sábado, 27 de abril de 2013

1928 - Zanatta: um grande coração

Zanatta: um grande coração
Difícil é escrever sério sobre uma pessoa que levava a vida na brincadeira. Impossível não se lembrar de André Zanatta sem contar alguma de suas muitas histórias. Dizer que ele era debochado seria incorrer em erro. Inconsequente, também não era. Inoportuno, igualmente não. André Zanatta era, simplesmente, André Zanatta.
Bem recordam os amigos que o Zanatta não aceitava ser chamado de gordo. Era um homem compacto, tendo todas as qualidades em pouca altura. “Tu acha que eu sou gordo? Tu tá é enganado. Eu sou é baixinho. Meu problema é altura. Se eu tivesse 4 metros e dez, estaria com o peso ideal”, dizia, solenemente.
Durante o dia de ontem, incontáveis histórias do Zanatta vieram à mente. Todas as elas muito engraçadas. Não havia uma jornada esportiva da Vale Feliz FM que ele não aprontava. Sempre tinha uma piada para fazer. Era um gozador nato. E, como bom piadista que era, gozava de si próprio, fazendo ter ainda mais graça o que contava.
Quem o tinha como amigo tinha um “amigo de peso” em todos os sentidos. Botava a boca no mundo, berrava, esperneava e dizia aos quatro ventos o que achava certo. Não era de mandar recado. Amado pelos bons e odiado pelos maus, André era uma figura impagável. Impossível falar dele sem escancarar uma gargalhada. O Zanatta ocupava muito espaço, fosse ao vivo e a cores, ou pelas ondas da rádio América. Sua coluna no Fato Novo, bem, deixa pra lá... os textos dele falavam muito mais do que estava escrito. Era o mestre das entrelinhas.
Roliço feito bola, pedia, caridosamente, aos jogadores que tivessem cuidado: “Por favor não me chutem. Este da cadeira sou eu. A outra redonda é a bola”, sacaneava Zanatta. Na hora de sair correndo atrás de um atleta que pretendia entrevistar, com passos bem curtos, ofegante, ele dizia: “Do jeito que correm, acho que vou rolando pra chegar mais ligeiro”. Depois dava uma gargalhada gostosa e fazia a entrevista com os jogadores.
Bom de garfo e bom de papo, Zanatta estava sempre na boa. Onde houvesse uma festa na região era grande a possibilidade de encontrar o Zanatta. Era um batalhador. Não tinha medo de cara feia. Fazia as entrevistas e seguia a vida, claro que sempre dando uma beliscada em um churrasco aqui outro acolá.
Mas o Zanatta se foi, de maneira totalmente diferente da que viveu. Partiu discreto. Na calada da noite. A noite que ele tanto amava o levou para todo o sempre. Mas levou apenas o espaçoso corpo do Zanattinha. As histórias dele, enquanto houver algum de seus muitos amigos vivo, se manterão perambulando pelos corredores e pelos microfones. Do céu não mais ouviremos trovões, mas gargalhadas. Afinal, os anjos agora têm um mestre do humor em seu meio.
Zanatta era um gigante com pouco mais de um metro e meio de altura. 
Texto de Alex Steffen para o jornal Fato Novo
Foto do acervo de Guilherme Schaurich Baptista

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