quinta-feira, 27 de setembro de 2012

1489 - A ponte de ferro de Feliz

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A ponte, construída em 1900, continua em uso, no centro da cidade de Feliz

A última década do século XIX testemunhou um período de grande
desenvolvimento econômico para a Vila de Feliz, assim denominada a
partir de dezembro de 1888, quando a Picada Feliz foi elevada a essa
categoria, justamente pelo que passou a representar no contexto
econômico, político e social da região. A chegada dos italianos que
demandavam terras mais altas e desabitadas proporcionou um novo alento
aos moradores de Feliz, os quais irmanaram aos recém chegados para
pleitearem melhorias na infraestrutura, especialmente nos meios de
transporte e comunicação. Habitantes de Feliz e seus novos vizinhos da
serra uniram-se e viram sua reivindicação de uma estrada segura
realizada com a construção da Estrada Visconde de Rio Branco, que
ligava São Sebastião do Caí aos Campos de Cima da Serra. Com a estrada
concluída, construíram e instalaram uma barca para fazer a travessia
do Rio Caí no centro da Vila de Feliz.
Apesar da melhoria conquistada, a ideia de uma ponte persistia.
Convencidos de que do governo não precisavam esperar uma solução,
resolveram comprar uma ponte de ferro que havia sido trazida da
Bélgica para ser instalada em outra localidade, o que não se realizou
(não sei dizer qual era a cidade). Os felizenses se juntaram em ações,
contrataram a empresa Irmãos Corrêa, de São Leopoldo, que havia
construído outras obras de grande importância no Rio Grande do Sul. A
empresa assumiu o serviço nos últimos anos do século XIX. Um fato
histórico interessante é que na cidade nasceu Fioravante Bertussi -
pai de Adelar e Honeyde Bertussi, que deu origem ao reconhecido grupo
Os Bertussi - por estar seu pai, habilidoso metalurgista, atuando na
construção da Ponte de Ferro, particularmente na colocação dos rebites
que seguem na construção até os dias atuais.
A Ponte de Ferro foi inaugurada em 10 de março de 1900, no mesmo dia
em que o Padre Theodor Amstadt realizava sua primeira reunião, no
pátio da capela Santa Catarina de Feliz, para divulgar suas ideias
sobre o cooperativismo e que pouco mais tarde resultaram no que é hoje
o Banco Cooperativo Sicredi. Com a ponte inaugurada, passou-se, para
ressarcir os acionistas, a cobrar pedágio para qualquer um que a
atravessasse: pedestres, cavaleiros, carroceiros e, claro, os
pouquíssimos carros que rodavam na época. Essa cobrança estendeu-se
por 25 anos, época em que foi construída a estrada Júlio de Castilhos.
Antes de ser importada da Bélgica, pelo que sei, a ponte foi utilizada
lá para os fins a que foi construída e projetada: passagem de trens.
Isto explica a existência de uma só via, já que trens dificilmente
precisam passar simultaneamente pelo mesmo caminho em sentidos opostos
e já se dispunha de mecanismos para mudança de trilhos. Em vista à
Bélgica, inclusive, vi pontes exatamente iguais em cidades do interior
do país. O tempo do traslado da estrutura da ponte entre a Bélgica e o
Brasil é difícil precisar, mas imagino que tenha sido por volta de um
mês.
Considerando que a construção da ponte tenha iniciado em 1899 e que
sua inauguração ocorreu em março de 1900, é prudente afirmar que o
processo de construção tenha durante entre 8 e 14 meses. Ela não
possui nenhuma denominação em homenagem a alguma personalidade e não
há como estimar por quantas reformas ela já passou."


Texto de Bruno Assmann de Azevedo, com colaboração de Maria Romana Winter Selbach 

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