segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

1128- Jacob Aloísio Heck: o grande construtor

Jacob Heck, de Bom Princípio, com esposa e filhos, 
no casamento do filho mais velho

Jacob Aloísio Heck nasceu a 4 de setembro de 1891 em Arroio das Pedras, interior de Bom Princípio, sendo o último de 10 irmãos, filhos de Jacob Heck e Catharina Noll. Seu pai era agricultor e possuía moinho onde fazia farinha de mandioca. Desde cedo Aloísio ajudava o pai e irmãos mais velhos no trabalho, nas horas vagas tocava música com seus irmãos mais velhos em uma bandinha da família. Aloísio tocava gaita.
Em 17 de novembro de 1914 casou com Emília Catarina Roehe (filha do advogado e primeiro escrivão de Bom Princípio, Henrique Roehe), na época o município pertencia a Montenegro, onde Emília morava com seu irmão mais velho, Oscar Guilherme, após o falecimento do pai Henrique. No começo da década de 1920 quase todos os irmãos de Jacob Aloísio emigraram para as novas colônias, apenas uma irmã permaneceu em Bom Princípio. Todos os irmãos de Emília Catarina também emigraram.
Como as condições econômicas e culturais nas colônias velhas eram difíceis, Jacob Aloísio vendeu os poucos bens que possuía e emigrou com a esposa e os três filhos menores, Danilo, Alicito e Artêmio para Foz do Iguaçu, no Paraná. Na época havia muita mata virgem em boa parte do Estado do Paraná e os poucos alemães instalados por lá eram os “Wolgadeutsche” (descendentes de alemães nascidos no sul da Rússia).
Jacob Aloísio construiu uma pousada para viajantes na localidade. Desde o início a adaptação foi complicada, Jacob e a esposa eram muito religiosos, naquela região ainda não havia igrejas. Havia muita mata virgem e animais selvagens, também havia muitos índios nas proximidades. Depois de três anos Jacob Aloísio e a esposa deixaram para traz, tudo que tinham em Foz do Iguaçu. A viagem de volta foi complicada, boa parte por rio, passando pelo rio Uruguai e outra parte do transporte feio por carroça.
O casal optou em voltar para a colônia velha, só que nesse momento sem bens e com poucos pertences. Jacob Aloísio procurou um amigo chamado Felipe Ritter, que fez para os Heck uma pequena casa perto do potreiro dos Ritter, onde eles poderiam ficar até Aloísio construir uma nova casa, oito dias depois de voltar a Bom Princípio, nasceu a primeira filha do casal, Maria Isméria Heck.
Aloísio não podia mais trabalhar como colono, pois não tinha terras. Seu cunhado Dionísio Chassot, o ensinou a profissão de pedreiro. Os anos iniciais de Aloísio nessa área, era sempre ao lado de seu cunhado Dionísio construindo casas na região. Com o tempo os dois iniciaram a construção de escolas, hospitais e igrejas. Eles eram requisitados para trabalharem nas novas colônias que estavam em crescimento e começavam a precisar de áreas maiores para o ensino, saúde ou religião.
Na década de 1930 o cunhado Dionísio faleceu e Jacob Aloísio levou seu filho mais velho, Danilo, para trabalhar com ele nas construções. Os Heck, pai e filho, trabalharam mais de vinte anos juntos na construção e também foram os responsáveis pelas obras do hospital de Bom Princípio. Heck chegava a ficar quase um ano fora de casa, pois as construções demoravam muito tempo.
Jacob Aloísio teve 12 filhos, todos nascidos em Bom Princípio, 56 netos e mais de 200 descendentes. Faleceu em 1975 no município de Bom Princípio, com 85 anos e 4 dias. Foi agricultor, pedreiro, construtor de igrejas e patriarca de uma enorme família espalhada no Vale do Caí, no Vale dos Sinos, na região Metropolitana de nosso Estado e no Estado do Mato Grosso.
Na foto da década de 1940 está Jacob Aloísio Heck com a esposa Emília Catarina Roehe e seus 12 filhos no dia do casamento do mais velho, Danilo Heck. Da esquerda para direita: Luzia Vale Heck, Artêmio (Lourdes na frente), Isméria, Alicito, os noivos Danilo e Alvina, Hildegard e Therezinha (na frente) e Almedo Heck. Na frente Jacob Aloísio com Inácio, Emília Catarina com o mais novo, Olavo, e no meio o pequeno Helmuth Heck.
Texto de Felipe Kuhn Braun


Notas do editor: 
(1) Repare-se na elegância, principalmente dos homens que aparecem na foto. Na época era obrigatório, também, o uso do chapéu de feltro. Mas não, pelo visto, na hora de bater uma foto desse tipo. As mulheres também usavam chapéus. Um hábito que merecia ser reestabelecido num país tropical como o nosso.
(2) Observe-se, quanto ao respeito pelos mais velhos, que os pais do noivo ocupam o espaço central na foto, em detrimento dos noivos.

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