Zanatta: um grande coração |
Bem recordam
os amigos que o Zanatta não aceitava ser chamado de gordo. Era um homem
compacto, tendo todas as qualidades em pouca altura. “Tu acha que eu sou gordo?
Tu tá é enganado. Eu sou é baixinho. Meu problema é altura. Se eu tivesse 4
metros e dez, estaria com o peso ideal”, dizia,
solenemente.
Durante o dia
de ontem, incontáveis histórias do Zanatta vieram à mente. Todas as elas muito
engraçadas. Não havia uma jornada esportiva da Vale Feliz FM que ele não
aprontava. Sempre tinha uma piada para fazer. Era um gozador nato. E, como bom
piadista que era, gozava de si próprio, fazendo ter ainda mais graça o que
contava.
Quem o tinha
como amigo tinha um “amigo de peso” em todos os sentidos. Botava a boca no
mundo, berrava, esperneava e dizia aos quatro ventos o que achava certo. Não era
de mandar recado. Amado pelos bons e odiado pelos maus, André era uma figura
impagável. Impossível falar dele sem escancarar uma gargalhada. O Zanatta
ocupava muito espaço, fosse ao vivo e a cores, ou pelas ondas da rádio América.
Sua coluna no Fato Novo, bem, deixa pra lá... os textos dele falavam muito mais
do que estava escrito. Era o mestre das entrelinhas.
Roliço feito
bola, pedia, caridosamente, aos jogadores que tivessem cuidado: “Por favor não
me chutem. Este da cadeira sou eu. A outra redonda é a bola”, sacaneava Zanatta.
Na hora de sair correndo atrás de um atleta que pretendia entrevistar, com
passos bem curtos, ofegante, ele dizia: “Do jeito que correm, acho que vou
rolando pra chegar mais ligeiro”. Depois dava uma gargalhada gostosa e fazia a
entrevista com os jogadores.
Bom de garfo
e bom de papo, Zanatta estava sempre na boa. Onde houvesse uma festa na região
era grande a possibilidade de encontrar o Zanatta. Era um batalhador. Não tinha
medo de cara feia. Fazia as entrevistas e seguia a vida, claro que sempre dando
uma beliscada em um churrasco aqui outro acolá.
Mas o Zanatta
se foi, de maneira totalmente diferente da que viveu. Partiu discreto. Na calada
da noite. A noite que ele tanto amava o levou para todo o sempre. Mas levou
apenas o espaçoso corpo do Zanattinha. As histórias dele, enquanto houver algum
de seus muitos amigos vivo, se manterão perambulando pelos corredores e pelos
microfones. Do céu não mais ouviremos trovões, mas gargalhadas. Afinal, os anjos
agora têm um mestre do humor em seu meio.
Zanatta era
um gigante com pouco mais de um metro e meio de altura.
Texto de Alex Steffen para o jornal Fato Novo
Foto do acervo de Guilherme Schaurich Baptista
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