instalou na Rua Cristóvão Colombo, 625 (em Porto Alegre).

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