Em janeiro, a grande sensação era a Festa de São Sebastião, o kerb da comunidade católica. Uma festa bem popular, ao contrário do kerb da comunidade evangélica, que era mais restrita. As famílias do interior cangavam seus bois na carroça e iam até o centro da cidade. Em cada carroça vinham três ou quatro casais. Rapazes mais endinheirados vinham a cavalo. Perto da igreja, 20 ou 30 carroças estacionavam. Bois e cavalos ficavam amarrados nos sinamomos das ruas.
As gurias compravam sapatos novos para ir na festa. Mas nem todas tinham oportunidade de vir em carroças ou a cavalo. E, caminhando no barro das estradas do subúrbio, sujariam e estragariam seus calçados de festa. Por isso aquelas que vinham à pé traziam seus sapatos novos nas mãos e só os calçavam na proximidades do armazém do Tidirica (Edvino Dietrich, pai de Edgar Dietrich) que ficava na entrada da cidade (no início da atual avenida Osvaldo Aranha, perto do campo do Riachuelo). Ali elas escondiam seus sapatos velhos no brejo e calçavam os novos. Dali em diante a rua era calçada.
A festa acontecia na praça da igreja matriz. As pessoas, especialmente as jovens solteiras, caminhavam em torno da praça. Moças e rapazes trocavam olhares entre si, até que o rapaz se sentia encorajado a abordar a moça e a convidava para tomar uma gasosa (refrigerante). Se a mãe estava junto com a jovem, era convidada também. Se o rapaz não convidava a mãe, essa dizia para a filha: “Este não é bom pretendente. Não tem dinheiro nem pra pagar uma gasosa a mais.”
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