Franz Peter Trein e sua esposa Katharina
Dados colhidos na obra monumental de Carlos Henrique Hunsche:
Os primeiros Trein chegados ao Rio Grande do Sul foram João Francisco e sua esposa Maria Jacobina Moog. Eles desembarcaram em São Leopoldo no dia 31 de dezembro de 1825. Vieram ao Brasil a bordo da galera (navio a vela) Friedrich Heinrich, da cidade de Bremen. O veleiro partiu do porto de Amsterdam no dia 25 de agosto daquele mesmo ano e chegou ao Rio de Janeiro em 8 de novembro, levando quase dois meses e meio para completar a travessia do oceano Atlântico. Depois de algum tempo de permanência no rio, o casal e filhos seguiram viagem até o Rio Grande do Sul na sumaca (pequeno barco a vela usado para navegação de cabotagem, ou seja, entre portos de um mesmo continente) Delfina.
João Francisco Trein era tecelão e de religião evangélica. Nasceu no povoado de Leisel, próximo a Birkenfeld (região de Nahe, na Alemanha) no dia 23 de fevereiro de 1784. Tomou parte da Guerra Napoleônica, contra a Rússia. Casou-se com Maria em 1809.
Quando o casal chegou ao Brasil, João Francisco tinha 41 anos e três filhos:
Felipe Carlos Trein - nascido em 1813
Maria Carolina Trein - nascida em 1819
Francisco Pedro Trein - nascido em 30 de janeiro de 1816, em Leisel, Alemanha. Tinha nove anos ao chegar ao Brasil. Tendo começado sua vida com grande dificuldade, tornou-se importante comerciante caiense e pai de empresários de destaque estadual.
Quando jovem, participou da Guerra dos Farrapos, lutando a favor do império e contra os revolucionários farroupilhas, sob o comando do Major Fernando Kersting e do Chico Pedro (depois Barão do Jacuí).
Depois da Guerra dos Farrapos, na qual recebia soldo diário de 700 réis diários, teve de começar sua vida modestamente e cogitou de fazer negócios com a exportação de pedras semipreciosas para a Alemanha, em sociedade com o seu ex-comandante Major Kersting.
Casou em Estância Velha, com Catarina Kessler, em 11 de janeiro de 1847.
Em 28 de novembro daquele mesmo ano, quando vivia em Bom Jardim (hoje Ivoti), Francisco Pedro Trein escreveu carta para Kersting com o seguinte conteudo:
"Excelentíssimo Senhor Major Kersting
Recebi sua carta de 22 corrente por intermédio de Antônio Seferim, alegrando-me que V.S. não perde oportunidade com uma notícia, embora que a presente não contenha boas notícias no que diz respeito ao nosso negócio de pedras. Mas o que podemos fazer ou mudar nos fatos? Podemo apenas consolarmo-nos com outros que também não fizeram bons negócios com pedras. Continuava tendo esperanças e consolava, mais de uma vez, com essas esperanças, minha mulher, preocupada com os gastos domésticos, pois, V.S. poderá imaginar que em casa aparecem preocupações, quando a gente começa com meios tão parcos. Até agora só tivemos gastos, a não ser dos 11 sacos de milho que, no ano passado, ainda plantei em terra de minha mãe. Economizamos tanto quanto possível. Este ano, já plantamos bastante feijão e milho. Se o bom Deus nos der bom tempo e a sua benção, tudo irá bem, e se nos conservar a saúde, a concórdia e o contentamento, não nos queremos queixar, pois o trabalho adoça a vida, a inatividade é veneno, se a gente não a conquista mediante o esforço. O nosso futuro poderá ser até melhor do que pensamos hoje, sendo portanto insensatez deixar-se levar preocupações e ameaças.
Além do mais, ainda duvido de que o assunto das pedras tenha acabado tão mal. Não esqueçamos de que gente como o senhor Frach está acostumada a especulações de grande envergadura somente.
Respondi sua última e estimada carta de 24 do corrente mediante uma missiva que entreguei a Pedro Sieben. Escrevi a toda pressa, pensando que Sieben partisse imediatamente para Triunfo. Peço-lhe, se não for esforço demais, considerar o favor nela formulado. Como Pedro Sieben ainda continua aqui e como duvido de que Antônio Seferim volte para cá, darei ao primeiro também esta carta.
Novidades não tenho a comunicar, a não ser que hoje haverá grande carreira entre Henrique Berghan e um dos filhos de José Correia pela soma extraordinária de 4 patacões cada um. Sieben poderá comunicar-lhe quem ganhou.
Aguardo, com ansiedade, sua próxima noticia por intermédio de seu irmão Clemente.
Finalmente, pesso a Deus, Nosso Senhor, que conserve, por muitos anos, ao senhor e à sua mui estimada família, a vida com saúde, felicidade, contentamento e com toda a classe de bem. São os votos desse seu agradecido e mui dedicado criado.
Franz Trein"
Francisco Pedro Trein e Catarina Kessler tiveram dez filhos.
O mais velho, Carlos Felipe Trein, nasceu em Estância Veha, no dia 4 de fevereiro de 1848 e faleceu no Caí em 21 de outubro de 1899, em São Sebastião do Caí. Foi grande comerciante e industrial, iniciador da conservação de carnes no Rio Grande do Sul, proprietário de barcos que navegavam no rio Caí e fomentador da imigração italiana para a Serra Gaúcha. Ele casou com Henriqueta Blauth, natural de Linha Nova Baixa, que faleceu com 28 anos incompletos. E, em segundas núpcias, com Guilhermina Ritter, que era filha do grande comerciante e primeiro produtor de cerveja no estado Jorge Henrique Ritter e Elisabeta Fuchs, de Linha Nova.
Carlos Felipe teve nove filhos, sendo quatro do primeiro matrimônio e cinco do segundo.
Entre estes, destaca-se Emma Johanna Trein, casada com o médico caiense Carlos Frederico Hunsche.
O segundo filho de Francisco Pedro Trein também teve grande destaque na vida caiense.
Ele nasceu, também em Estância Velha, em 28 de setembro de 1850 e faleceu no Caí em nove de março de 1916. Foi tenente coronel, grande distinção conferida a homens de extraordinário destaque nas suas comunidades. Casou com Elisabeta Ritter, também filho de Jorge Henrique Ritter e Elisabeta Fuchs, de Linha Nova. Foi comerciante e industrial no Caí e teve duas de suas filhas casadas com homens que se tornaram empresários de enorme destaque da economia rio-grandense até meados do século XX: Frederico Mentz, que casou com sua filha Catarina, e A. J. Renner, que casou com Matilda Trein.
Antes de estabelecer-se no Caí, Francisco Pedro Trein viveu em 14 Colônias (onde nasceram seus filhos Francisco, Júlio e Frederico Guilherme (esse em 1859) e em São José do Hortêncio, onde nasceram os filhos João Jacob, Amália, Frederico, Maria Matilde, Catarina. Como se vê, Francisco Pedro permeneceu em São José do Hortêncio, enquanto seus filhos mais velhos já desenvolviam negócios de vulto no Caí.
Ver também postagem 412 Franz Peter Trein
minha tia tem um jornal Fato Novo de 1985 comemorando os 100 anos do meu bisavo,ele se chamava Joao Trein e era muito conhecido pois tocava bandonem,ele nasceu em Sao Lourenco e morreu em Sao Jose do Hortencio,caso quiera o jornal entrem em contato
ResponderExcluirE quem foi Francisco Trein, por deram nome a rua?!
ResponderExcluirFranz Peter Trein era comerciante em São José do Hortêncio e lider comunitário com destaque regional. Recebeu a homenagem da câmara de vereadores de Porto Alegre por volta de 1875 por ter se preocupado com as pessoas doentes com colera morbus providenciando alimentos, levando mantimentos de São José do Hortencio a Porto Alegre de carroça.
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