domingo, 22 de agosto de 2010

928 - Pio Rambo quer salvar o hunsrickisch

Pio Rambo desenvolve uma cruzada em defesa da língua com a qual aprendeu a falar e pensar

O principal fluxo de imigração alemã para o Rio Grande do Sul ocorreu entre os anos de 1824 e 1830. Uma época em que os pequenos países que depois formariam a Alemanha sofriam com a miséria provocada pela guerra entre a França de Napoleão e a Inglaterra.
Premidos pela fome e falta de perspectivas, milhares de famílias alemãs atenderam ao convite do governo imperial brasileiro, de Dom Pedro I, e vieram ocupar as regiões dos vales do Sinos e Caí.
De lá para cá, os colonos que se estabeleceram em localidades mais distantes e isolados, preservaram a mesma língua que falavam na sua terra de origem. Como a maioria deles vieram da região do Hunsrick, no sul da Alemanha, eles falavam uma variação do idioma alemão: o dialeto chamado de hunsrickisch. O relativo isolamento em que viveram os imigrantes e seus descendentes nas localidades interioranas povoadas só por alemães fizeram com que o idioma da terra natal não fosse esquecido. E o isolamento em que suas comunidades viviam, sem rádio, televisão e muito pouco contato com gente de outra origem, fez com que eles não esquecessem a língua dos antepassados. Mais do que isto. Eles não acompanharam sequer a evolução do idioma alemão, porque tinham muito pouco contato com pessoas, livros, jornais ou qualquer outro meio de transmissão da língua alemã mais moderna.
Pio Rambo, nascido na localidade de Harmonia, no Vale do Caí, teve este idioma como a sua primeira língua. Só ao ir à escola começou a aprender o português.
Hoje se expressa muito bem em português. Tanto que atua como locutor em programas de rádio e gravando comerciais. Mas ele não esqueceu a sua língua de origem. Ele a preserva, assim como seus pais, avós, bisavós, trisavós e tetravós preservavam a língua que era falada pelo primeiro Rambo que, vindo da Alemanha, adotou a província de São Pedro do Rio Grande do Sul como a terra do seu futuro.
Ele não esqueceu nem renegou a língua com a qual teve o primeiro contato e na qual o seu cérebro foi moldado. Ele a preserva e, mais do que isso, tem amor por ela. Por isso se dedica a uma verdadeira operação de salvamento. Ele luta para evitar que o husrickisch se torne uma língua morta.
Para tanto, Pio mantém um programa de rádio na RCC, rádio comunitária da sua cidade, escreve artigos em hunsrickisch contando histórias típicas da colônia alemã e mantém blogs na internet em que defende o ideal de salvar da morte a língua dos nossos colonos.
Quem sabe falar o hunsrickisch, gosta dele ou quer aprender, vai gostar dos blogs mantidos por Pio:

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