domingo, 22 de agosto de 2010

941 - Discriminação de dois lados


O prédio da loja Lebes já foi usado para o Tiro de Guerra, a concessionária da fábrica de caminhões International (com posto de gasolina) e sede da Empresa Caiense de Ônibus

Como geralmente acontece, uma boa parte do problema de discriminação está na cabeça da pessoa discriminada. Essa pessoa, muitas vezes, cria as maiores barreiras para o melhor relacionamento inter-racial.
Esse foi um problema que Bernardo teve a capacidade de superar. Por dom natural de comunicabilidade, por pragmatismo e pela oportunidade que teve de conviver bem, ainda na juventude, com alemães como os seus primeiros patrões (Gutheil e Erich), ele conseguia ter bom relacionamento com pessoas de origem alemã.
Por saber se comunicar em alemão e também por dançar bem (além, é claro, de ter as virtudes básicas de ser comunicativo e persistente), Bernardo não tinha dificuldade para conseguir namoradas. Era estimado até mesmo pelas gurias de origem alemã e aceito pelos pais das mesmas. Seu domínio do alemão, na verdade, não chegou a ser muito grande. Mas, nos bailes ele usava de um truque. Depois de conquistar a simpatia de uma jovem de origem alemã, ele se aproximava, junto com ela, da mãe da jovem e dizia em alemão “Esta aí é a tua mãe?” E isto bastava para conquistar a simpatia e aprovação da “sogra”.
Antigamente o Caí contava com o seu Tiro de Guerra, que funcionou inicialmente no prédio hoje pertencente ao Country Tênis Clube e depois foi transferido para o prédio onde hoje se encontra instalada a loja Lebes (mais tarde revenda e oficina dos caminhões International e, mais tarde ainda, sede da Empresa Caiense de Ônibus). Ali os jovens do município faziam o seu treinamento militar. Porém, no ano de 1952, quando Bernardo chegou à idade de prestar o Serviço Militar, o Tiro já não existia mais na cidade e ele, juntamente com alguns outros jovens caienses, foi chamado a servir o exército num quartel fora da cidade.

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