sábado, 2 de março de 2013

1707 - Problemas da navegação

CACHOEIRA DA ANA MARIA: O Caí não é e nunca foi, um rio francamente navegável. De Montenegro para cima ele é raso e a sua navegação dificultosa

Da sua foz no rio Jacuí até Montenegro, o rio Caí é largo e tem boa profundidade. Pode ser navegado facilmente com barcos pequenos.  De Montenegro até Pareci Novo, a situação é mais complicada, pois o rio é raso e apresenta corredeiras em alguns pontos. Do Pareci ao Caí a situação se complica ainda mais. Acima do Cai, existem pequenas cachoeiras, como a da Ana Maria (foto acima), que tornam a navegação praticamente impossível. Só se pode passar de barco por ali quando o rio está cheio em função das chuvas. A cachoeira fica bem próxima da cidade de São Sebastião do Caí, a montante (rio acima). Esse fato deu importância à cidade no tempo da navegação, pois o porto de São Sebastião do Caí era o fim da linha para os barcos. Num tempo em que não havia estradas, ir de barco até ali era muito vantajoso. Apesar das dificuldades que o rio oferecia, mesmo a jusante (rio abaixo) da cachoeira.

ESTREITO, TIRA SACO E REGO DO GAMA
Vários trechos do rio Caí ganharam nomes, que ficaram bem conhecidos na época. Um deles é o Estreito, que fica ao lado do Morro dos Berwanger, a um quilômetro do cais de São Sebastião do Cai, rio abaixo. Esse nome se deve ao fato de que ali o rio passa entre dois morros: um, o dos Berwanger, na margem esquerda (para quem desce o rio) e outro situado no município de Pareci Novo, na margem direita.
Entre o Cais do Porto e o Estreito existe o local chamado Tira Saco. Conforme esclarece seu Euthímio de Moraes, este local era um baixio ( ponto em que a profundidade do rio era muito pequena). A ponto de que os barcos não conseguiam passar se estivessem muito carregados. Para conseguir passar era necessário tirar sacos de modo a diminuir o peso da carga e, portanto, o calado da embarcação (calado é a profundidade atingida pelo casco do barco abaixo do nível da água), que diminui com a retirada da carga. Carroceiros se postavam no local, nas épocas em que o nível do rio estava muito baixo, para a passagem livre dos barcos.
Os barcos, na época, levavam pás para, em caso de necessidade, ser aprofundado o canal do rio, permitindo a passagem dos barcos.
O governo estadual tinha equipes tanto para operação da barragem (seis pessoas) como para a limpeza e aprofundamento dos canais.

DERROCAMENTO
Um dos recursos utilizados para aprofundar os canais de navegação (dentro do rio) era o derrocamento.
Ou seja, dinamitar pedras que atrapalhavam a passagem dos barcos. Seu Euthynio fez parte de uma turma que fazia esse serviço. Os homens trabalhavam com pá e picareta e também com uma broca manual com a qual faziam buraco numa rocha (geralmente submersa) que atrapalhava a passagem dos barcos. Feito o buraco, colocavam dinamite dentro de explodiam a rocha.

QUEIXAS
As queixas quanto à conservação dos canais de navegação eram uma constante. No dia 19 de fevereiro de 1913, o jornal Correio do Povo divulgou a seguinte notícia:

"Cahy, 18 - Devido à falta d'água e ao mau funcionamento das barragens do Cahy, os valores não podem mais partir desta vila para Porto Alegre. Os canaes acham-se todos atulhados de cascalho, sendo urgente que o governo do Estado tome as necessárias providências."

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