sexta-feira, 26 de abril de 2013

1920 - Uma suástica na bomba de gasolina

A suástica, na bomba de gasolina não tinha nada a ver com o nazismo
Ao que se sabe, essa foto foi feita na cidade de Feliz. Trata-se de uma bomba para abastecimento de gasolina. A marca do produto é Gasolina Energina. O mais curioso na foto é o símbolo utilizado para identificar essa marca: uma suástica.
Por ser a foto da cidade de Feliz, fica fortalecida a impressão de que se trata de um grupo de simpatizantes do nazismo. A então vila de Feliz (antes da sua emancipação de São Sebastião do Caí) era povoada quase exclusivamente por descendentes de alemães e, pela década de 1940 haviam na colônia alemã muitos simpatizantes do nazismo, movimento político que tinha a suástica como símbolo.
Mas parece que não é o caso. A Gasolina Energina, que tinha a cruz suástica como seu símbolo, era um produto da empresa Standart Oil Company of Brazil, primeira multinacional do petróleo a estabelecer-se no Brasil. Origem da atual Esso Brasileira de Petróleo. Em 1914 a gasolina Energina já era comercializada no país. A suástica passou a ser utilizada pelos nazistas alemães em 1920, depois portanto, da Standart Oil. Isso não quer dizer, no entanto, que os nazistas tenham plagiado a companhia distribuidora de combustíveis. A suástica é um símbolo muito mais antigo, sendo encontrado em muitas culturas espalhadas pelo mundo.
Não se sabe quem são essas pessoas e o que elas faziam em torno da bomba.  Talvez sejam funcionários da Standart Oil no dia da inauguração de um novo ponto de revenda do seu produto. Ou, quem sabe,  sejam mesmo pessoas da localidade que simpatizavam com o nazismo e tiraram essa foto para manifestar seu sentimento.
Note-se que a simpatia pelo nazismo era natural e até predominante entre os descendentes de alemães que viviam no Vale do Caí. Hitler era admirado, visto como grande líder alemão, que estava promovendo o progresso do seu país. Antes da segunda guerra, iniciada em 1939, muitos descendentes de germânicos eram simpatizantes do nazismo e mesmo durante a guerra, a maioria dos descendentes de alemães, no Vale do Caí, mantinham essa simpatia.
Só depois da guerra, terminada em 1945 com a derrota dos alemães, foi possível ter uma ideia das atrocidades cometidas pelos nazistas e as pessoas passaram a ver esse movimento político como algo pernicioso.
O prédio que aparece atrás da bomba assemelha-se ao casarão dos Noll, que ainda existe no centro da cidade de Feliz, na avenida Voluntários da Pátria, entre o prédio da antiga rodoviária e os da antiga cervejaria Antarctica. Na plaquinha existente no prédio se lê a palavra Clínica, indicando que ali algum médico exercia o seu ofício.

Foto do acervo de Romélio Oliveira

Um comentário:

  1. registro fotográfico é uma evidência. "aparência" de não ser o caso por esse ou aquele "achado" é mera opinião. entre a evidência e o pano quente, façam suas apostas.

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