domingo, 22 de agosto de 2010

949 - Lições do Jacó "Kutel"

Os imigrantes alemães trouxeram técnicas de cultivo mais avançadas do que as que eram normalmente utilizadas pelos agricultores brasileiros

Como a maioria dos comerciantes do interior, Jacó Gutheil (ou “Kutel”, como era pronunciado o seu nome por pessoas que não dominavam plenamente o idioma alemão) era dono de um armazém no Chapadão Alto. Ele foi o primeiro patrão de Bernardo, quando este era ainda um garoto de apenas 10 anos de idade. Mesmo sendo tão jovem, Bernardo trabalhava nas terras de Jacó em regime de empreitada, em determinadas épocas. A tarefa que ele mais executava era a capina em plantações de cana, girassol e feijão.
Para Bernardo foi um privilégio trabalhar com Jacó, que era um colono evoluído, conhecedor de técnicas de cultivo que eram consideradas avançadas para aquela época. O colono alemão, de modo geral, tinha grande vantagem técnica na comparação com os produtores rurais de origem portuguesa. O que fez com que o Vale do Caí se tornasse, já na segunda metade do século XIX, um verdadeiro centro nacional de produção agrícola. A região chegou a ser a maior produtora nacional de feijão, apesar da sua pouca extensão de terras e reduzido número de produtores. Na mesma época, os colonos alemães se destacaram como grande produtores de suínos e exportadores de banha.
Em meados do século XX, colonos como Jacó Gutheil ainda se destacavam pela superioridade dos seus métodos de produção. Enquanto um produtor brasileiro normal cultivava apenas um produto numa área de terras, Jacó plantava feijão e girassol nos vãos da sua plantação de cana. O método usado por Jacó e aprendido por Bernardo era o seguinte: primeiro era cortada a cana. Depois era lavrado o entremeio das fileiras de cana e ali era plantado o feijão. E, quando era feita a primeira capina do feijão, plantava-se girassol, que tinha uma vantagem adicional: o mel produzido pelas abelhas com o néctar das flores de girassol é muito gostoso e saudável.
Tudo tinha a sua época para plantar. “Os alemães eram mais adiantados na roça e mais trabalhadores”, comenta Bernardo. Ele hoje planta numa chácara que possui no alto do morro do Chapadão e ainda aproveita aquilo que aprendeu com o velho Jacó Kutel.

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