Como geralmente acontece, uma boa parte do problema de discriminação está na cabeça da pessoa discriminada. Essa pessoa, muitas vezes, cria as maiores barreiras para o melhor relacionamento inter-racial.
Esse foi um problema que Bernardo teve a capacidade de superar. Por dom natural de comunicabilidade, por pragmatismo e pela oportunidade que teve de conviver bem, ainda na juventude, com alemães como os seus primeiros patrões (Gutheil e Erich), ele conseguia ter bom relacionamento com pessoas de origem alemã.
Por saber se comunicar em alemão e também por dançar bem (além, é claro, de ter as virtudes básicas de ser comunicativo e persistente), Bernardo não tinha dificuldade para conseguir namoradas. Era estimado até mesmo pelas gurias de origem alemã e aceito pelos pais das mesmas. Seu domínio do alemão, na verdade, não chegou a ser muito grande. Mas, nos bailes ele usava de um truque. Depois de conquistar a simpatia de uma jovem de origem alemã, ele se aproximava, junto com ela, da mãe da jovem e dizia em alemão “Esta aí é a tua mãe?” E isto bastava para conquistar a simpatia e aprovação da “sogra”.
Antigamente o Caí contava com o seu Tiro de Guerra, que funcionou inicialmente no prédio hoje pertencente ao Country Tênis Clube e depois foi transferido para o prédio onde hoje se encontra instalada a loja Lebes (mais tarde revenda e oficina dos caminhões International e, mais tarde ainda, sede da Empresa Caiense de Ônibus). Ali os jovens do município faziam o seu treinamento militar. Porém, no ano de 1952, quando Bernardo chegou à idade de prestar o Serviço Militar, o Tiro já não existia mais na cidade e ele, juntamente com alguns outros jovens caienses, foi chamado a servir o exército num quartel fora da cidade.
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