sábado, 30 de julho de 2011

1221 - Wallace Kruse

Seu Wallace foi um intelectual  sempre disposto a tranmitir seus conhecimentos aos outros

Morreu, na última quarta-feira, um homem que foi um verdadeiro símbolo da governança municipal no Caí por quase meio século (de 1947 a 1996). Durante todo este período, ele atuou na secretaria da Câmara Municipal. Mas não limitava-se ao cumprimento das funções normais de um secretário.
Homem culto e informado, ele prestava assessoria competente aos vereadores (e até mesmo aos prefeitos) no que diz respeito a questões legais e administrativas. Sua atuação neste sentido não se limitou ao Caí. Orientou, também, a instalação das novas câmaras municipais surgidas com as emancipações dos distritos caienses de Feliz, Portão, Bom Princípio, São José do Hortêncio e Capela de Santana. Ao mesmo tempo ele ajudava os prefeitos desses municípios nos primeiros passos da instalação desses novos municípios.
Generoso, ele nunca se negava a ajudar, transmitindo seus conhecimentos àqueles que deles necessitavam.

Caiense adotivo

Seu "Wallace", como as pessoas geralmente o tratavam, não nasceu no Caí. Era natural de Novo Hamburgo e só se tornou caiense em 1947, aos 23 anos, quando veio trabalhar na Câmara de Vereadores a convite do secretário da casa, Alceu Masson.
Assim como Masson, que era escritor e pintor, Wallace Otto Kruse, desde muito jovem se destacou como intelectual em Novo Hamburgo. O que o qualificava para o trabalho na Câmara Municipal de São Sebastião do Caí.
Seu Wallace nasceu no dia 30 de janeiro de 1924 e, quando estudante, já começou a demonstrar pendores para o jornalismo. Junto com alguns colegas de escola, ele fundou um jornalzinho chamado O Estudante, no qual eram publicadas as melhores redações de alunos da escola. O jornalzinho era impresso na gráfica do único jornal editado em Novo Hamburgo naquela época: O "Cinco de Abril".
No contato com aquela pequena empresa jornalística, Wallace passou a escrever para o jornal hamburguense, o que o tornou - ainda muito jovem - uma figura de destaque naquela cidade.
Ele foi aceito, inclusive, no meio de um grupo de brilhantes intelectuais da cidade, como Marcos Moog (pai de Vianna Moog) e o historiador Leopoldo Petry.
Provavelmente o jovem teria um brilhante futuro na dinâmica Novo Hamburgo da década de 40, e nas décadas seguintes, quando lá se desenvolveu um polo calçadista de relevância mundial.
Mas, então, ele conheceu uma jovem caiense chamada Eddy Diehl e passou a visitá-la no período de namoro. Conheceu, então, os poucos intelectuais caienses daquela época. Inclusive o maior deles, Alceu Masson, que era escritor, tradutor e pintor, além de secretário da Câmara Municipal.
Desta amizade surgiu o convite para o jovem Wallace, então com 23 anos, trabalhar como secretário-adjunto da Câmara Municipal. Ele serviu à câmara caiense por 49 anos, dando enorme contribuição para as administrações públicas caienses e dos municípios que se emanciparam do Caí no período.
O namoro com Eddy também deu certo e dele surgiu o casamento e seis filhos: Marta Kruse Bohn (falecida), Marília Hatzenberger, Paulo Roberto, Beatriz Diehl Kruse, Nelson e Inês Machry.
Fora da sua atividade principal, seu Wallace exerceu notável atividade como jornalista. Ele mesmo fundou o jornal O Município, que circulou no Caí nas décadas de 1950 e 1960, com gráfica instalada na rua Coronel Paulino Teixeira, em frente à atual Secretaria Municipal da Agricultura.


CONTRIBUIÇÕES

Foto da Notícia
Em 1965, foi um dos principais responsáveis pela criação da Escola Cenecista Alceu Masson, sendo ali professor e dirigente. Escola esta que formou grades profissionais e lideranças da região. Foi sua a sugestão do nome, em justa homenagem ao amigo Alceu.
Mesmo aposentado desde 1978, Wallace permaneceu na secretaria da Câmara até 1996, quando tinha 72 anos. Ele parecia indispensável. Vereadores e prefeitos vinham e iam, mas seu Wallace era permanente.
Ele conhecia a história do Caí e dos municípios que dele se emanciparam, como ninguém e deu assistência a muitos estudiosos, principalmente na elaboração de seus trabalhos de conclusão em cursos universitários. Depois dos 80 anos, participou de um grupo de estudiosos da história regional, transmitindo muito do seu conhecimento aos colegas mais jovens.
No último domingo seu Wallace ainda havia almoçado com o filho Paulo, no restaurante A Canga. Ao meio-dia de quarta, tendo sentido um certo desconforto, foi chamado um médico para examiná-lo em casa. Nada foi constatado de grave, além do desgaste natural da idade. A morte aconteceu no mesmo dia, por volta de onze horas a noite.

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