sábado, 31 de julho de 2010

871 - Cervejaria Ritter 3

Transcrevemos aqui importante artigo de Carlos Alberto Tavares Coutinho


Precursoras da Cervejaria Continental - A Cervejaria Ritter 3 – C. Ritter & Irmão



Em 1870 chegaram a Pelotas com o objetivo de fundar uma fábrica de cerveja, Carlos (Karl) Ritter, nascido em 21 de janeiro de 1853 na Linha Nova, na época uma colônia (Picada Nova) (esta região pertenceu inicialmente a São Leopoldo, depois a São Sebastião do Caí; mais tarde fez parte de Feliz e hoje é sede de município que integra o Vale do Caí), casado com Augusta Jeanette Kessler e seu primo-irmão Frederico (Friedrich) Jacob Ritter casado com Emma Kratz. Logo a instalaram na Rua 24 de outubro (hoje Tiradentes), sobre a margem do Canal de Santa Bárbara.

Estes dois foram fundadores e proprietários da Cervejaria C. Ritter & Irmão que foi uma das maiores cervejarias do Brasil.

Mais tarde, em 1876, transferem a fábrica para a Rua Marechal Floriano no encontro com a Marquês de Caxias (atual Santos Dumont), em frente à popular "Praça do Pavão".

Em 1881, houve a primeira exposição teuto-brasileira, em Porto Alegre, onde se apresentaram as primícias da produção das colônias alemãs no Rio Grande do Sul, e lá já estava Pelotas. Pelotas representada pela Cervejaria Ritter com suas afamadas cervejas.
Em 1889, Leopold Haertel, descendente de alemães nascido em Porto Alegre, estabelece em Pelotas a Cervejaria Rio-grandense, contando com a sociedade de Carlos Ritter

Na virada do século a cervejaria produzia 4,5 milhões de garrafas por ano, tendo obtido prêmios internacionais, cuja qualidade era garantida pela importação de equipamentos e técnicos alemães. Eram produzidas pela Cervejaria Ritter, entre o final do século XIX e início do XX, as cervejas Pelotense, Pilsen, Royal, Ritter Brau Preta e Maerzen-Bier, além da água mineral Apollo, da Gazoza Limonada Celeste e do Guaraná Ritter como informam as diversas propagandas publicadas nas revistas.


Seus porões são os mais impressionantes do subsolo de Pelotas, ocupavam a quadra toda e eram usados para estoque e fermentação da cerveja produzida na fábrica.



Em 1901, Carlos Ritter viajou para São Paulo para localizar e fazer contato com seu sobrinho Frederico Augusto, filho de Henrique Ritter, para oferecer todas as condições para estudar e aprender o ofício de mestre cervejeiro na Europa.

De 30 de abril até 1º de dezembro de 1904, teve lugar a "Louisiana Purchase Exposition" (Exposição Internacional de St. Louis) em Saint Louis, Missouri, Estados Unidos da América, na qual a C. Ritter & Irmão, participou e sua cerveja recebeu como prêmio a medalha de prata.

Em 1911, o polo cervejeiro pelotense alcança a produção anual de 6 milhões de garrafas, além de gelo e gasosas, chegando a empregar 250 operários.

Entre 1908 e 1913, Carlos Ritter mandou construir sua nova residência, um grande sobrado em meio a um gigantesco jardim romântico dando-lhe o nome de Villa Augusta (homenagem à sua esposa). Edifício de dois pavimentos, porão habitável e sotéia, construído com grande requinte.

No entanto a grande herança que o proprietário da cervejaria Ritter & Irmão deixou para a cidade não foi a bebida, mas sim a curiosa coleção de insetos, considerada pelos cientistas como a maior do Brasil. Apaixonado pela fauna brasileira, Carlos Ritter dedicava todo seu tempo livre a coletar e classificar os insetos. Em alguns casos não se contentou apenas em guardá-los nos tradicionais estojos e utilizando-os como matéria-prima para colagens e montagens artísticas.


Uma delas foi dada como presente à princesa Isabel, quando de sua passagem por Pelotas em 1885. Em outro quadro, o naturalista reproduziu com exatidão a fachada da segunda sede da cervejaria da família, enquanto em um terceiro, feito em 1890, exaltou a saudade da pátria de seus pais com os dizeres Deutsche Reich - Eine Gkeit Macht Stark ou Império Alemão - A união faz a força.

Quando Carlos Ritter morreu em 1926, sua família doou a coleção à Faculdade de Agronomia. Em 1970 foi criado o museu natural para onde foi levado o acervo, que recebeu seu nome.

A residência foi vendida ao município, em 1928, e passou a abrigar o Instituto de Higiene Borges de Medeiros. Em 1958 a propriedade foi doada à futura faculdade de Medicina de Pelotas, fundada no ano seguinte e definitivamente instalada em 1963.

Em julho de 1924, a cervejaria da família Ritter já havia passado a fazer parte do Consórcio Continental, formado quando as firmas Bopp Irmãos (sucessores de Carlos Bopp), Bernardo Sassen e Filhos (sucessores de Guilherme Becker e Bernardo Sassen) e Henrique Ritter e Filhos (sucessores de Henrique Ritter) fundiram-se sob a razão social Bopp, Sassen e Ritter e Cia. Ltda. Surgindo assim um novo estabelecimento comercial, denominado Cervejaria Continental, que se instalou na Rua Cristóvão Colombo, 625" (em Porto Alegre).

Um comentário:

  1. O amigo esqueceu de colocar os devidos créditos nas fotos dos porões da cervejaria Ritter: Bruno Farias. A reportagem original na qual as fotos foram publicadas em primeira mão é www.tuneisdepelotas.xpg.com.br. E o site da Revista de História da Biblioteca Nacional também publicou um texto sobre o assunto, disponível em http://www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=1764

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